Jorge Mario Jáuregui: Como definiria a “casa venezuelana”, se é que existe alguma coisa que pudéssemos denominar desta maneira?
Tomás José Sanabria: Trata-se de um tema complexo que dificilmente se pode resumir. A casa venezuelana representou uma solução ao problema habitacional, funcionou como moradia estável por excelência até que perdeu seu encanto com a presença do automóvel, até se converter num dos mais críticos e desajustados problemas sociais dos nossos dias.
Entre trauma universal fez com que a casa perdesse sua simpática função social. Como vivi o momento anterior, posso afirmar que ele tem sido um motivo de inspiração positiva em muitas das minhas obras.
JMJ: A calçada certamente é um sério problema na cidade de Caracas. Como o senhor pensa que ela deveria ser tratada?
TJS: É verdade que a situação a que temos deixado chegar um elemento urbano tão determinante como é a calçada, é um sintoma do caos no qual vivemos nós, os caraguenhos. No curso de Mestrado de Desenho Urbano da Universidade Metropolitana temos tentado responder a uma proposição minha, justamente sobre este assunto: “o que é uma calçada?”.
A iniciativa que tenho proposto é convocar vários grupos e profissionais – sociólogos, psicólogos, urbanistas, arquitetos e outros profissionais representativos da sociedade de Caracas. O objetivo é definir a calçada para este conglomerado de milhões de habitantes, tentando reverter a desordem que nos vem caracterizando por demasiado tempo.
JMJ: Em quais direções acredita que deveria se investir tempo, esforços e recursos no campo da pesquisa nas áreas da Arquitetura e do Urbanismo no Novo Continente?
TJS: O problema mais grave que enfrentamos nas novas cidades (em toda América Latina) é o do “Urbe Oportunismo” – parcelamentos irregulares, zonas de invasão, favelas, etc. Até que possamos de fato enfrentar esta realidade, não poderemos dormir tranqüilos, pois dia após dia a situação piora. É a prioridade por excelência, trata-se de uma situação produto do desinteresse, de não nos termos dado conta de sua complexidade.