Julianna Santos / Fernando Diniz Moreira: Nos últimos anos vocês tiveram a oportunidade de projetar em diversos países, como Índia, China e México. Como norte-americanos, como foi projetar nesses lugares? Falem-nos um pouco dessa experiência, sobretudo na relação com o lugar, a arquitetura e as culturas locais.
Tod Williams: Acho que fazemos o nosso melhor em tentar ser sensíveis com o espaço e a cultura do lugar, mas acho que é bem difícil para nós fazer isso. Glenn Murcutt disse que jamais trabalharia fora da Austrália porque, o resto do mundo é culturalmente estrangeiro para ele. E acho que lutamos duramente. Nós escolhemos pegar estes trabalhos, mas eles são mais difíceis para a nós que outros projetos porque, estamos culturalmente e fisicamente distantes. Então, eu não disse “não”, mas eu acho que estou desapontado em minha capacidade, ou nossas capacidades, de fazermos o que seja nosso melhor trabalho. Acho que as pessoas se surpreenderam com os projetos de Hong Kong e da Índia, por parecerem sensíveis aos seus locais. Mas isso é porque nós começamos por reconhecer o quão pouco sabemos e quanto precisamos aprender.
JS/FDM: Como vocês veem a relação entre a sua arquitetura e esta cidade (Nova York)?
Billie Tsien: Bem, porque começamos a trabalhar na cidade e muitos de nossos projetos eram de interiores, fazendo projetos dentro do edifício já existentes. E acho que isso foi muito importante para nós, além de termos tido muito prazer em fazer interiores. De certa forma, nossa arquitetura é desenvolvida numa cidade em que não construímos muitas coisas, e uma das coisas, um edifício que foi muito significativo para nós (Folk Art Museum) foi demolido. Nos sentimos muito influenciados pela energia desta cidade e a importância da experiência nos interiores.
TW: Há coisas ótimas nesta cidade. Ela tem uma incrível mistura de pessoas, uma enorme diversidade social. Assim como a mistura de pessoas é mais importante que o indivíduo, a mistura de prédios é mais importante que as construções isoladas. Esta é outra forma de apreciar a cidade e se sentir entusiasmado em trabalhar aqui.
JS/FDM: Falem-nos um pouco de seus projetos recentes.
BT: Estamos trabalhando em dois projetos para escolas em New Hampshire, o que é estranho porque New Hampshire é um estado muito pequeno. Estamos trabalhando no projeto desse teatro que mencionamos para uma escola (College) privada chamada Phillip Exeter, provavelmente um dos dois melhores do país. Outro projeto em New Hampshire que estamos trabalhando é a renovação de uma adição do museu do Dartmouth College. Gostamos desses projetos porque, são relativamente pequenos e temos a possibilidade de nos envolvermos profundamente.
TW: Acontece que o prédio que estamos renovando em Dartmouth foi projetado por Charles Moore. Charles Moore foi revisor da tese de Billie. Então estamos trabalhando próximo a alguém com quem se estudou. Então, temos tanto uma forma de respeito e distanciamento como de proximidade. Em Philip Exeter, estamos trabalhando no mesmo campus em que Louis Kahn fez sua grandiosa biblioteca. De muitas maneiras, estamos falando tanto do lugar como um todo, como das pessoas em específico. Nós as imaginamos como vivendo ali. Isto é animador para a gente. Outro projeto que é animador e desafiador que estamos fazendo a Embaixada Americana na Cidade do México. Queriam que fizéssemos um edifício que não se sobressaísse e dissesse: “eu sou um norte-americano na Cidade do México”, mas ao invés disso queriam que mantivesse um diálogo e mostrasse que, apesar de sermos de culturas distintas, temos muito o que compartilhar. Então, estamos tentando fazer algo significativo.