Jorge Mario Jáuregui: Na sua condição de arquiteto-viajante, quais são os estímulos mais instigantes recebidos nessas inumeráveis viagens pela superfície do planeta?
Tomás José Sanabria: Desde muito jovem tem-me atraído a observação de tudo. Sou curioso por natureza e desde cedo me dei conta da enorme diferença que existe entre o instantâneo de uma foto e o poder de exame e análise que representa um croqui, um “sketch”.
A fotografia pode deformar um ambiente, dependendo da intenção do fotógrafo, e a gente sempre terá que aceitá-la como tal. Um croqui, pelo contrário, permite alterar situações e entender melhor o espaço observado, o fato de nos movimentarmos uns centímetros, escutar ruídos e mudanças de tonalidade de lugar, e isto faz uma imensa diferença.
Tenho tido a sorte de poder organizar a minha vida onde a viagem pelo mundo é um elemento fundamental. Como arquiteto sinto uma contínua preocupação pelo ambiente onde vivo e verifico que não fazemos o possível para nos superar, apesar de contarmos com incríveis recursos.
Viajo para me oxigenar, mas infelizmente o que tenho encontrado nesta última década é uma triste realidade. Longe de desfrutar como o esperado, tenho tido profundos desencantos. As exuberantes soluções que enchem os espaços urbanos das grandes cidades do primeiro mundo são de grande superficialidade, um contraste lamentável entre o ideal e o prático. Ao contrário, é muito estimulante e admirável como outras disciplinas técnico-sociais – comunicação, transporte e técnica construtiva – têm conseguido melhorar as situações urbanas.