O arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho, logo após a conclusão do curso de arquitetura na Universidade Mackenzie, em 1950, teve a oportunidade de viajar para os Estados Unidos, motivado pela vontade de conhecer as “obras modernas”, que até então só havia visto em revistas. É flagrante a influência que esta viagem teve na sua forma de ver arquitetura, que acabou se refletindo na concepção de seus projetos.
Não é de se estranhar que os projetos residenciais de Ortenblad em geral são citados em trabalhos acadêmicos – infelizmente, em pouco número de vezes – em contextos que relacionam a produção arquitetônica residencial paulista e a casa moderna norte-americana. É o caso, por exemplo, da tese de doutorado de Adriana Irigoyen, onde aparecem as duas residências projetadas por Ortenblad para sua família, além de três séries projetadas para o Inocoop, em um total de dez tipologias de casas para classe média (1). E, no seu já clássico livro sobre as residências modernas em São Paulo, Marlene Acayaba incluiu a segunda casa própria projetada por Ortenblad em uma coleção que inclui projetos dos maiores arquitetos modernos de São Paulo do período abordado pela publicação (2).
A obra de Ortenblad foi notada e respeitada no meio profissional, como atestam diversos depoimentos atuais de colegas de sua geração e a publicação de duas de suas casas na revista japonesa World's Contemporary Houses, ladeadas pela Casa de Vidro, de Lina Bo Bardi, a Casa do Morumbi, de Oswaldo Bratke, a Casa de Canoas, de Oscar Niemeyer, a Casa Milton Guper, de Rino Levi, e casas de importantes arquitetos da Argentina, México e Uruguai.
Rodolpho Ortenblad Filho realizou centenas de projetos entre os anos de 1950 e 1984, muitos deles publicados na revista Acrópole – da qual foi diretor de 1953 a 1955, período correspondente às edições 182 até 200. A relação de Ortenblad com a Acrópole transcende o período em que esteve na redação, pois antes e depois publicou artigos e teve seus projetos igualmente publicados por outros editores. Durante todo o período em que esteve ativo na profissão demonstrou enorme apreço pela produção arquitetônica norte-americana, publicando artigos comentando projetos de Frank Lloyd Wright e Richard Neutra, este último merecedor de uma admiração especial.
Os projetos realizados por Rodolpho Ortenblad Filho contemplam programas diversos – escola, clube, indústria, residência unifamiliar, edifício de escritório etc. – e sua trajetória de vida, rica de situações notáveis, conferem a esta entrevista um enorme interesse para os amantes da arquitetura moderna brasileira.
notas
1
ACAYABA, Marlene Milan. Residências em São Paulo: 1947-1975. São Paulo, Projeto Editores, 1987-2005, p. 95-100.
2
IRIGOYEN DE TOUCEDA, Adriana Marta. Da Califórnia a São Paulo: referências norte-americanas na casa moderna paulista 1945-1960. Tese de doutorado. Orientador Paulo Bruna. São Paulo, FAU USP, 2005, p. 354-365.
3
World’s Contemporary House, n. 5, Tóquio, 1954, p. XXX-XXX.