Entrevista com Ronaldo Costa Couto
Antônio Agenor de Melo Barbosa
Se há um substantivo capaz de resumir a personalidade do mineiro Ronaldo Costa Couto, creio que é a multiplicidade. Somente um homem de múltiplos interesses, habilidades e competências seria capaz de passar tanto tempo "no olho do furacão" – como ele mesmo afirmou na entrevista – em áreas tão distintas como o jornalismo, a economia, o magistério e, principalmente, a política. Com relação a esta última atividade, certamente as suas passagens por governos estaduais no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, o levaram a alçar vôos mais altos e também mais complexos, como quando exerceu o cargo de Governador de Brasília e também de Ministro de Estado nos turbulentos anos 80, no auge do processo de transição do regime militar para a democracia. Foi neste momento, segundo nos contou, que ele mais serviu ao Brasil e muito se empenhou no processo de consolidação da democracia, após a morte de Tancredo Neves (em 1985), durante o governo de José Sarney na Presidência da República.
Não fossem tantas e tão importantes as suas atividades na política brasileira nos últimos 30 anos, Ronaldo Costa Couto – Doutor em História Contemporânea pela Universidade de Paris, Sorbonne – ainda dedica-se aos ofícios de pesquisador e escritor. Mal acabou de publicar o seu excelente Brasília Kubitschek de Oliveira - livro em que narra a aventura da construção de Brasília, no ano do centenário de seu criador: Presidente Juscelino Kubitschek –, já está imerso em outra interessante pesquisa que versa sobre a saga da família Matarazzo, sobrenome da mais ilustre e importante família de imigrantes italianos que veio para o Brasil em finais do século XIX. Lá da Itália, na pequena Villa de Castellabate, berço dos Matarazzo, todos sabiam que o Conde Francesco Matarazzo era o homem mais rico da América do Sul. Só nos resta, portanto, esperar o que Costa Couto nos reserva sobre este seu novo livro.
Por ora, temos nesta pequena entrevista, gentilmente concedida para Vitruvius, uma espécie de aula informal sobre a história recente do Brasil (os anos JK, inclusive), pela ótica de um dos seus mais importantes protagonistas e pesquisadores.