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drops ISSN 2175-6716

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Para Carlos Martins, se objetivo era o de colocar um bode na sala, tão ou mais eficiente que a pandemia, para desviar a atenção da “boiada” do desmonte total do Estado brasileiro, não há como negar que foi muito bem-sucedido.

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MARTINS, Carlos A. Ferreira. O bode e as joias da coroa. Drops, São Paulo, ano 22, n. 168.09, Vitruvius, set. 2021 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/21.168/8282>.


Demolição da torre esquerda da igreja paroquial de St. Lambertus, em Immerath, Alemanha, 9 de janeiro de 2018
Foto Superbass [Wikimedia Commons]


A velha sabedoria do futebol diz que ninguém toma de 7x1 exclusivamente porque o juiz é ladrão. Ainda que seja bom lembrar, em terra de desmemoriados crônicos ou interessados, que o(s) juiz(es) roubou(aram) e muito.

Em 2016, roubaram a possibilidade de Dilma incorporar ao seu ministério alguém competente o bastante na articulação política para impedir seu impeachment. No mínimo isso teria evitado aquele lance da proverbial sabedoria política da presidenta que entregou... a Michel Temer... a articulação política de “seu” governo.

Em 2018 roubaram ostensivamente o direito da maioria do eleitorado brasileiro votar em seu candidato preferido, por meio de um conluio vergonhoso escancarado mais tarde pelo vazamento das comunicações “íntimas” da organização criminosa internacional intitulada Lava Jato.

Não satisfeitos, roubaram do professor que substituiu o favorito nas eleições o direito de dizer na televisão que o candidato que homenageava torturadores... homenageava a tortura. Aquela, concreta e brutal, que havia enlutado centenas de famílias nos anos da ditadura que não houve.

Depois, os juízes continuaram roubando durante boa parte do mandato do chefe da familícia, privando-nos da aplicação da assim chamada justiça frente aos escancarados e sucessivos crimes do núcleo familiar e sua orcrim.

Se o objetivo desse roubo continuado, que teve muitos e poderosos cumplices (ou mandantes?) fora do aparato judiciário, era o de colocar um bode na sala, tão ou mais eficiente que a pandemia, para desviar a atenção da “boiada” do desmonte total do Estado brasileiro, não há como negar que foi muito bem-sucedido.

E segue sendo. Continuamos gastando imensa energia anímica em discutir o suposto vexame da trupe de saltimbancos na capital do império. Há que reconhecer que o roteiro é competente: único chefe de estado (no nosso caso em minúsculas mesmo) sem máscara e sem vacina; ministro da Saúde que mostra o dedo do meio enquanto contamina delegações várias; horas e horas da grande mídia explicando didaticamente todas as mentiras do presidente etc.

E a audiência responde alegremente com torrentes de memes, textinhos e textões, saboreando essa curiosa espécie de vingança impotente que é rir do algoz e suas atrocidades. Esquecendo que os donos do país, limpinhos cheirosos – poderes fácticos, na formulação eufemística dos cientistas sociais – colocaram o bode escroto no meio da sala para catalisar tanto a adesão cega dos broncos quanto o ódio, às vezes não menos cego, dos democratas de “boa fé”.

Enquanto isso, a boiada segue em ritmo acelerado. CLT já foi, Previdência já foi, Petrobrás já foi, Eletrobrás a caminho, edital do 5G deixando de fora os chineses para atender o império e agora a joia da coroa. O desmonte final do Estado brasileiro atendendo pelo código de PEC 32 ou pela marca fantasia de “reforma administrativa” acaba de ser aprovada pela Comissão Especial e está pronto para ir a plenário.

Resta saber a nova pantomima que a trupe palaciana apresentará para nos distrair na votação desse golpe final na população brasileira. Resta também saber se o bode aceitará sair da sala se e quando os donos do país acharem que ele deixou de ser operacional. Ou se, face ao perigo da volta de Lula, acabarão por concluir que, em lugar de ceder alguns poucos anéis, é melhor deixar o bode na sala.

sobre o autor

Carlos Ferreira Martins é professor titular do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos.

 

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