Jorge Mario Jáuregui: Quais foram suas principais referências, tanto no nosso continente quanto fora dele, para a formação da sua visão da arquitetura e do urbanismo?
Tomás José Sanabria: Minha formação pode ser resumida em três etapas fundamentais a correspondente aos estudos formais, onde a curiosidade e o interesse nos orientam para o futuro; o período de formação na Universidade, ao qual vejo como um crisol, onde podemos fazer as variadas observações até obter o diploma para poder exercer a profissão; o aprendizado da própria vida. Cada uma destas etapas inclui as tensões e emoções muito particulares.
Durante minha etapa universitária, professores como Walter Gropius, Mies Van der Rohe, Frank Lloyd Wright, Hugh Stubbins, Marcel Breuer, Buckminster Fuller e Le Cobursier influenciaram muito minha formação de arquiteto.
Posteriormente, a admiração e o contato pessoal que desfrutei com amigos como Francis X. Gina, Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx, George Rockrise, I. M. Pei, Laurence Halprin, entre outros, contituiram-se exemplos determinantes na minha atuação tanto no campo da arquitetura como no do desenho urbano. O fato de tê-los conhecido, de poder ter trocado conhecimentos e experiências, foram fatos enriquecedores na minha re-confirmação como profissional perante os problemas da vida, perante as pessoas que confiaram em mim e perante a sociedade venezuelana como um todo.
Cheguei há muitos anos à conclusão de que a arquitetura destituída do desenho urbano não é completa. Preocupa-me que ainda hoje continuemos a pensar em peças arquitetônicas isoladas do seu entorno, como se a cidade fosse uma Galeria de Objetos. Resulta que, com alarmante freqüência, não se atua em prol de manutenção e aperfeiçoamento da cidade. A ignorância e o egoísmo, a cada dia, nos separam mais e mais da obrigação de forjar uma comunidade.
JMJ: Quais são, em sua opinião, os mestres latino-americanos?
TJS: Quando viajamos, damo-nos conta que deixamos muito por ver e que quanto mais o fazemos, menos conhecemos.
Assim, não me sinto capaz de nomear mestres da arquitetura latino-americana pois são muitos os arquitetos pelos quais tenho admiração no Novo Continente, além de considerar que é muito pouco o que, lamentavelmente, conheço de suas personalidades. Daí o meu cuidado em não omitir a muitos mestres que ainda não conheço.