Não se trata do filme baseado no livro A caminho de Oregon, de A. B. Guthrie Jr., que retrata a saga do desbravamento do oeste americano através da história do trem que vai para Oregon Trail em 1843, mas cabe uma analogia.
A riqueza brasileira está, segundo estudo sobre o PIB dos municípios divulgado dia 10 de dezembro de 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, pouco a pouco saindo dos grandes centros urbanos e migrando para as cidades médias.
O estudo ainda mostra que as cinco maiores cidades de cada Estado, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais são os que possuem as menores concentrações espaciais de renda, com 35,5%, 36% e 36,7%, respectivamente. Ou seja, as cidades médias dependem menos das capitais.
E isso se reflete no tipo de ocupação do solo que começa a surgir nas cidades do Centro-Oeste de Minas Gerais, antes percebido mais precisamente nas capitais: os condomínios fechados.
E essa crescente implantação de loteamentos fechados em cidades de diferentes tamanhos coloca em questão a lógica de estruturação de seus espaços urbanos. No processo de urbanização brasileiro, a distribuição espacial da população acabou refletindo a distribuição das alternativas de acesso à cidade vinculada à moradia e aos produtos imobiliários a ela relacionados, acessíveis à população, segundo a faixa de renda. Isso fez com que uma parte da sociedade, nesse caso os grupos de renda média e alta, buscasse soluções específicas de acesso à cidade.
Na região de Divinópolis e Nova Serrana, estes grupos estão ocupando um crescente número de loteamentos fechados, misto de residência e de casa de campo, aprazíveis espaços, característicos de um tipo privilegiado de crescimento da cidade.
O padrão de urbanização brasileiro imprimiu às metrópoles pelo menos duas fortes características associadas ao modo predominante de “fazer cidade”: apresentam componentes de “insustentabilidade” vinculados aos processos de expansão e transformação urbana e proporcionam baixa qualidade de vida a parcelas significativas da população.
E com o desenvolvimento econômico das médias cidades, esse fenômeno urbanístico começa a aparecer nessas cidades do centro-oeste mineiro.
Os efeitos da rápida expansão e globalização dos modernos empreendimentos imobiliários que delimitam privativamente o espaço urbano, e que se caracterizam por dispor de serviços e equipamentos coletivos geridos de modo privado, com restrição de acesso que, via de regra, é controlado e delimitado por valas, muros ou outros elementos restritivos à circulação e acesso. As características desse modelo residencial correspondem de fato àquelas tendências mais gerais que caracterizam hoje o fenômeno urbano: a privatização, a fragmentação urbana e o parque-temático ou produção de espaços de simulação.
Contudo, a percepção de que os problemas ambientais e sociais são interligados tem aumentado, gerando a necessidade do resgate de uma abordagem holística da questão.
nota
NE
Esse texto é produto de projeto de iniciação científica e foi apresentado no evento “Onda Universitária” (http://www.unipacbomdespacho.com.br/v2/Projetos/OndaCientifica) no primeiro semestre de 2010 na UNIPAC Bom Despacho. Teve como orientador o professor Marco Antonio Borges Netto e os orientandos acadêmicos Magno Horácio e Aline Santos.
sobre os autores
Marco Antonio Borges Netto, urbanista, bacharel em Direito e professor do curso de arquitetura e urbanismo – UNIPAC Bom Despacho/Minas Gerais.
Renata Filippetto, arquiteta urbanista e coordenadora do curso de arquitetura e urbanismo – UNIPAC Bom Despacho/Minas Gerais.