Stefano Ferracini: Como concretizas o teu trabalho, com a forte concorrência e os vínculos da burocracia italiana?
Camillo Botticini: Os vínculos nunca são um limite ao projeto, além da obtusa arbitrariedade que caracteriza o trabalho dos funcionários cujo fazer classifica-se entre um ser especializado numa ótica muito conservadora e igualmente o fato de ser muito burocrático. Este modus operandi produz em muitos casos incompreensões entre o existente e o projeto, causando depois resultados ineficazes.
As instituições deveriam tentar recuperar o caráter central do papel da arquitetura como guia nos processo de transformação urbana. Hoje as mídias trabalham de maneira positiva ao apresentar da arquitetura como fenômeno importante na nossa sociedade, mas é ainda excepcional. Faltam leis que ajudem a por em primeiro plano o papel da arquitetura nas construções.
SF: Podes descrever dois projetos em si diferentes mas que consideras fundamentais no teu percurso de formação e que possam de qualquer maneira enquadrar os teu pensamento?
O projeto de Bagnolo Mella, de pequenas dimensões, ajudou-me a perceber o que quero procurar na arquitetura, ou seja a relação entre uma dimensão arquetípica – como um recinto, uma torre ou, em geral, como utilizar formas simples e interpretá-las nas diferentes situações – e uma que seja capaz de exprimir a contemporaneidade da intervenção. A dialética entre estes dois componentes fundam os princípios para a compreensão de um lugar e o consecutivo carácter da arquitetura.
O concurso para Valtrompia, um lugar dramático, sem identidade, precisava duma intervenção reagente. O projeto é portanto identificativo, sem nostalgias regressivas, comunica com um contexto absurdo feito de fragmentos isolados mas com capacidade para criar entre eles espaços complexos. O projeto desejava gerar diferenças em resposta à forte homologação.