Mariana Wilderom: Gostaria de compreender melhor o contexto em que o projeto foi desenvolvido. Tanto em relação ao momento que Medellin vivia, às políticas públicas por detrás da contratação e às suas próprias expectativas acerca do projeto.
Carlos Pardo: Precisamente, os tempos políticos que são iguais em todo mundo, exigem que tudo seja feito muito rápido e, em 4 anos, muitas vezes o prefeito não tem o tempo necessário de mostrar seu trabalho. Tem que fazê-lo muito rápido.
Em 2005 Sergio Fajardo era o prefeito da cidade. Então, ao cabo de um ano, tempo que gastou organizando o programa de seu governo, ele começou a sentir-se pressionado por mostrar projetos. Sergio Fajardo é um acadêmico, professor de matemática, que tem a arquitetura muito presente em sua vida pois seu irmão e pai são arquitetos.
Pois Sergio, ao sentir as primeiras pressões políticas, tomou uma decisão rápida com a EDU, que é a Empresa de Desarrollo Urbano, um instrumento administrativo muito importante como um escritório responsável por todos os projetos de infraestrutura.
Alejandro Echeverri foi o cérebro de tudo isso, foi quem articulou os processos, se dando conta que os projetos não poderiam ser realizados de maneira isolada, independentes. Ele estudou em Barcelona, e trouxe o conceito de projeto integral, para integrar as secretarias de educação, de cultura, fazendo um grande projeto de cidade, aonde vamos todos juntos.
Porque acredito que fazer o que vocês me mostraram, de implantar edifícios em toda a cidade, isolados, isso não é fazer cidade. Na medida em que não são conectados com o sistema de mobilidade, com recuperação de espaços públicos, com habitação, claro, pois o projeto não é o edifício, mas é toda a intervenção em um setor, é um projeto urbano.
Sergio Fajardo, como não tinha tempo, escolheu 10 empresas de arquitetura por mérito –analisaram currículo, prêmios, reconhecimentos em bienais – e a EDU então nos contratou. Eles nos reuniram e, a proposta foi que doássemos nossos honorários. Então formei uma equipe de 5 arquitetos sendo que eu doaria meus honorários e eles pagariam os outros quatro arquitetos. Então era uma doação dos honorários da cabeça principal. Isso é algo que se faz uma vez na vida. Nossos colegas não gostam muito porque não seria um bom exemplo, sendo que já não ganhamos muito. Mas se tratava também de se fazer algo para cidade. Era um momento importante em que o prefeito nos dizia: ajudem-me a transformar esta cidade.
E não se tratava de um político puro, era uma pessoa querendo fazer as coisas de outra maneira, transparente, não negociando nada. Ele era muito claro no que queria e a educação, para ele, era algo fundamental, era seu norte.
Então chegamos à conclusão de que não poderíamos deixar esta oportunidade passar. Aceitamos o convite – isso era final de 2005, em dezembro. No final de janeiro de 2006 fizemos uma reunião para mostrar os primeiros desenhos, a primeira ideia.