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my city ISSN 1982-9922

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TOCA FERNÁNDEZ, Antonio. Ronchamp: uma polêmica. Minha Cidade, São Paulo, ano 09, n. 104.04, Vitruvius, mar. 2009 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/09.104/1859/pt>.


Vista aérea, implantação do projeto [www.rpbw.r.ui-pro.com]


Croquis do projeto [Arqº Renzo Piano]

 

A Capela de Notre Dame du Aut em Ronchamp, de Le Corbusier, foi inaugurada em 1954. Desde o princípio representou um rompimento com a estética da máquina, que o mesmo Le Corbusier havia proposto em textos e obras. A Capela se converteu em um lugar de peregrinação para arquitetos, estudantes e turistas de todo o mundo, que anualmente somam mais de cem mil visitantes. Frente à pressão por melhores instalações para receber essa quantidade de visitantes, a Association Oeuvre Notre Dame du Aut, a mesma que encarregou Le Corbusier da Capela, decidiu em 2005 construir um centro que permitiria um melhor acolhimento e não interferiria na imagem do edifício. Este novo centro de visitantes substituirá o existente e um estacionamento. Terá, além disso, um convento para 12 monjas e um oratório. O projeto foi encarregado, pela mesma associação, ao arquiteto Renzo Piano.

A nova construção ficará abaixo da terra e não será visível da colina, onde se encontra a Capela. O projeto, tal como o descreve a associação: “é humilde, respeitoso, harmônico e sutil; uma obra quase invisível”. Além disso, o reconhecido prestígio de Piano como arquiteto cujas obras são de grande qualidade, sem importar seu tamanho, garante que esta pequena obra seja realmente valiosa. O projeto de Piano foi aprovado – por unanimidade – pela Commission Nationale des Monuments Historiques da França, e pela Prefeitura local.

Contudo, frente o anúncio do início da obra, se produziu uma polêmica que polarizou as opiniões favoráveis e contrárias. A favor deste projeto estão Tadao Ando, Cecil Balmond, Maximiliano Fuksas, Nicholas Grimshaw, John Pawson e o presidente da Association des amis de Le Corbusier. Contra, estão o presidente da Fundación Le Corbusier e algumas personalidades como Phyllis Lambert (que contratou Mies van der Rohe para desenhar o edifício Segram's), Rafael Moneo, César Pelli y Richard Meier.

É curioso que durante muitos anos ninguém protestou contra um edifício enorme, que serve como bilheteria e loja e que oculta toda a Capela quando se chega à explanada do estacionamento. Entretanto agora, que foi anunciado o projeto de Piano, se desenrolou uma polêmica entorno da preservação da imagem da obra de Le Corbusier – que se caracterizou por não ter o mínimo respeito por outras construções que não as suas. Como exemplos, temos seu plano Voisin (1925) para o centro histórico de Paris; o plano Obús em Argel (1934); o modelo de sua Ville Radieuse (1935), que serviria para implantar: “sua revolução na exploração do solo urbano”; e seu último projeto, o Hospital de Veneza (1964). Resulta paradoxal, portanto, que a obra de um arquiteto que não mostrou nenhum apreço pela preservação do entorno construído, ou pela integração da arquitetura com a paisagem, seja agora defendida com os mesmos argumentos que Le Corbusier desprezou tanto; basta recordar que a Capela de Ronchamp foi construída sobre a colina.

Sem dúvida a Capela é uma obra extraordinária; contudo, parece que o projeto de Piano não o ameaça de nenhuma maneira. Apresenta-se como uma intervenção cuidadosa, que evita qualquer contraste com a famosa Capela; frente a isso, os ataques parecem exagerados. Pelas reações, parece que o mestre conseguiu que seus numerosos discípulos e partidários sejam muito mais cuidadosos com seu legado, que o próprio Le Corbusier com o de muitas cidades. A surpresa é que como antes fez Cid, mesmo morto Le Corbusier segue travando grandes batalhas.

maiores informações

Projeto Renzo Piano: www.rpbw.r.ui-pro.com
A favor do projeto: www.amis-de-le-corbusier.fr
Contra o projeto: www.fondationlecorbusier.asso.fr

sobre o autor

Antonio Toca Fernández, arquiteto pela Universidade Iberoamericana, México, arquiteto do Pavilhão da América Latino na ExpoAgua (Zaragoza, 2008), membro do Jurado da Bienal Iberoamericana de Arquitetura (2006), membro do Jurado do Premio CEMEX, Monterrey, autor do livro "América latina: nueva arquitectura", Editorial Gustavo Gili, Barcelona

tradução Felipe Contier

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