Stefano Ferracini: As tuas obras construídas demonstram uma forte ligação com os conceitos chaves do movimento moderno, mas também são legíveis influências de obras contemporâneas da Espanha e sobretudo de Portugal. Talvez nestes países se tenha conseguido reformular pontos de partida iguais com a diferença de que hoje em dia se encontram respostas “modernas” mais apropriadas e coerentes com o nosso tempo?
Camillo Botticini: Num processo de analise mais amplo, europeu, Espanha e Portugal fazem parte de contextos locais específicos. Ambas estas situações constituem um singular caso de desenvolvimento “em atraso” em relação a outras regiões européias, uma síntese eficaz da tradição do moderno, com uma sensibilidade as questões urbanas italianas definidas por Gregotti e Rossi mas, nos casos “ibéricos”, depuradas das cenografia pós-modernas.
Com estes pressupostos soma-se a capacidade de construir, fato em que a Itália se encontra praticamente ao lado das questões. Acho normal encontrar neste panorama um ponto de partida para fundar um pensamento teórico-prático. Também é uma maneira de reagir à inércia do papel italiano na arquitetura contemporânea.
SF: O papel da escola neste mecanismo ajuda a criar pontos de referências, ou pelo contrário incrementa as incertezas…
CB: O sistema de ensino hoje é incapaz de criar uma relação entre pensamento e prática, este é um fato por um lado causado para razões materiais, como o elevado número de estudantes, a falta de espaço, etc., mas também por questões ideológicas e mais graves: os professores de projeto encontram inclinados a pensar o projeto em abstrato, sem considerar a complexidade que uma obra tem desde projeto no papel até à fase final da obra. Muitas vezes encontra-se presente uma recusa “intelectual” que considera o fato de construir como “meramente” profissional.