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drops ISSN 2175-6716

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Bárbara Bergold, oradora da turma de formandos da UniRitter, comenta as responsabilidades dos arquitetos a partir da obra de Lina Bo Bardi, e defende que o arquiteto deve ter a consciência de que cada projeto é um pedaço da cidade.

how to quote

BERGOLD, Bárbara. Projetando edifícios, construindo vidas. Drops, São Paulo, ano 16, n. 097.08, Vitruvius, out. 2015 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/16.097/5781>.


Ao ter o privilégio e ao mesmo tempo a responsabilidade de ser a oradora da turma, inicio este discurso explanando a respeito de arquitetura e o que é este ser tão curioso, chamado arquiteto, que somos à partir de hoje, meus queridos colegas! E também, a necessidade de relatar um pouco a respeito de nosso convívio durante estes anos, junto a mestres e amigos. Lembrando neste momento tão marcante para nós, que nossa inspiração advém da paixão e que ao tê-la como nossa aliada, obtivemos maior aptidão para trabalhar, criar, escrever e relacionar se. Desse modo, para escrever, me inspirei no nosso fascínio pela Arquitetura, pela História; Pelo eterno Idealismo e Utopia que sempre tivemos para que nossa sociedade fosse construída de uma maneira coletiva e estruturada. Inspirei-me em todos os ensinamentos que nos tornaram hoje grandes apaixonados pelo que escolhemos.

A arquitetura criada pela necessidade de abrigo do homem, sempre esteve presente na história da humanidade. Sendo ela o reflexo de sua sociedade, fôra um meio utilizado para mudanças de paradigmas de cunho social e ideológico. Presente também através de manifestações artísticas e culturais, bem como sistemas ou técnicas de construção. Tal é a profundidade e riqueza em ser um arquiteto! Muito mais que construir edifícios e manipular formas, trabalhamos com a construção de relações, de sonhos e atendemos anseios; Construímos conceitos, civilizações e ditamos o futuro; através da produção, construção e formulação de nossas cidades, sendo elas determinantes no desenvolvimento dos países do mundo.

Somos arquitetos, vivemos de memória e prospectamos futuro. Nossa munição está na arte das ciências humanas, exatas e sociais; Transitamos entre a pratica e o conceito, entre a fantasia  e a realidade; Projetamos tanto aquilo que está ao alcance dos olhos como aquilo que ninguém vê; Captamos o cotidiano e através da subjetividade lançamo-lo através de edifícios.

Como exemplo podemos citar o Museu de Arte de São Paulo, o Masp, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, modelo de um “edifício-acontecimento”, pois este ícone assumiu importância especial por conjugar a qualidade de sua arquitetura com o papel social do tema proposto. O mesmo foi concebido como um centro irradiador de modernização cultural e produtiva, exatamente num momento de aceleração do desenvolvimento industrial e urbano no Brasil. Segundo Gèrard Monnier: “uma obra que extrapola seus fins ordinários e se torna peça relevante para além do contexto arquitetônico e urbanístico, incorporando significados diversos à memória coletiva” (1).

A arquitetura se propõe à leitura do momento social e político, articulando esta percepção através de projetos e formas. Conforme dados do IBGE do ano de 2010, 84% dos 190 milhões de brasileiros vivem em áreas urbanas:

“Me arrisco a dizer que o futuro do Brasil está baseado no futuro de suas cidades” (2).

Ou seja, a humanidade depende de nós, caros colegas Arquitetos e Urbanistas! Nossa competência como urbanistas nos faz repensar em toda responsabilidade em construir cidades onde nossa sociedade pode se estruturar e viver com qualidade.

De todas as considerações efetuadas até aqui, continuamos nos apoiando em Lina Bo Bardi: “Que se quer significar com o termo Arquitetura? À primeira vista poderia parecer pacífica sua limitação à arte do construir e, num sentido ainda mais restrito, à construção civil; Mas arquitetura é quase implicitamente tudo o que é estrutura e representação, partindo da estrutura mesma das rochas, do esqueleto, da figura infinitesimal do átomo até a aparência das esferas que compõe o sistema planetário. O homem se esforçou, servindo-se dos meios que a própria natureza lhe oferecia, no sentido de modificá-la e organizá-la, criando pouco a pouco arquiteturas, desde a pedra lascada até o satélite interplanetário, da caverna ao arranha-céu, do amuleto à Catedral” (3).

O arquiteto deve ter a consciência de que cada projeto é um pedaço da cidade; devemos pensar sobre a essência das coisas, a função destas, o porquê de cada projeto, cada objeto, cada material. A alma da arquitetura deve seguir através de nós!

Dentro da Universidade tínhamos um cenário o qual nos isentava de muitas responsabilidades e deveres, tínhamos a oportunidade de sonhar e de cogitar uma possível metamorfose nos temas de cunho econômico, político, social e humano. Mas agora que completamos este ciclo e deixamos esta zona de conforto, carregamos dúvidas e anseios de como aplicar tudo o que aprendemos em uma sociedade que – muitas vezes – não reconhece nossas atribuições. Digo que devemos manter firme nossos conhecimentos e implantá-los sem perder nossa dignidade e nosso foco.

Quando iniciamos a graduação, dispúnhamos de muitas incertezas, mas a paixão –mais uma vez- nos incentivou; O suporte da família e amigos, o desejo de concretizar um sonho, a esperança de construir uma sociedade melhor, entre outros... Nos fez seguir e hoje podemos dizer que chegamos vitoriosos.  Desejo que nunca abandonemos esta crença, que ela siga ao lado de cada um incentivando e propiciando o desejo de sermos profissionais cada dia mais engajados, cidadãos mais ativos e humanos mais sonhadores.

Cada um ingressou nesta Universidade de uma maneira, e hoje, estamos saindo com um amadurecimento e uma responsabilidade devido à educação, porém, muito mais que conhecimento adquirido, fôra as amizades cultivadas. Aqueles companheiros que dividiram conosco ansiedades e noites mal dormidas, inclusive, as inúmeras não dormidas. Aqueles únicos que entendiam o sufoco que passávamos perante uma pré entrega de projeto.Mas nem só de sufocos vivemos; Demos boas risadas, inclusive risadas de nosso próprio nervosismo perante as tarefas a serem realizadas.Cada formando aqui representa uma realidade e uma vitória, e que bom, que estamos hoje comemorando juntos a conquista acadêmica, mas também a afetiva! Legado de amizade que iremos levar para nossas vidas.

Cercados de colegas de profissão, mestres, amigos, pais e familiares, esperamos desta noite memorável, um evento de comemoração e de renovação, queremos junto a vocês celebrar o encerramento de uma grande etapa cumprida em nossas vidas. Mais uma vez, obrigada a Deus, Referencial maior, e obrigada a todos vocês!

notas

NE – O texto foi proferido pela autora, na condição de oradora da turma, na solenidade de formatura do curso de arquitetura na UniRitter.

1
Ideias proferidas pelo professor Gèrard  Monnier em conferência ocorrida em agosto de 2005 no IFCH-Unicamp e FAU-USP. Apud MIYOSHI, Alex. O edifício do MASP como sujeito de estudo. Arquitextos, São Paulo, ano 07, n. 084.02, Vitruvius, maio 2007 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.084/245>.

2
Ministro da Cultura Gilberto Gil, em discurso no encontro dos Secretários de Cultura em São Paulo, em 30 de outubro de 2003. Disponível em <www.cultura.gov.br/discursos/-/asset_publisher/DmSRak0YtQfY/content/discurso-do-ministro-gilberto-gil-no-encontro-dos-secretarios-de-cultura-35839/10883>.

3
BARDI, Lina Bo. Contribuição propedêutica ao ensino da teoria da arquitetura. São Paulo, Masp, 1957. Disponível em <www.institutobardi.com.br>.

sobre a autora

Bárbara Bergold é arquiteta graduada na UniRitter, Porto Alegre, no primeiro semestre 2015.

 

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