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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Conversa entre Marc Simmons e Gabriela Celani sobre detalhamento de fachadas em obras de arquitetura contemporânea. A entrevista ocorreu no mês de março de 2018 no Massachusetts Institute of Technology – MIT, em Cambridge.

english
Conversation between Marc Simmons and Gabriela Celani on detailing façades in works of contemporary architecture. The interview took place in March 2018 at the Massachusetts Institute of Technology – MIT in Cambridge.

español
Conversación entre Marc Simmons y Gabriela Celani sobre detalle de fachadas en obras de arquitectura contemporánea. La entrevista ocurrió en el mes de marzo de 2018 en el Massachusetts Institute of Technology – MIT, en Cambridge.

how to quote

CELANI, Gabriela. Fachadas | Detalhamento construtivo na arquitetura contemporânea (parte 1). Entrevista com Marc Simmons. Entrevista, São Paulo, ano 19, n. 076.01, Vitruvius, nov. 2018 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/19.076/7159>.


Maquete de estudo de detalhamento do Perez-Art-Museum, obra de Herzog & De Meuron
Foto Gabriela Celani

Gabriela Celani: Você poderia nos contar sobre sua formação como arquiteto? Como e quando você começou a se interessar pelo projeto de fachadas?

Mark Simmons: Minha história é um pouco curiosa. Fui criado em Toronto e eu só me interessava por duas coisas; a primeira era arqueologia e depois passou a ser arquitetura, a partir dos 14, 15 anos. Eu não me candidatei a escolas no exterior (naquela época você se candidatava), para as três escolas que estão da província de Ontário que eram mais acessíveis. Waterloo (6), a que eu cursei, é uma universidade muito boa – muito parecida com o MIT, eu acho. É uma universidade de pesquisa aplicada voltada para a tecnologia que, por acaso, tem também uma Escola de Arquitetura muito boa. Naquela época, havia um curso profissional de 5 anos de Bacharel em Arquitetura, o que (normalmente) levava seis anos, e para mim a experiência cooperativa funcionou bem demais e eu acabei levando doze anos (pra me formar).

GC: Você pode explicar o que exatamente é "co-op"?

MS: Co-op é (uma escola em que você) trabalha entre os semestres acadêmicos.

GC: Então você tem acesso a estágios?

MS: Sim, durante todos o curso, a cada semestre você faz um estágio.

GC: Isso é comum no Canadá?

MS: Não tanto. Existem apenas algumas universidades na América do Norte que possuem programas explicitamente cooperativos. E quando digo funcionou muito bem, quero dizer que gostei muito mais da prática do que da academia.

GC: E isso fez muita diferença na sua formação?

MS: Sim, especialmente por que eram experiências internacionais. Eu acabei fazendo estágios em Paris, em Kyoto, em Cingapura, em Vancouver, e no final Hong Kong foi o mais significativo, onde eu realmente trabalhei por três anos para Foster and Partners e três anos como engenheiro de fachadas, antes mesmo de obter o diploma profissional. Eu poderia ter me afastado da faculdade e trabalhado apenas na Ásia, mas por razões familiares nós escolhemos voltar para a América do Norte, terminar o trabalho de graduação (o que foi engraçado – aparecendo depois de todo esse tempo fora), e logo em seguida eu decidi me mudar para Nova York.

GC: E os estágios tinham que ser nas diferentes áreas em que você estava sendo formado a cada ano?

MS: Quando você fica muito tempo fora da faculdade – 6 anos no total – não é mais um estágio. Você está apenas adiando a faculdade e dizendo "eu vou para o trabalho". E você pode nunca mais voltar. Foram 3 anos trabalhando para a Foster and Partners no aeroporto de Hong Kong durante esse período. Para mim, trabalhar naquele escritório foi muito bom e descobri que os meus valores em design, estética e tecnologia eram os mesmos dos de Foster. Eu não tive conflito interno. Eu realmente gostei de estar lá. A maior parte do meu tempo foi gasto na obra do aeroporto de Hong Kong. Nesse ambiente você tem uma relação direta com a coordenação de empreiteiros, equipes de instalações prediais, estrutura e fachada. Isso me deu uma compreensão muito visceral do nível de conhecimento que existe nos negócios especializados. Não apenas com arquitetos e certamente não apenas com consultores, mas o conhecimento comercial também é muito profundo. E naquela época era aparente. E foi emocionante.

E então eu percebi que seria interessante me especializar, e minha esposa sugeriu que eu tentasse algo diferente ao invés de trabalhar para um empreiteiro. E então eu fui trabalhar na grande empresa de engenharia de fachadas australiana chamada Mainhardt Façade Technology (7), parte do grupo Mainhardt. Eles têm cerca de setenta mil funcionários, mas o grupo de Hong Kong era uma start-up – apenas um pequeno grupo de apenas uma ou duas pessoas. Eu fui trabalhar com esse pequeno grupo que fazia parte de um grande grupo de fachadas, com os recursos e apoio para nos permitir aprender. E foi aí que realmente comecei a entender esse mundo intermediário dos consultores especializados, entre arquitetos, proprietários, empreiteiros e gerentes de construção. Esse é um mundo muito pequeno. E se você não está lá, você não entende realmente o que eles fazem, e mesmo no meu escritório hoje, que executa fachadas, muitas pessoas simplesmente não sabem o que fazemos.

Maquete de estudo de detalhamento do Perez-Art-Museum, obra de Herzog & De Meuron
Foto Gabriela Celani

GC: Mas isso foi depois de ter uma experiência em todas as diferentes partes do processo, certo?

MS: Sim.

GC: E enquanto você fazia seus projetos acadêmicos na escola, você se concentrava nos detalhes da construção também?

MS: Na verdade não. Às vezes. Todo semestre vem depois de algum tipo de experiência e seu curso depende do que será tratado no atelier de projeto. Em um Bacharelado em Arquitetura, a maioria das disciplinas é obrigatória; não há realmente uma cultura de ateliers optativos. Você não pode nem começar a se especializar, até que esteja fazendo seu próprio trabalho final de graduação. Em Waterloo tudo é muito pré-definido, você tem as disciplinas fundamentais, depois você tem um projeto residencial no seu primeiro ano, um projeto institucional no seu segundo ano, e finalmente um projeto de urbanismo no seu terceiro ano; o quarto ano é o estudo no exterior em Roma, durante o qual você projeta em um contexto estrangeiro e, em seguida, o quinto ano é seu trabalho final de graduação – TFG. Meu TFG foi uma recuperação do aeroporto de Kai Tak (8), que havia sido recentemente abandonado, por isso foi um projeto urbano, mais especulativo e crítico, em oposição a um projeto arquitetônico.

GC: E foi provavelmente influenciado pela sua experiência na construção do novo aeroporto de Hong Kong.

MS: Sim! O que aconteceu comigo definitivamente foi que eu tinha um fascínio absoluto pelo projeto em múltiplas escalas, desde o objeto, passando pela montagem do sistema, até a construção e, é claro, até o impacto na escala urbana. E isso esteve presente durante toda a minha formação. Na Georgia Tech participei de dez ateliers de projeto, e todos eles eram multi-escalares, começando com uma situação de design urbano, passando para o edifício, e basicamente detalhando tudo em uma escala de um para um. Assim, os alunos realmente entendem o detalhamento de um para um e a seleção de material e a escolha da tecnologia são absolutamente necessários ao conjunto de considerações e valores de projeto que estão sendo implantados nas escalas urbana e arquitetônica. É por isso que para mim o projeto técnico na ausência de um entendimento da questão cultural é inócuo. Ele acabo sendo muito voluntarioso e subjetivo. E é por isso que, pedagogicamente, preferi usar estudos de casos em Architectural Assemblies (a matéria ensinada no MIT), em vez de projetos (originais).

notas

6
Website Universidade de Waterloo <https://uwaterloo.ca/architecture>.

7
Website Mainhardt Façade Technology <http://www.mfacade.com/>.

8
Kai Tak foi o aeroporto internacional de Hong Kong de 1925 a 1998, quando foi substituído pelo novo Hong Kong International Airport.

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076.01
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076

076.02

Relatos em arquitetura paisagística

Luis Guilherme Aita Pippi, Letícia de Castro Gabriel and Ana Paula Nogueira

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