Roumen Koynov que fala essencialmente de lugares e povos onde o mar tangencia suas vidas, com suas cores, dores, luzes, sombras, caminhos, mistérios, amargura, esperança...
Roumen Koynov é um artista que nos remete a perceber uma interligação permanente entre povo e mar. Esse mundo nos é revelado sob a tessitura de um pacto, que nos permite ver ainda através de fragmentos; uma troca de pedaços de existência entre o viver entre a terra e o mar. Revela lugares onde se operam os ocultos e visíveis, luzes e sombras; de onde nascem lentamente cinzas, brancos e suavemente pretos. Espaços entre os humanos e o mar em suas múltiplas relações.
Uma obra que avança para tocar no mais íntimo do humano, seu cotidiano revelado em um tempo que não se faz pelas voltas de um ponteiro no relógio, mas que é determinado pelas marés, ventos, estações e pescarias onde o mundo do trabalho é regido pela imensidão da água, onde diariamente se requer desses homens e mulheres: esforço, sacrifício e talvez heroísmo, pois o mar os presenteia a vida em seus cardumes e frutos, mas também lhe tiram noites de sono, e lhes metem medo, o medo da rede vazia, da pobreza...
São essas as cores do viver à beira mar, baseadas fundamentalmente na pesca. Essas comunidades vivem a sorte de um mar cada vez mais degradado e ameaçado em sua integridade ecológica. Estas cores trágicas se misturam com um modo de vida também ameaçado pelo avanço do turismo de massa, onde lugares cotidianos ainda são construídos de humanos que se aventuram a comungar uns com os outros sem esquecer a beleza, a fruição e o lúdico, entre brincadeiras nas dunas, coqueirais, danças e estórias contadas e vividas.
nota
NE
Texto curatorial da exposição de fotografias Minha terra é o mar, de Roumen Koynov, curadoria de Soraya Vanini. Caixa Cultural São Paulo, de 10 de março a 6 de maio de 2012.
sobre a autora
Soraya Vanini é curadora da exposição.