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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Corrado Curti conversa com Lebbeus Woods sobre sua carreira e últimas inquietações com relação ao âmbito da arquitetura e quais deveriam ser as prioridades dos críticos e profissionais no mundo atual

english
Corrado Curti interviews Lebbeus Woods about his career and recent concerns regarding the scope of architecture today and what should be the priorities in the critical and professional field in the contemporary world

español
Corrado Curti habla con Lebbeus Woods sobre su carrera y sus preocupaciones recientes sobre el ámbito de la arquitectura hoy, y cuáles deberían ser las prioridades de la crítica y profesionales en el mundo contemporáneo

how to quote

CURTI, Corrado. Lebbeus Woods. Arquitetura como estado sólido de reflexões: uma conversa com Lebbeus Woods. Entrevista, São Paulo, ano 12, n. 045.02, Vitruvius, jan. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/12.045/3714/pt_BR>.


'Tectonic landscapes', 1999-2000 [lebbeuswoods.net]

Corrado Curti: Você fundou o Research Institute for Experimental Architecture – RIEA (5) em 1988, e tem sido o seu diretor durante mais de vinte anos. Que papel se prevê para o RIEA nos âmbitos comentados acima?

Lebbeus Woods: Como você sabe, o RIEA está sendo dirigido por um Conselho de Administração e agora é mais aberto e democrático do que nos dias em que eu exercia maior influência. Eu acho que é uma boa opção, principalmente considerando a complexidade dos problemas do mundo atual que a arquitetura deve enfrentar e que estão no cerne das pesquisas do RIEA. Espero que RIEA seja capaz de mostrar liderança na identificação dos problemas mais críticos, formulá-los claramente, e assim contribuir tanto com os conceitos quanto técnicas analíticas e de projeto visando soluções práticas.

Obviamente isso já soa ambicioso demais, mas acho que um grupo como o RIEA pode ser um dos poucos que poderão definir livremente as metas mais exigentes, porque não temos objetivos políticos ou econômicos. Se chegarmos somente até a metade do caminho, isso já significará muito.

CC: A indústria da construção civil é possivelmente o setor mais relutante em apostar na inovação, tanto do ponto de vista cultural como tecnológico. A tradição é um valor cultural muito respeitado – embora muitas vezes esconda vernaculismos baratos e técnicas de construção de baixo custo e baixa qualidade – enquanto a inovação tecnológica é produzida em outros setores – indústria militar, aeronáutica e mecânica –, antes de ser aplicada à arquitetura. Sinceramente, acho que para justificar isso dizendo que apenas determinados setores têm condições de investir em pesquisa e desenvolvimento não é suficiente.

A verdade é que os arquitetos estão lutando para encontrar formas de estimular a inovação no seu setor. A ONU estima que a arquitetura, como profissão, afeta somente 5% do que está sendo construído em todo o mundo. Proporcionalmente, isso indica que os arquitetos estão apenas respondendo às necessidades de uma porcentagem extremamente baixa e privilegiada da população mundial. Isso significa que nós, como arquitetos, somos incapazes de forjar a mudança e tornar-nos verdadeiros inovadores, por medo dos riscos e responsabilidades envolvidas na resolução de diferentes campos de trabalho e pesquisa? Que papel pode ter a educação arquitetônica em relação a essas questões?

LW: A parte mais importante da educação é elaborar questões. Os jovens que entram nas escolas de arquitetura são naturalmente curiosos, embora nem sempre saibam quais são as questões mais importantes que devam ser elaboradas face ao futuro. Por outro lado, os professores, com maior bagagem e experiência fora e dentro do campo da arquitetura, devem guiá-los em direção às questões mais críticas que devemos nos colocar hoje em dia. Isso deveria ser feito nas aulas de projeto, onde tudo converge, e não somente nos cursos optativos de ética, política ou história.

No âmbito da pressão diária da prática profissional, não há tempo para elaborar as questões realmente importantes e os arquitetos vagam por um mar de suposições a respeito de suas responsabilidades e para quem elas deveriam ser pensadas. Associações de arquitetos são pouco mais que clubes fechados. É somente nas escolas onde realmente as perguntas importantes são elaboradas (6).

notas

5
A primeira Conferência RIEA sobre Arquitetura Experimental foi realizada em Emmond Farms, Oneonta, New York, 1989. Os destaques desta conferência foram Peter Cook, Lise Anne Couture, Neil Denari, Godon Gilbert, Ken Kaplan, Ted Krueger, Hani Rashid, Micheal Sorkin, Micheal Webb e Lebbeus Woods.

6
Em seu blog, Lebbeus Woods tem escrito extensivamente sobre a formação do arquiteto e a forma ideal de uma escola de arquitetura:

http://lebbeuswoods.wordpress.com/2009/01/28/architecture-school-101

http://lebbeuswoods.wordpress.com/2009/02/06/architecture-school-102

http://lebbeuswoods.wordpress.com/2009/02/16/architecture-school-201

http://lebbeuswoods.wordpress.com/2009/02/27/architecture-school-202

http://lebbeuswoods.wordpress.com/2009/03/18/architecture-school-301

http://lebbeuswoods.wordpress.com/2009/03/26/architecture-school-302

http://lebbeuswoods.wordpress.com/2009/05/15/architecture-school-401

‘System Wien’, Installations (series). Lebbeus Woods with Christoph a. Kumpusch and Reiner Zettl, Michlovsky/MAK (Museum for angewantde Kunst) and the First District, Vienna, Austria. 2005 [lebbeuswoods.net]

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045.02
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045.01

Conversa com Francisco Fanucci e Marcelo Carvalho Ferraz

Beatriz Carra Bertho

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