Abaixo, segue o roteiro da entrevista elaborado pelos entrevistadores, que foi parcialmente seguido durante a realização da conversa.
bloco 01 – Erminia Maricato – a pessoa, a arquiteta, a acadêmica
[família, formação, iniciação ideológica, grupos, amigos, predileções, academia e produção intelectual, conceitos abstratos e intervenção na realidade]
Abilio Guerra: Você nasceu em Santa Ernestina, interior do Estado de São Paulo. Como foi sua trajetória de lá até a capital? Como você resolveu ser arquiteta?
Celso Sampaio: Antes de ingressar na USP, você foi assistente de Mayumi de Souza Lima na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São José dos Campos, a escola fechada em 1976 durante a ditatura. Como foi essa experiência?
Lizete Rubano: Em sua longa trajetória na universidade, quais são os momentos mais significativos?
João Whitaker: Sua atuação na academia é marcada pela “militância acadêmica”, que busca romper o isolamento universitário da realidade social-urbana do país sobre a qual deveria refletir. Como você enxerga o papel do professor universitário e pesquisador na área do urbanismo?
Celso Sampaio: Devido ao momento neoliberal, vivemos um momento de enfraquecimento da universidade pública e o espraiamento de empresas de ensino superior. Como isso impacta o ensino de Arquitetura e Urbanismo hoje no Brasil?
bloco 02 – Constituinte e governo de Luiza Erundina
[relação com a prefeita, equipe de trabalho, diretrizes, políticas públicas, implementações, limitações, fracassos]
Abilio Guerra: Como foi sua participação no movimento pela Reforma Urbana durante a Constituinte de 1988?
Celso Sampaio: Como foi a elaboração do plano de governo que elegeu Luiza Erundina? A Secretaria de notáveis foi constituído antes ou depois da eleição?
Lizete Rubano: Você se refere ao período de experiências habitacionais na gestão Erundina como “heroico” do ponto de vista das experiências de projeto. Você poderia explicar melhor essa afirmação?
João Whitaker: A incorporação da autogestão das associações de moradia pelo governo Erundina lhe valeu processos judiciais por décadas. Trinta anos depois, a experiência se tornou uma das modalidades institucionais do PMCMV – o “MCMV Entidades”. É uma satisfação ou foi muito caro o preço pago?
Lizete Rubano: Na área das políticas públicas em habitação no Brasil, quais outras experiências são referenciais?
Abilio Guerra: Como foi a reação da máquina administrativa preexistente diante da eleição de um partido de esquerda, de muitos novatos na política e com uma mulher no comando?
bloco 03 – Programas do PT e Ministério das Cidades
[militante, administradora pública, estrutura do ministério, estratégias de atuação, objetivos sócio-econômico-políticos, enfrentamentos ideológicos, equipe e Olívio Dutras]
Abilio Guerra: Você foi Secretária Executiva, Ministra Interina e Ministra das Cidades no período 2003-2005, durante parte do primeiro governo Lula. Como foi seu convite e como foi montada a equipe?
João Whitaker: Sua participação no Projeto Moradia pelo Instituto de Cidadania em 2000 foi uma experiência importante para seu trabalho no Ministério das Cidades? Ela permitiu dar um fio condutor ao Ministério?
Lizete Rubano: O que avançamos com um Ministério das Cidades? E o que perdemos com sua extinção em 2019? É necessário retomar a luta por sua recriação?
Celso Sampaio: Você participou da elaboração de muitos planos de governo para cidades brasileiras. Existia alguma intenção na elaboração destes planos de maneira a se constituir uma rede entre municípios e a nova articulação com os Estados e a Federação?
Abilio Guerra: Quais são as diferenças e semelhanças nas atuações da Secretaria de Habitação de uma grande cidade e do Ministério das Cidades em um país com tantas desigualdades sociais e regionais como o Brasil?
bloco 04 – BrCidades, pandemia e o futuro que nos aguarda
[constituição da ação, objetivos, participantes, abrangência, periferia, transformações possíveis, futuro]
Celso Sampaio: Você foi convidada pelo Levante Popular da Juventude para liderar um movimento por uma cidade mais justa e igualitária. Como nasceu a ideia do BrCidades? Como se estrutura a organização?
João Whitaker: O BR Cidades vem crescendo e se consolidando como um movimento de referência sobre a questão urbana, envolvendo diversidade de gerações, setores (mobilidade, habitação, saneamento etc.) e perfis (técnicos, acadêmicos, movimentos sociais). Como você enxerga o potencial do BR Cidades na luta pela reforma urbana no Brasil?
Lizete Rubano: Qual você acha que é o papel da rede BrCidades hoje nesse momento da pandemia, onde se escancaram as diferenças sociais e as condições de vida urbana?
João Whitaker: Como você vê a inserção de novas pautas (gênero, etnias, sexualidade etc.) na agenda urbana? Mudaram as cidades ou mudaram as formas de luta?
Lizete Rubano: A partir de sua experiência como gestora pública e militante de movimentos sociais, como você vê a relação entre as lutas institucional e social? E como vê o papel do poder local nos dias atuais?
Abilio Guerra: Recentemente, em um artigo, você ironiza a descoberta pela grande imprensa dos milhões de favelados no Brasil. Além de certo otimismo devido a moradia social se tornar tema de discussão, você faz no texto algumas recomendações de ações necessárias. Como você vê a situação depois de quase dois meses?
Celso Sampaio: O que foi importante para a revisão e/ou aprimoramento de seus conceitos intelectuais? Quais são suas referências? A administração pública modificou sua forma de pensar?
João Whitaker: Você, professora titular aposentada da FAU USP, com toda sua experiência e essa riquíssima história de militância, foi escolhida pelos jovens do Levante Popular da Juventude para lidera-los. Eles poderiam escolher lideranças da geração deles. O que significou para você esse respeito por sua trajetória?
Abilio Guerra: Como você vê o futuro das cidades e da própria sociedade? É possível construir um mundo melhor para a maioria?