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interview ISSN 2175-6708

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português
Veja a entrevista de Antônio Agenor Barbosa e Juliana Mattos com o arquiteto Marcos Konder, cujo mais conhecido projeto é o Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial, no Aterro da Glória, Rio de Janeiro

english
Vea la entrevista de Antônio Agenor Barbosa y Juliana Mattos con el arquitecto Marcos Konder, cuyo más conocido proyecto es el Monumento a los Muertos de la II Guerra Mundial, en el Aterro de la Gloria, Río de Janeiro

español
Read the interview of Antonio Agenor Barbosa and Juliana Mattos with architect Mark Konder, whose best known project is the monument to the dead of World War II, in aterro Gloria, Rio de Janeiro

how to quote

BARBOSA, Antônio Agenor; MATTOS, Juliana. Marcos Konder. Entrevista, São Paulo, ano 08, n. 029.02, Vitruvius, jan. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/08.029/3297>.


Arquiteto Marcos Konder em sua residência em Santa Teresa, Rio de Janeiro
Foto Antônio Agenor Barbosa

Entrevista com o arquiteto Marcos Konder (1)
Antônio Agenor de Melo Barbosa e Juliana Mattos

Inaugurada no início do século XX, na gestão do então Prefeito Pereira Passos, a Av. Central (atual Av. Rio Branco), que liga a Praça Mauá à Esplanada do Castelo já possuía no eixo final do seu percurso o obelisco erguido naquela ocasião em que o Rio de Janeiro inspirava-se em Paris.

Quase trinta anos depois da inauguração da Av. Central, mais precisamente em novembro do ano de 1927, nascia em Blumenau (SC), um menino de nome Marcos Konder Netto que, por uma destas boas sacadas do destino, seria o responsável por construir também na perspectiva que se tem ao andar no eixo da Av. Rio Branco, o seu magnífico projeto que é o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo.

Seja durante o dia ou durante a noite quando aparece imponente e bem iluminado ao fundo da Avenida, lá está a bonita visão que podemos ter do Monumento na medida em que seguindo em direção ao Castelo, a sua imagem se amplia e podemos apreciar uma das obras mais importantes da arquitetura brasileira do Século XX. Feliz intervenção do então jovem e ainda recém formado arquiteto Marcos Konder, aquele menino de Blumenau que ainda adolescente, aportou no Rio de Janeiro, para tornar-se um dos mais importantes arquitetos desta Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Homem de grande cultura, poeta, pintor, e com uma memória invejável para um senhor de quase 80 anos de idade, Marcos Konder nos recebeu em sua residência no Bairro de Santa Teresa para duas longas e magníficas tardes de uma conversa muito sincera e emocionada. Dono de um papo muito refinado, sedutor e interessante, Marcos Konder certamente nos concedeu a mais completa entrevista de toda a sua vida. E ainda assim podemos já antecipar que muitas outras deliciosas histórias que nos contou sequer foram gravadas ou mesmo transcritas por nós nesta entrevista. Como o arquiteto nos disse que está escrevendo as suas memórias, deixamos para que ele mesmo possa, em breve, nos presentear com outras tantas histórias que, por diversas razões, optamos por não expor publicamente aqui neste momento.

A partir de agora, compartilhamos com os leitores do Portal Vitruvius um pouco desta excepcional experiência que foi a oportunidade que tivemos de entrevistar não apenas um grande arquiteto, mas também um grande Brasileiro em todas as suas dimensões (2).

Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial

O mais conhecido projeto de Marcos Konder, o Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial, foi erguido no Rio de Janeiro, no Aterro da Glória – local mais conhecido como Aterro do Flamengo. Seus arquitetos foram Marcos Konder Neto e Hélio Ribas Marinho; Alfredo Ceschiatti, o escultor; as pinturas são de Anísio Medeiros e o painel metálico, de Júlio Cateef Filho. O monumento cobre uma área de 6.850 metros quadrados e desenvolve-se em três planos: subsolo, patamar e plataforma, além de uma ampla escadaria.

O subsolo, a que se chega por uma escadaria em mármore perlado lustrado, compreende: antecâmara, câmara, dependência para a administração e acomodações para a guarda permanente, a qual é alternada pelas três Forças Armadas. A câmara fúnebre contém 468 jazigos de mármore preto nacional com tampas de mármore de Carrara, onde encontram-se gravados, nome, graduação ou posto, unidade, data de nascimento e morte. Quinze jazigos não possuem nomes gravados porque se referem a desaparecidos e a mortos não identificados: “Aqui jaz um herói da FEB – Deus sabe o nome.” À esquerda, na parede, estão gravados os nomes dos 800 homens das Marinhas de Guerra e Mercante, dos militares do Exército mortos nos torpedeamentos e dos combatentes não identificados.

O patamar compreende a instalação de um pequeno museu, jardim interior e entrada do subsolo. O museu possui mostruários de objetos ligados às operações de guerra de nossos veteranos que lutaram na Itália. O jardim interior mostra o roteiro da FEB. A entrada do subsolo apresenta painéis que representam, em cerâmica, aspectos representativos da vida e da luta no mar, e tem, no sopé, os nomes dos navios brasileiros torpedeados. À plataforma, situada a 3,50 metros do solo, chega-se por uma escadaria monumental, com 26 degraus, em granito preto. Nela está o pórtico de 31 metros de altura, constituído por dois “pilones”, em cuja base se encontra o túmulo do soldado desconhecido. Lá estão também o painel metálico cujo abstrato evoca a ação aérea, a pirâmide triface com as inscrições e o grupo escultórico, da autoria de Alfredo Ceschiatti, representando, irmanados, soldados das três Forças Armadas. Concluído em 24 de junho de 1960, para ele foram transladados naquele mesmo ano, os restos mortais de nossos pracinhas, vindos em urnas funerárias, do Cemitério Militar Brasileiro de Pistóia, Itália (3).

notas

1
Esta entrevista foi concedida para os arquitetos Antônio Agenor de Melo Barbosa e Juliana Mattos, pelo Arquiteto Marcos Konder que, gentilmente, nos recebeu em sua casa por duas longas tardes em Santa Teresa. O nosso objetivo precípuo é dar início a uma série de homenagens que pretendemos ainda concretizar pelos 80 anos de vida do arquiteto que serão comemorados em 2007.

2
Ao mesmo tempo, e com a devida permissão e ciência do nosso entrevistado, queremos dedicar esta bonita entrevista à memória da Professora Sarita Konder, esposa de Marcos Konder, falecida recentemente.

3
Cf. www.ateia.org.br.

Obelisco na Av. Rio Branco e, ao fundo, a imagem do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, de autoria de Marcos Konder e Helio Ribas Marinho
Foto Antônio Agenor Barbosa

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Julio Roberto Katinsky

Gabriel Rodrigues da Cunha

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