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interview ISSN 2175-6708

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Ole Bouman, editor chefe da Archis, uma revista de cultura visual, da cidade e da arquitetura e autor de diversos livros, opina sobre a arquitetura contemporânea

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BALTAZAR, Ana Paula. Ole Bouman. Entrevista, São Paulo, ano 03, n. 009.01, Vitruvius, jan. 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/03.009/3343>.


Capas da revista Archis

Ole Bouman, editor da revista Archis
Ana Paula Baltazar

Cada vez mais a arquitetura vem sendo trabalhada e discutida como prática e meio culturais. Uma das manifestações internacionais mais bem sucedidas dessa tendência arquitetônica é a discussão fomentada pela revista Archis, que tem Ole Bouman como chefe editor. Apesar da revista ser holandesa, o caráter internacional das questões abordadas é indiscutível, o que se deve ao fato da arquitetura e política urbana holandesa despertar interesse mundial. Até o ano 2000 Archis era publicada pelo NAi (Instituto dos Arquitetos da Holanda), e apesar de sempre trazer discussões de relevância internacional, era uma publicação em Holandês acompanhada de uma secundária tradução para o inglês. A partir do início de 2001 Archis passou a ser publicada pela Artimo e a versão em inglês deixou de ser uma atividade lateral tornando-se um produto independente e assumidamente abrangendo questões mais genéricas, além das questões nacionais. Segundo a revista Doors of Perception (www.doorsofperception.com) a nova Archis, que vem sendo publicada já há um ano, mais que dobrou a circulação, e a distribuição da versão em inglês está sendo um sucesso, multiplicando o número de leitores.

O que diferencia Archis das demais publicações é seu caráter flexível e experimental. A maioria das editoras financia projetos que tenham um público alvo bem definido, garantindo assim o sucesso de venda da publicação. No caso da Archis não existe um público pré-definido nos moldes tradicionais, ou seja, o leitor da revista é aquele incomodado com o rumo do espaço onde vive, é aquele interessado em saber o que está acontecendo com seu espaço, é um público em movimento, em transformação. A fórmula do sucesso da Archis parece ser manter a simplicidade, a flexibilidade e experimentar. Não às entrevistas com celebridades, não à elevação dos edifícios a objetos de desejo, não às imagens intimidantes, não à diagramação tradicional. Ole Bouman considera uma sorte o fato da editora da Archis – a Artimo – estar interessada em novas práticas culturais e principalmente interessada em atingir um público flexível.

A flexibilidade da revista permeia tanto sua forma quanto seu conteúdo. Os temas propostos e discutidos são sempre desafiadores, abordados de uma maneira crítica visando uma abrangência contextual mais ampla. Segundo Ole Bouman, eles não estão preocupados com os edifícios propriamente ditos, mas com os edifícios como parte de uma escala muito maior. Ole Bouman considera como missão da Archis identificar os tópicos que outras publicações de arquitetura não abordam, o que está acontecendo com o processo de projeto e construção aqui e agora e suas implicações culturais.

Uma das provocações sócio-culturais da revista, tanto a nível de forma quanto de conteúdo, pode ser vista no volume 4, dedicado a educação arquitetônica, pela publicação de páginas com slogans que podem ser silkados em camiseta. Um dos slogans era relacionado à exploração dos estudantes como mão-de-obra barata pelos escritórios, e lia-se: "I am a super talented young intern/slave" (eu sou um jovem estagiário/escravo super talentoso). Outro slogan dizia: "I am busy making my / his name" (eu estou ocupado fazendo meu / nome dele). Através de provocações bem humoradas e artigos curtos e muito ricos, Archis vem conquistando cada vez mais seu lugar como uma das raras publicações de arquitetura realmente flexível e dinâmica em sua significação. Meu interesse no trabalho de Ole Bouman deve-se fundamentalmente à flexibilidade e dinâmica que podem ser experienciadas no formato da Archis, podem ser percebidas em seu conteúdo, e, principalmente, são assumidas como característica do leitor, que não é considerado um leitor padrão, passivo, mas um sujeito inserido culturalmente e por isso sempre em movimento, transformando e sendo transformado constantemente.

Designs de Oumou Sy, Dakar. Archis Dezembro 2000

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