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drops ISSN 2175-6716

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Morto aos 75 anos de idade, o jornalista José Wolf fundou a revista “AU - Arquitetura e Urbanismo" e dedicou parte grande de sua carreira à divulgação da arquitetura

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PINI, Mário Sérgio. José Wolf. Um artista de seu tempo. Drops, São Paulo, ano 13, n. 064.02, Vitruvius, jan. 2013 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.064/4598>.


José Wolf
Foto Oliveira Júnior [Blog ArqPB]


José Wolf, jornalista fundador da revista AU Arquitetura e Urbanismo, nascido em Salto SP, faleceu no último dia 23 de novembro, aos 75 anos, recém completados no dia 14, por problemas cardíacos que tiveram início no ano passado. Dedicou 27 anos de sua vida profissional à difusão da arquitetura, como fato cultural. Foi seminarista da Arquidiocese de São Paulo. Trabalhou no Jornal do Brasil, sob liderança de Fernando Gabeira, na Folha de São Paulo e na Editora Pini, no período, entre 1976 e 2002.

As 15 primeiras edições da AU, a partir de 1985, foram publicadas, com o benefício de sua direção editorial, fundamentada por sólida cultura, domínio técnico e sabedoria. Comentava que a Folha apostara nas Diretas-Já e que a AU deveria apostar na Nova República e na redemocratização do país. Essas edições da AU foram produzidas, tendo como pano de fundo esse processo histórico, inovando a comunicação da arquitetura e dos assuntos de interesse da profissão.

A AU convidava artistas e arquitetos, Sérgio Ferro, José Rezende, Carlos Fajardo e tantos outros, para o desenho de suas capas, com as charges de Roberto Negreiros, fechando cada edição. A AU era bimestral e, segundo Wolf, não poderia ser dominantemente factual, deveria explicar, analisar em profundidade seus objetos de pauta. Nesse ponto de origem, estava definida a natureza, a alma da revista. Foram temas notáveis, Brasília 25 anos / Ano zero, Habitação, Cidades do Futuro, Ensino, Tecnologia, Amazônia, Patrimônio Cultural, Lazer, Corbusier, Niemeyer. Foi por meio da AU que o pensamento e as obras dos mestres de nossa arquitetura foram reinseridos nos contextos dos debates profissionais e da Universidade. A AU abriu espaço para entrevistas memoráveis, com Artigas, Niemeyer, Lucio Costa, que, depois de anos de silêncio, retomou seu contato com a imprensa, Paulo Mendes da Rocha, Luiz Carlos Prestes, Fernando Henrique Cardoso. A AU nasceu internacional, com sua atenção voltada para produções originárias da América Latina, EUA, Europa, Japão. As páginas traziam, além das obras de arquitetos de todo o país, obras recentes e inovadoras de mestres internacionais e personalidades do mundo da Cultura.

Wolf escrevera sobre cinema, essa experiência certamente lhe valeu tratar as edições da AU, como se fossem roteiros cinematográficos, espacializando-as, estabelecendo interligações não óbvias dos seus conteúdos. O espaço editorial tinha andamento, ritmo, relevo, em oposição ao que se fazia comumente e mais fácil de fazer... Era implacável com o valor do repórter e o sentido da reportagem, exigindo a presença dos jornalistas, junto aos protagonistas dos acontecimentos.

Wolf liderou uma transformação ainda hoje pouco percebida. Com a AU a Pini deixa para trás o emblema de “editora de revista de preços”, para se tornar uma editora premiada no Brasil e no exterior, pela produção da mais inovadora e apreciada revista de arquitetura do país.

Com pouco ou nenhum trabalho, Wolf não teve vida fácil nos seus últimos anos, mas não lhe faltaram amigos dispostos a recebê-lo e não raro a prestar-lhe alguma forma de reconhecimento.

Wolf foi cronista de seu tempo. A periferia de São Paulo, a Cracolândia foram seus temas recorrentes, sustentados pela vida de seus personagens, fundindo fotografia, cinema e literatura a um só tempo, criando atmosferas de Scorcese e Scott, tão dramáticas e contundentes, a ponto de emocionar. Escreveu sobre a sua crucial experiência na UTI de um Pronto Socorro da rede pública, quando de seu primeiro acidente cardíaco, em setembro de 2011, questionando-se: “Meu Deus o que fazer e mudar nesse tempo de prorrogação que Você me concedeu?“ Reconhecido por suas realizações, seus ensinamentos e tantos amigos que cultivou, a medida de sua permanência, entre nós, deixa de ser temporal.

Tenho certeza de que vou contrariá-lo, mas ouso afirmar e concluir que José Wolf foi um artista de seu tempo.

sobre o autor

Mário Sérgio Pini é arquiteto e editor da Pini.

 

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