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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Entrevista com o arquiteto português João Mendes Ribeiro (1960, Coimbra) a respeito de seu conjunto de obras, dos processos de trabalho e das correspondências e intersecções entre as disciplinas de arquitetura e cenografia.

english
Interview with the Portuguese architect João Mendes Ribeiro (1960, Coimbra) about his set of works, the work processes and the correspondences and intersections between the disciplines of architecture and scenography.

español
Entrevista con el arquitecto portugués João Mendes Ribeiro (1960, Coimbra) sobre su conjunto de obras, procesos de trabajo y las correspondencias e intersecciones entre las disciplinas de la arquitectura y la escenografía.

how to quote

DURAN, Nathalia Valença. João Mendes Ribeiro: intersecções. Entrevista, São Paulo, ano 23, n. 091.01, Vitruvius, set. 2022 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/23.091/8605>.


Peça Vermelhos, Negros e Ignorantes (1998), de Paulo Castro
Foto João Tuna [Acervo Teatro Nacional São João]

Nathalia Duran: Num trecho de seu doutorado (p. 371) você menciona “a abolição de fronteiras e a permeabilidade dos campos da arquitetura e artes cênicas”, dizendo que o que as articula é o espaço e a habitabilidade. Que importância atribui ao espaço? Ele é um elemento essencial da cenografia para teatro e dança? Como vê essa relação?

João Mendes Ribeiro: O espaço sempre relacionado com o corpo. Por exemplo, há uma coisa que é muito interessante, eu não consigo mostrar nenhum cenário que não estejam inscritos os intérpretes, são sempre fotografias com intérpretes, por ter essa relação com o corpo, embora nas fotografias seja o corpo estático, tem a ideia de movimento. Na arquitetura é um pouco ao contrário, não tenho fotografias com os clientes, há um ou outro caso, pois não sou eu quem fotografo, são os fotógrafos de arquitetura, colocam um corpo só para dar escala, mas não tem a ver com a vivência cotidiana. No caso da cenografia tem mesmo a ver com a cena, a inscrição do corpo é determinante, para se perceber a escala, o sentido do cenário e isso tem a ver com o tema que vem muito da arquitetura, a questão da habitabilidade do espaço cênico. Curiosamente há aqui uma espécie de paradoxo, a arquitetura, supostamente, tem a ver com uma ideia vivencial, a arquitetura faz os espaços para serem vividos. Como é que se habita aquele espaço? Mas quando eu trabalho na cenografia, aí eu não sou nada cenógrafo, para criar um ambiente estou preocupado em criar uma casa, transposta para o palco, tem a ver com o espaço, mas sempre na relação com o corpo, na relação com a vivência, com o corpo em movimento, não é um corpo estático, não é o modulor. Tem relação com o movimento mesmo, uma das coisas que eu desenhei muito foram objetos móveis e transportáveis, que tem a ver com a flexibilidade, com o próprio objeto com o qual os intérpretes se relacionam e se fundem. Essa ideia de ser móvel e mutante está relacionado com essa tentativa de ajustar o objeto à ação e ao corpo em movimento. Uma outra característica tem a ver com a utilização de materiais reais, eu não consigo cenografar nada, esse confronto existiu sempre no princípio, mas eu não consigo fazer isso, eu construo como faço na arquitetura, trabalho sempre a partir de materiais reais, se me pedissem uma pedra, eu dou-lhe a pedra, porque para mim o peso real da pedra é fundamental. A ação a partir do material real, do peso real.

Espetáculo Pedro e Inês, de Olga Roriz
Foto Alceu Brett [Acervo Teatro de Camões]

Os cruzamentos depois são diversos, não são estanques, isso eu acho que é a parte mais estimulante de trabalhar com as disciplinas que nos permitem de alguma forma definir também os limites da própria disciplina da arquitetura. É um entre disciplinas que não é fácil definir o que é, mas que alargam os limites da própria arquitetura. Essa é a parte mais estimulante, de alguma forma perceber que eu sou sempre um arquiteto, não vou falar de coisas que não conheço e que para mim são situações relativamente desconhecidas. Mas simultaneamente tentar perceber a partir da leitura da arquitetura, como arquiteto, como posso interagir com essas disciplinas e isso tem muito a ver com a cenografia. Essa possibilidade de abrir, em vez de fechar, esse espaço entre disciplinas que eventualmente se está por investigar, por fazer, e de alguma forma pode alargar os limites da própria disciplina. Não me interessa em nada deixar de ser arquiteto, a partir dai sempre, a partir dessa disciplina.

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