
Rodolpho Ortenblad Filho em seu apartamento, janeiro de 2010
Foto Sabrina Souza Bom Pereira
O arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho, logo após a conclusão do curso de arquitetura na Universidade Mackenzie, em 1950, teve a oportunidade de viajar para os Estados Unidos, motivado pela vontade de conhecer as “obras modernas”, que até então só havia visto em revistas. É flagrante a influência que esta viagem teve na sua forma de ver arquitetura, que acabou se refletindo na concepção de seus projetos.

Página do livro de Marlene Acayaba com a segunda casa de Rodolpho Ortenblad Filho projetada para sua família [ACAYABA, Marlene Milan. Residências em São Paulo: 1947-1975, p. 95]
Não é de se estranhar que os projetos residenciais de Ortenblad em geral são citados em trabalhos acadêmicos – infelizmente, em pouco número de vezes – em contextos que relacionam a produção arquitetônica residencial paulista e a casa moderna norte-americana. É o caso, por exemplo, da tese de doutorado de Adriana Irigoyen, onde aparecem as duas residências projetadas por Ortenblad para sua família, além de três séries projetadas para o Inocoop, em um total de dez tipologias de casas para classe média (1). E, no seu já clássico livro sobre as residências modernas em São Paulo, Marlene Acayaba incluiu a segunda casa própria projetada por Ortenblad em uma coleção que inclui projetos dos maiores arquitetos modernos de São Paulo do período abordado pela publicação (2).

ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. Uma residência de Frank Lloyd Wright. Acrópole, São Paulo, n. 180, out. 1953, p. 451-453.
A obra de Ortenblad foi notada e respeitada no meio profissional, como atestam diversos depoimentos atuais de colegas de sua geração e a publicação de duas de suas casas na revista japonesa World's Contemporary Houses, ladeadas pela Casa de Vidro, de Lina Bo Bardi, a Casa do Morumbi, de Oswaldo Bratke, a Casa de Canoas, de Oscar Niemeyer, a Casa Milton Guper, de Rino Levi, e casas de importantes arquitetos da Argentina, México e Uruguai.

ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. A arquitetura de Richard Neutra. Acrópole, São Paulo, n. 230, dez. 1957, p. 56-57
Rodolpho Ortenblad Filho realizou centenas de projetos entre os anos de 1950 e 1984, muitos deles publicados na revista Acrópole – da qual foi diretor de 1953 a 1955, período correspondente às edições 182 até 200. A relação de Ortenblad com a Acrópole transcende o período em que esteve na redação, pois antes e depois publicou artigos e teve seus projetos igualmente publicados por outros editores. Durante todo o período em que esteve ativo na profissão demonstrou enorme apreço pela produção arquitetônica norte-americana, publicando artigos comentando projetos de Frank Lloyd Wright e Richard Neutra, este último merecedor de uma admiração especial.

ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. A arquitetura de Richard Neutra. Acrópole, São Paulo, n. 232, fev. 1958, p. 152-154.
Os projetos realizados por Rodolpho Ortenblad Filho contemplam programas diversos – escola, clube, indústria, residência unifamiliar, edifício de escritório etc. – e sua trajetória de vida, rica de situações notáveis, conferem a esta entrevista um enorme interesse para os amantes da arquitetura moderna brasileira.
notas
1
ACAYABA, Marlene Milan. Residências em São Paulo: 1947-1975. São Paulo, Projeto Editores, 1987-2005, p. 95-100.
2
IRIGOYEN DE TOUCEDA, Adriana Marta. Da Califórnia a São Paulo: referências norte-americanas na casa moderna paulista 1945-1960. Tese de doutorado. Orientador Paulo Bruna. São Paulo, FAU USP, 2005, p. 354-365.
3
World’s Contemporary House, n. 5, Tóquio, 1954, p. XXX-XXX.

Edifício Parque Siqueira Campos, São Paulo. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho
Foto Abilio Guerra