Oscar Eduardo Preciado Velásquez: Esse trabalho comunitário, como começa? você vai diretamente, aparece diante de um líder comunitário? Ou eles procuram por você?
José Gómez: Trabalhamos sempre com comunidades organizadas, nunca trabalhamos com nada informal.
OEPV: Mas a comunidade procura por vocês?
JG: Sim, por exemplo, agora para aquele centro de operações, uma fundação que ajuda as pessoas nas ruas nos procura, elas não têm nada a ver com arquitetura, design ou construção, mas possuem muito poder de gerenciamento. Eles sabem como obter material, sabem como obter recursos; do político do vereador, eles se movimentam. Então eles dizem: “aqui nós temos esse dinheiro, isto é o que tem para fazer isso”.
OEPV: Mas você foi se apresentado para as comunidades organizadas.
JG: Sim, e além disso, trabalhamos, por exemplo, com outros grupos que são de gestão cultural, gestores que não têm apenas a ver com arquitetura. Por exemplo, com o Projeto Chacras, trabalhamos com um coletivo cultural, então imagina que eles trabalham na gestão e nós trabalhamos no projeto e construção e aí a gente se complementa. Em Huerto Manías, fizemos um jardim de inverno comunitário em Nayón (Pichincha), também com uma comunidade que trabalha com hortas com pessoas com capacidades diferentes. - Sr. José, queremos fazer um jardim de inverno para as hortas, legal, é uma oportunidade para demonstrarmos nossa capacidade e demonstrar nossa maneira de ajudar. Nós doamos o projeto e vamos ajudar a construir, a única coisa que pedimos é que nos paguem as despesas da viagem e eles disseram: - José, sim, nós lhe daremos a comidinha, vamos preparar aqui entre todos nós, lhe daremos um quarto e tudo, então convidamos, por exemplo o Asnel, que está estudando arquitetura, outra prima que está aqui... Então, sabe o quê? (a gente diz) vamos lá construir três dias. Existe um arejamento, existe um caminho ... Não é uma obrigação, mas é um estilo de vida e é assim que trabalhamos. Então eles conhecem o trabalho de outras comunidades, outras coisas, outras fundações e assim, vamos gerando (ao redor)... Para nós é como um alívio, como um frescor para o nosso trabalho diário, deste trabalho particular que fazemos, que nos dá dinheiro.
Porque se vivêssemos apenas disso, eu juro que agora estaríamos chateados e reclamando de todos, da vida mesma.
OEPV: talvez, esse trabalho altruísta que você está fazendo, talvez você não conseguisse fazê-lo da melhor maneira...
JG: Está certo, agora você estaria reclamando sobre o capitalismo, que nos mantém assim, e você até morreria reclamando sobre a sua vida toda. Eu escuto como alguns reclamam... eu realmente juro a você que sempre digo desde pequeno ... estou nem aí para o socialismo e o capitalismo em tudo ... Não, não, não, a única coisa que tenho presente é que eu preciso fazer. Eu tenho uma postura e minha postura é fazer. Eu tiro do capital o melhor, do capitalismo ou do socialismo o melhor ou do populismo o melhor ... de tudo o melhor, porque meu dever é cumprir. Não é que ... -José precisas ter uma postura clara ... se você é socialista, tem que ser socialista, isso é você, eu não trabalho desse jeito.
As pessoas não gostam de se sujar as mãos aqui e uma das coisas da universidade é que elas não estão nos ensinando a pensar, estão nos ensinando a obedecer, mas não a pensar. Então, como você vê, sempre temos que obedecer a um regime, sempre temos que ter uma linha de trabalho, então, minha postura pode ser essa, a postura (de um pouco) dessa liberdade de pensamento, liberdade de dizer que tal coisa pode funcionar para mim, isso pode funcionar para mim... Talvez outro diga -não... José, você precisa isto, aquilo... você pode dizer, todo mundo tem uma posição, mas isso não significa que funcionou para mim. Tudo o que posso dizer é que estou calmo, estou muito feliz, realmente essa tranquilidade me ajuda a fazer mais coisas.