Gabriela Celani:Quando foi criada a empresa Front e com quais finalidades? Como o escritório evoluiu nos últimos anos? Quais foram seus principais projetos?
Mark Simmons:Após três anos no Foster e três anos ns Mainhardt FaçadeTechnologies eu conheci o engenheiro britânico Tim McFarlane (9), que é muito famoso por ter desenvolvido, na década de 1970, o uso do vidro como material estrutural, fazendo um monte de projetos boutique para arquitetos realmente interessantes, como Nigel Coates, e outros designers influentes do ambiente londrino dos anos 1980. E quando eu o conheci, ele havia acabado de abrir um escritório em Nova York, e como eu sou cidadão americano, ele disse: “Você quer vir para Nova York e começar um grupo de fachadas?” Eles atuavam mais em projetos em vidro, com cabos, mas não em engenharia de envoltórias ou com fachadas. Ter um arquiteto com o meu histórico parecia ser bom para eles, então ele me recrutou, eu fui para Nova York com Elaine (minha esposa, que também é arquiteta – estudamos juntos).
Elaine acabou se juntando ao escritório de Rafael Viñoli. E depois de três anos no escritório de Tim em Nova York, estávamos indo muito bem, foi muito bem-sucedido, mas a parceria de longo prazo entre Tim e seu parceiro Lawrence não foi um bom casamento e não criou um ambiente adequado para nós evoluíssemos e nos tornássemos sócios. Então nós finalmente dissemos: "Podemos fazer isso sozinhos". Tim originalmente se mudou para Nova York e ele estava morando lá e trabalhando conosco dia a dia. Mas, por motivos familiares, ele se mudou de volta para Londres, e nós (os outros associados do escritório de Tim McFarlane) acabamos ficando sozinhos. Ficou claro que poderíamos fazer nossos próprios projetos. E então meu parceiro Mike e eu, e outro colega que conhecemos da Foster and Partners, chamado Bruce Nichol (ele tinha trabalhado primeiro no Foster e depois no Renzo Piano), então nós três nos unimos para começar nossa nova empresa.
GC: E todos vocês já tinham grande experiência, certo?
MS: Sim, mas eu ainda era bem jovem, tinha 33 anos.
GC: Como o escritório evoluiu?
MS: Nós começamos com cinco pessoas, e isso cresceu muito lentamente ao longo de 16 anos até 50 pessoas. Houve alguns momentos ruins, como em 2009, mas nunca fomos muito agressivos. Quase todo o nosso trabalho ao longo de toda a história da empresa tem sido por referência, o que é mais estável. É melhor para nós porque a indústria de fachadas é muito instável e muito elástica. Os escopos estão sempre mudando, o risco e a responsabilidade estão sempre mudando, as coisas sempre dão errado na indústria e, na maioria das vezes, os clientes, até mesmo os arquitetos, nem sempre estão cientes de como a responsabilidade é atribuída e quem deveria estar fazendo o que e em que ponto... Você tem várias empresas envolvidas com diferentes estruturas de contrato, e é preciso um pensamento sofisticado para entender como essas estruturas estão alinhadas. Quando você está trabalhando por indicação, você geralmente está trabalhando com pessoas que vêm até você porque elas já pré-selecionaram seu trabalho, elas já entendem o que você faz e como você vai agregar valor. Acho que já temos uma ideia de como sustentar o negócio.
GC: É provavelmente mais divertido trabalhar assim…
MS: Sim, mas ainda é difícil. Desde o início dissemos que seríamos um escritório de projetos multidisciplinar, mas com interesse geral em fachadas e estruturas leves. Mas também estávamos abertos para nos tornarmos qualquer coisa, até mesmo um escritório de arquitetura comum. Mas os projetos de fachadas foram bastante interessantes, e percebemos, é claro, que porque éramos articulados em relação ao design e éramos sensíveis às necessidades dos clientes com os quais trabalhamos, porque somos arquitetos bem formados, entendemos os interesses dos clientes, e poderíamos colaborar com eles de forma criativa, sem infringir as questões de autoria. Assim, seríamos bem-vindos ao diálogo, sem ter que reivindicar crédito. No momento em que você não exige créditos pelo que faz, mas tem algo inteligente para dizer, você é muito bem-vindo.
GC: Seus clientes recebem créditos pelo trabalho que você fez?
MS: Certo! Em última análise, se você for dissecar como a autoria é gerada, é uma espécie de espiral, com esse tipo de acumulação não-linear de restrições e fragmentos e idéias que vêm de todos os lugares e, no final, você tem esses edifícios surpreendentes. E, é claro, nossa cultura exige que atribuamos a autoria a alguém, porque é necessário, assim como um texto tem que ter um ghost writer ou um coletivo ou um bot que foi o autor do trabalho. Mas eu realmente queria que a autoria na arquitetura fosse creditada como na indústria cinematográfica, com listas exaustivas de centenas ou milhares de pessoas no final do filme; cada prédio deveria ser assim.
GC: Você pode nos contar mais sobre a evolução da Front?
MS: O primeiro tipo de expansão, de certa forma, foram esses limites entre o que chamamos de design baseado em desempenho e design baseado em prescrição. O design baseado em prescrições é o design industrial total, a ponto de você ser responsável por tudo, incluindo a fabricação de todos os componentes, enquanto o design baseado em desempenho é quando você está projetando a aparência da coisa, a dimensão da coisa e tudo o que ela deve fazer, mas eles costumam atribuir esse problema ao empreiteiro e aos engenheiros do empreiteiro. A indústria de fachadas é tipicamente organizada de forma que 99% dos contratos são baseados em desempenho.
GC: E você também faz as simulações em termos de desempenho energético etc.?
MS: Sim, fazemos tudo o que você pode imaginar relacionado a uma fachada, em termos de análise, documentação, tudo. Nós somos como um balcão único. Setenta e cinco por cento do que fazemos é design baseado em desempenho para proprietários e arquitetos, onde eles não têm a responsabilidade de projetar detalhes completos – e não podem. Eles não sabem como fazer isso, mas eles também não têm o apetite pela responsabilidade de contratar alguém para fazer isso. Então você contrata seu empreiteiro geral, ou seu gerente de construção, e eles contratam o sub-empreiteiro da fachada, e então o subcontratado da fachada contrata um grupo de engenheiros que também poderiam ser nós. Então, 25% do nosso trabalho está do outro lado do balcão, para empreiteiros, fazendo um projeto prescritivo completo. Em um determinado momento, tivemos esse apetite por ambos, e muitas consultorias de desempenho ambiental e engenheiros de envoltórias não fazem isso. Eles não querem fazer isso. Eles querem só fazer a revisão do projeto. Eles querem sugerir e recomendar. E esse é um tipo de escopo muito limitado, que é muito diferente do que nós fazemos. Fazemos muito disso, mas somos realmente uma empresa de projeto e engenharia. As pessoas da indústria sabem diferenciar esses tipos de empresas, mas, do lado de fora, a maioria das pessoas não reconhece a diferença. Mesmo com (a empresa) designtoproduction (10), por exemplo, há poucas coisas em comum conosco; ela é mais focada, segmentada e talvez bastante integrada verticalmente, mas não é tão holística e abrangente.
GC: Sim, eles são muito específicos! Eles fazem a ponte entre os arquitetos e os fabricantes. É assim que eles descrevem seu próprio negócio. É empresa pequena.
MS: Algumas pessoas nos perguntam: “vocês são como a designtoproduction”? E nós respondemos: "bem, mais ou menos..." Se você pegar o projeto e expandi-lo, é o que nós fazemos. Então, por volta de 2005, três anos depois do início, o mercado estava muito intenso nos Estados Unidos, e certos clientes começaram a nos perguntar “você não poderia fazer isso apenas com base em design prescritivo?” E “você não poderia ser o empreiteiro da fachada?”, só para tornar o projeto mais economico, e assim acabamos fazendo isso. Começamos com duas empresas separadas e assumimos cerca de 25 projetos de criação, não enormes, mas grandes o suficiente para causar problemas. Acho que provavelmente processamos cerca de 30 milhões de dólares em contratos e não ganhamos nada.
GC: Você tem outros escritórios?
MS: Sim, temos Nova York, Seattle, São Francisco, Hong Kong, Londres e Verona, na Itália. Cinqüenta pessoas em todo o grupo. É muito pequeno, muito distribuído, mas trabalhamos como uma equipe integrada. Mas essa coisa de fazer o projeto e a construção é realmente muito incomum. Fizemos projetos realmente incríveis, como o Highline 23 (11). com o Neil Denari (12), projetos como a Lincoln Square Synagogue em Manhattan, que ganhou o IALD International Award (13), mas também muitas coisas curiosas, como o restaurante Morimoto com o Tadao Ando (14), e esses foram todos os contratos em que os clientes nos procuraram. Nunca anunciamos essa parte do nosso negócio porque não queremos canibalizar o nosso próprio negócio de consultoria. Porque, como consultor, você é responsável por administrar licitações competitivamente em nome de seus clientes, e nós nunca faríamos um trabalho que seria licitado competitivamente. E se o cliente disser “preciso de concurso”, não somos uma opção, porque nunca podemos ser vistos como concorrentes. Mas nós não fazemos mais isso. Nós fizemos isso por dez anos, mas por volta de 2015 paramos com isso, mas aumentamos os projetos prescritivos. E os contratos de projeto e construção foram muito importantes para que desenvolvessemos um conhecimento maior sobre os custos.
Uma espécie de diferença cultural, de logística, dos problemas de meios e métodos, de todos os tipos de desafios de mudança de oferta e do pesadelo que vem com os contratados. E isso nos proporcionou uma maneira de consultoria por meio do engajamento direto com várias partes interessadas em diferentes pontos da cadeia de suprimentos, como uma espécie de risco (porque, digamos, por exemplo, o maior risco é o custo do vidro curvo, então vamos projetar o vidro prescritivamente, para que saibamos o que é, não está sujeito à interpretação do contrato) e então vamos financiar a construção de uma série de mockups ao redor do mundo, e vamos negociar o preço diretamente, e então vamos internalizar isso como parte de um processo de design contínuo. E isso é muito estimulante, porque a indústria infelizmente está sempre lidando com um empreiteiro do nível de cima dos contratos e não há transparência sobre o que acontece abaixo disso.
Então você não sabe por que você está pagando três ou quatro vezes o que deveria, você não sabe se na verdade eles estão abaixo da licitação... Nós chamamos isso de análise de custo intrínseca para basicamente, com base em risco e margens de lucro razoáveis, e em uma compreensão de quais materiais realmente custam e o que a logística e o equipamento realmente são e o custo real do trabalho em um determinado mercado, você pode construir um modelo de custo muito plausível, e nós fazemos isso agora, o tempo todo, a cada etapa de nossos projetos para cada sistema. E muitas vezes podemos fazer isso em uma hora, muito rapidamente. Mas o que acontece é que, quando começamos a trabalhar em um projeto ainda na fase conceitual ou esquemática, podemos verificar com precisão se é viável. E isso é realmente importante, porque muitas vezes esses tipos de análise precipitam um novo design ou uma mudança no orçamento, no início do projeto. Porque quando você tem uma explosão mais tarde no projeto, é sempre um pesadelo.
GC: O detalhamento costumava ser a última parte do processo de projeto…
MS: Nossos concorrentes nem sequer tocam em custo, mas para nós saber quanto isso vai custar logo no início do processo de projeto é uma maneira de torná-lo viável, porque você configurou vários parâmetros corretamente. Na compreensão tradicional do modelo ocidental de fases de projeto, o projeto esquemático talvez não seja tudo e não tão profundo, e o desenvolvimento do projeto é a extensão total de tudo, e talvez algumas áreas sejam um pouco mais profundas que outras, mas é de média (profundidade), e então os documentos de construção são a extensão total de tudo e a profundidade de tudo até o nível contratual apropriado, e então os desenhos executivos são tudo ao máximo. O que nós fazemos na fase do projeto esquemático ou mesmo conceitual é dizer: aqui está uma hipótese sobre como resolver tecnicamente essa intenção de projeto. E desenhamos a escala de um para um desde o primeiro dia. E o resultado disso é a capacidade de prever quanto isso pode custar, já nesse estágio inicial. As quantidades são relativamente fáceis, mas na verdade é surpreendente a frequência com que as pessoas não tem noção (dos valores). Eles deixam de computar parte das superfícies, ou eles não entendem a complexidade ou a panelização corretamente... E mesmo para todas as coisas que não estão definidas, nós elaboramos uma hipótese de como deveria ser.
GC: Quais foram os projetos que você mais gostou de fazer e por quê?
MS: Eu gosto de coisas diferentes por diferentes razões. Às vezes, é um projeto que tem uma exploração de material, que não daria pra fazer de outra maneira. Por exemplo, nós temos uma série de projetos em acrílico, e acrílico é um material muito incomum para a construção de envoltórias. O carrossel do Brooklyn foi um desses projetos, assim como o Park Avenue Plaza, no qual fizemos uma linda fachada de acrílico usinado para a Victoria Secret, e agora estamos fazendo, com a KPF, uma reforma de um saguão na 5ª Avenida com a rua 57. É uma bela parede de acrílico sem moldura de 14 pés de altura que é articulada com seções em forma de gota e junções em T, entre painéis de acrílico arredondados. E quase ninguém fez coisas assim. E não é fácil. Minha equipe pode lhe dizer que não é fácil. E as pessoas também têm expectativas engraçadas porque acham que você já fez isso antes mas, na verdade, o projeto tem atributos únicos, há desafios técnicos, de custo e de cronograma, para que tudo esteja alinhado. Não é tão fácil.
Certos projetos são baseados em materiais, ou baseados em efeitos, e eu realmente gosto deles. Temos centenas e centenas de projetos em que trabalhamos que são um pouco diferentes, mas há aqueles que eu diria que são holisticamente surpreendentes, onde a função pública é maravilhosa. E a equipe que fez isso é maravilhosa. E o projeto em si, o design, é do momento, e talvez até mesmo tecnicamente ambicioso. Mas certamente esteticamente incrível. A Biblioteca de Seattle é claramente uma referência fundamental para nós. Também é um projeto em que eu pessoalmente encontrei minha voz para influenciar colaborativamente. Joshua Prince-Ramus estava executando o projeto na época, e depois ele finalmente saiu e formou a REX (15), e hoje eu estou dividindo o escritório com eles. Nós fazemos todo o nosso trabalho juntos. Esse relacionamento nasceu do projeto da Biblioteca de Seattle. E há outros também... O Bjarke (16) também estava em Seattle naquela época; eu o conheci quando ele tinha apenas 24 anos. E logo depois ele começou o Plot e depois do Plot ele finalmente fundou o BIG, e o resto é história. E nós ainda estamos trabalhando com Bjarke hoje – não em um grande número de projetos, mas em alguns projetos incríveis, como San Pellegrino (17), uma torre de 240 metros de altura em Manhattan (18), e mais alguns por vir.
(Outro projeto importante para mim), com certeza, é o projeto Niarchos (19), em Atenas. Nove anos da minha vida trabalhando nesse projeto! Um envolvimento pessoal muito direto. Já fizemos sete projetos com o escritório de Renzo Piano. Este foi quando o relacionamento já estava maduro, e havia muita confiança, e o sócio responsável – Giorgio Bianchi – nos tratou como uma extensão da equipe de arquitetura, onde ele realmente solicitou e nos encorajou a também nos engajarmos no projeto. Por isso, foi uma grande colaboração – a equipe do projeto foi incrível, o cliente foi incrível, o projeto foi construído por todos os motivos certos e tem sido incrivelmente bem recebido por esse país. De certa forma, isso sustenta minha capacidade de conduzir meu atelier de projeto (do MIT) em Atenas (20), por causa da rede que tenho e da credibilidade que ganhei ao trabalhar nesse projeto.
GC: Até que ponto esses projetos evoluíram e se tornaram melhores projetos arquitetônicos após a consultoria da Front? Até que ponto você interferiu nesses projetos – por exemplo, em termos de materiais, dimensões etc.?
MS: É muito difícil responder a essa pergunta, porque na maioria dos casos nos envolvemos como parte da equipe no início do projeto, e muitas vezes não há um projeto completo, então todos estão envolvidos, estruturas, intalações, paisagismo, empreiteiros, todos eles, para seguir a intenção do projeto. Sabemos que existe uma consistência, integridade e qualidade no trabalho em que estamos envolvidos. Isso faz parte da nossa reputação, e todo projeto que recebemos para participar normalmente vai bem. Nós não temos nenhum projeto terrível que nos envergonhe. Então, isso é como uma linha de base. Mas se você está perguntando em que momento nós influenciamos o resultado de um projeto...
GC: Sim, se você pudesse nos dar um exemplo de um projeto que começou de certa forma e depois você introduziu novos materiais, etc…
MS: Bem, para a biblioteca de Seattle nós provavelmente fizemos cinquenta modelos (físicos) olhando diferentes configurações estéticas em termos de densidades de enquadramento, preferências, e aquela com o tipo de malha diagonal sobre toda a superfície como uma textura que todos acharam linda. Mas como você viu na minha palestra que estava nas superfícies inclinadas e nas superfícies verticais e uma não estava relacionada à outra. Uma delas tem uma geometria relacionada ao alto desempenho que é muito técnica, e a outro é totalmente estética.
GC: Então, isso não estava nos rascunhos iniciais que os arquitetos apresentaram para você?
MS: Não, a malha em forma de losangos veio do modelo que Erez Ella fez – ele está na HQ Architects (21) agora, em Israel.
GC: Não foi proposta pelo Koolhaas?
MS: Bem, Rem é brilhante, mas ele não desenha nem faz modelos. É sempre uma espécie de processo editorial crítico de avaliar o que está à sua frente e definir também a direção desse processo de revisão. Então toda semana era mais e mais conteúdo e um processo crítico de revisão. Em um determinado momento, quando você tem esses 50 modelos à sua frente, ele diz: "é esse!" Mas o aspecto integrativo da malha (foi uma proposta nossa). E o principal era alcançar o contexto da indústria – há uma grande empresa na Itália, que é, eu acredito, a fabricante de vidro mais avançada do mundo. Eles fazem principalmente vidros de segurança e automotivos, mas eles tinham experiência com malha tridimensional integrada laminada em vidro em um momento em que isso nunca havia sido feito por ninguém mais, e sua experiência veio de fazer janelas para o TGV, o trem de alta velocidade, para o qual eles faziam esse vidro laminado, mas as tensões na borda do vidro eram maiores do que no meio, e para otimizar o peso, o que elas faziam era inserir parte do quadro no laminado, fazendo um material composto, com uma borda reforçada, mas super fino.
E assim eles ganharam muitos contratos porque vendiam um vidro mais fino para a Bombardier, a Siemens e todos esses caras. Esse é um tipo incrível de inovação impulsionada por desempenho, mas eles aprenderam a laminar polímeros com metais e vidro, e muito poucas pessoas têm esse conhecimento, porque as camadas podem se soltar e pode haver outras questões de compatibilidade. Então, sabendo disso, nós dissemos: “se nós adquirirmos a malha microexpandida no mercado italiano, vocês mandariam algumas amostras laminadas, em grande escala, para Seattle, para que pudéssemos colocá-las em um mockup para mostrar à Biblioteca, e vocês ofereceriam uma garantia por escrito de dez anos?” E eles fizeram! E tudo isso foi feito com base em um relacionamento de amizade. Mas, infelizmente, eles não ganharam o contrato. A Biblioteca disse: "é lindo", mas a principal questão é que estávamos tentando arrecadar fundos adicionais para pagar por isso, porque não estava no orçamento base, e fomos autorizados a fazer isso, o que é muito importante, Rem e Josh fizeram os telefonemas.
Primeiro vem a hipótese – esta ideia ajuda? E então há uma parte cultural e econômica disso – você pode usar os relacionamentos para realmente fazer algo plausível, e você pode convencer as pessoas a fazer algo até esse ponto, e a Biblioteca disse: “Sim!” E a razão pela qual eles disseram que sim era porque em todo o escopo do prédio poderíamos usar o mesmo revestimento de baixa emissividade. Exatamente o mesmo. Mas onde tínhamos superfícies viradas para o sul e para o oeste e voltadas para cima, podíamos adicionar a malha de metal para obter o desempenho que realmente precisávamos, sem alterar o revestimento. Porque senão iria parecer que cada face do edifício era de uma cor diferente, com certas superfícies mais escuras e outras mais claras. E isso era algo que eles até aceitariam, mas se pudéssemos levantar o dinheiro para a malha... O que a malha faz é um brise-soleil, é um filtro real para refletir a maior parte da energia, mas como ela é prateada (poderia ter sido branca), os reflexos não mudam a cor da luz, então a cor da luz seria uniforme em todo o edifício. Você está realmente atenuando a intensidade, mas não a reprodução de cores. Assim, como em uma catedral, estamos vendendo a qualidade da luz em um prédio, em vez de vendê-la por um quarto extra. E em uma semana recebemos compromissos por metade do dinheiro, com pessoas dizendo: "Eu patrocino a qualidade da luz". Eles estavam interessados na tecnologia e no resultado.
GC: Você acha que o trabalho que você faz na Front está criando um novo padrão de qualidade para o mercado internacional de construção?
MS: Eu não acho que seja um novo padrão de qualidade. Quer dizer, trabalhamos dentro de normas e padrões estabelecidos. Na verdade, você não pode pedir um padrão muito mais alto porque não é acessível. Mas a questão é: o que é um bom padrão versus um padrão (normal)? E o problema é que, internacionalmente, há tantos projetos que são mal executados porque os padrões não são mantidos. Então, mesmo manter um bom padrão é importante. E então, como você sabe, dentro dos padrões, cada material tem diferentes graus, diferentes níveis de tolerância, diferentes espessuras e acabamentos, então, novamente, é uma questão de determinar o que é necessário e, em seguida, o que é apropriado. E muitas vezes estamos nos certificando de que não estamos pagando um dólar a mais para fazer a coisa certa, porque se você especificar demais, também poderá se meter em encrencas. E é claro que códigos e padrões em todos os países são diferentes, e muitas vezes em cada estado são diferentes, por isso passamos muito tempo nos acostumando e aprendendo todos os códigos e padrões regionais para manter o ritmo, e é francamente muito difícil.
GC: Você costuma fazer sugestões de forma a tornar os edifícios mais sustentáveis?
MS: Sempre! Mas essas (decisões) não são unilaterais. Hoje em dia, é sempre um conjunto coletivo de metas estabelecidas no início. Você não pode fazer o seu trabalho se não souber qual é o objetivo. Não é como se você simplesmente jogasse tudo na mesa: podemos fazer isso e isso e isso, como em um menu. Talvez você possa, mas não é (necessariamente) bom. Então, alguém diz, em primeiro lugar temos o padrão Leed (Liderança em Energia e Design Ambiental), temos um padrão para as paredes, temos um padrão Zona Verde, temos o Breeam (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), qualquer que seja o padrão internacional e, em seguida, qual é o nível que estamos procurando fazer.
Às vezes, os clientes estão apenas dizendo: “nós, em primeiro lugar, queremos saber qual é o desempenho esperado por cada um desses benchmarks, mas não queremos as certificações; não nos importamos com as certificações, apenas nos preocupamos com desempenho. ”Então, é claro, quando você entende quais são os objetivos, fazemos essa primeira análise preliminar da configuração do prédio, a proporção entre janelas e paredes, a orientação, fazemos perguntas sobre alocação orçamentária, “você tem os códigos e as plantas (do local)?”, “você tem possibilidades geotérmicas no local?”, “você tem obrigatoriedade de usas energia renovável?”, uma constelação de fatores que estão disponíveis, mas você pode não ter como implantar qualquer um deles ou não ter como pagar por nenhum deles. Então, às vezes até mesmo a massa térmica, a proporção entre paredes e janelas (WWR), e o nível de isolamento térmico, com boa resistência passiva à infiltração de ar, são os pontos de referência rudimentares, para alcançar um edifício que também funciona muito bem, mas com um custo menor. Porque todas (essas coisas complicadas), como parede duplas, integração de energia renovável, sistemas geotérmicos, eles geralmente têm um preço alto. A energia geotérmica em alguns mercados é fácil e acessível, mas em outros lugares seu uso simplesmente não é viável.
GC: E essas soluções não são necessariamente relacionadas às fachadas…
MS: Sim, mas como você mesma me perguntou, nós frequentemente iniciamos essas coisas.
GC: Você oferece isso como uma sugestão...
MS: Sim, sempre conversamos sobre essas coisas. Por exemplo, temos um grande interesse em saber qual é a estratégia MEP (Mecânica, elétrica e hidráulica), porque ela também afeta o conforto térmico, afeta a forma como integramos a estrutura, o detalhamento da borda da laje e muitos sistemas MEP que estão explicitamente integrados na fachada. E onde as operações de fachada, particularmente quando se trata de sistemas de sombreamento, persianas, fachadas ventiladas ou solid-state switchable Technologies (22), como tecnologias eletrocrômicas de LCD, todas ligadas ao Sistema de Gerenciamento de Edifícios. E a sua autorização energética, a sua conformidade com o código de energia depende da integração de controles e da integração entre os projetos da fachada e das instalações prediais. Hoje em dia é muito integrado para certos tipos de edifícios. Se não nos importássemos com isso e se não pudéssemos contribuir com essa análise, ninguém se interessaria por nosso trabalho. Muitos projetos, como o Parlamento Canadense, ou o projeto Niarchos, são muito focados nas questões energéticas, exigindo essa colaboração.
GC: Vocês têm uma visão holística dos edifícios…
MS: Sim, mas tivemos que construí-la, não tínhamos essa visão há 16 anos. Nós tínhamos ideias sobre isso, mas não tínhamos o conhecimento. Isso faz com que seja mais difícil para as empresas jovens competirem conosco.
notas
9
Ver MCLEAN, William; SILVER, Peter; WHITSETT, Dason. Building with glass: Tim MacFarlane and the development of glass as a load-bearing structural element. James Campbell, Yiting Pan, Nina Baker et al (Org.). Building Histories: the Proceedings of the Fourth Annual Construction History Society Conference. Cambridge, University of Cambridge, 2017, p.457. Ver também: Gl&ss, Consulting Engineers <https://bit.ly/2QCFZyh>.
10
Website Design to Production <https://bit.ly/2RARUxU>.
11
High Line 23 / Neil M. Denari Architects. ArchDaily, 21 jul. 2009 <https://bit.ly/2QzRg2c>.
12
Website Neil M Denari Architects, Inc <http://denari.co/>.
13
2016 IALD Award Winners (33RD Annual). International Associations of Lightning Designers <https://bit.ly/2CvX1Lu>.
14
Morimoto Restaurant by Tadao Ando, New York. ArchiDE <https://bit.ly/2KqkFMW>.
15
Website REX <https://rex-ny.com/>.
16
Website Bjarke Ingels Group <http://www.big.dk/about#>.
17
BIG wins contest for San Pellegrino bottling factory in Italy. Dezeen, 15 fev. 2017 <https://bit.ly/2lPtX65>.
18
BIG unveils designs for The Spiral office tower in New York. Deezen, 8 fev. 2016 <https://bit.ly/2xIYcnU>.
19
Centro Cultural Fundação Stavros Niarchos / Renzo Piano Building Workshop. ArchDaily, 21 nov. 2016 <https://bit.ly/2ObwPff>.
20
Referindo-se ao ateliê oferecido na Escola de Arquitetura e Planejamento do MIT no verão de 2018. Ver: <https://bit.ly/2ynhoWO>.
21
Website HQ Architects <http://www.hqa.co.il/>.
22
A tecnologia Switchable Window permite adaptar o nível de transmissão de luz de uma janela de automóvel ou edifício, visando o conforto do usuário. O sistema permite manter a transperência ao mesmo tempo em que o calor dos raios solares é absorvido, ajudando a reduzir a necessidade de aquecimento ou resfriamento. Entre os diferentes tipos de Switchable Windows, algumas usam tecnologia de estado sólido.