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my city ISSN 1982-9922

abstracts

português
Leia artigo sobre o projeto do Museu e Centro de Pesquisa Mundial do Mamute e do Permafrost, projeto de Thomas Leeser em Yakutsk, capital da República de Sakha, na Sibéria, a maior cidade do mundo construída sobre permafrost

english
Read article about the design of the Museum and Research Center of the World Mammoth and Permafrost, Thomas Leeser project in Yakutsk, the capital of the Republic of Sakha, Siberia, the largest city in the world built on permafrost

español
Lea el artículo sobre el proyecto del Museo y Centro de Investigación Mundial del Mamut y del Permafrost, proyecto de Thomas Leeser en Yakutsk, capital de la República de Sakha, en Siberia, la mayor ciudad del mundo construida sobre permafrost

how to quote

MASSAD, Fredy; GUERRERO YESTE, Alicia. Sobre solo congelado. Minha Cidade, São Paulo, ano 10, n. 113.03, Vitruvius, dez. 2009 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/10.113/1822/pt>.


Visão externa do museu [Leeser Architecture]


Yakutsk, na Sibéria, tem um dos níveis de oscilação de temperaturas entre estações mais altos da Terra. É possível que se produza uma diferença de quase 60ºC entre as temperaturas hibernais e as estivais: enquanto a temperatura média do mês de janeiro se encontra abaixo dos -41ºC –uma das mais frias do planeta-, no verão podem ser registradas temperaturas superiores aos 30ºC. Yakutsk, capital da República de Sakha, é também a maior cidade do mundo construída sobre permafrost – a camada de gelo permanentemente congelada nos níveis superficiais do solo nas regiões periglaciares e o hábitat natural no qual se encontraram conservados restos de mamutes. Esta extrema especificidade que designa as condições climáticas e geológicas constitui o desafio ao qual se depara Thomas Leeser (www.leeser.com), o arquiteto responsável pelo novo edifício que acolherá o Museu e Centro de Pesquisa Mundial do Mamute e do Permafrost e que se levantará em 2009 aos pés da colina Tchoutchour Mouran, na zona oeste da capital.

Leeser, ganhador do concurso internacional convocado para este projeto, concebeu um edifício que propõe um programa interior onde se hibridam eficientemente as funções de um museu público e de um centro científico de pesquisa cuja estrutura deve ser capaz de se adaptar às extremas condições climáticas e não prejudicar o permafrost sobre o qual será construído. Com este objetivo, Leeser desenhou um volume que se ergue seis metros sobre o nível do solo, sustentando-se numa série de pilares em forma cônica, que reduzem a transmissão de calor por contato do edifício à termalmente sensível superfície do solo, evitando a possibilidade de que este se rache. Para desenhar a estrutura do edifício, Leeser procurou adaptar-se às condições geográficas de implantação, de forma que o volume em forma de caixa se eleve até o ponto em que se encontra com a linha de ascensão da colina.

O edifício será recoberto por uma pele concebida como uma série de formas geométricas, principalmente triangulares, que aludem à variedade de efeitos do permafrost ao longo de seus ciclos. A qualidade diáfana deste recobrimento, elaborado com uma dupla camada de vidro superisolante, preenchendo com um material isolante semitranslúcido, permitirá uma elevada penetração de luz natural que se reverterá em economia energética. Também na superfície da cobertura, serão instalados diferentes cones que atuarão como lanternas para captar a luz solar, que alterarão o impacto eólico sobre o edifício e estarão equipados com monitores que atravessarão a neve acumulada com o objetivo de permitir a passagem da luz natural e evitar a perda de calor interno. Um sistema de iluminação artificial, reguladores térmicos e sistemas de ventilação completariam o complexo sistema de abastecimento energético deste edifício que Leeser tem como objetivo fazer depender o mínimo da rede elétrica.

A arquitetura de Thomas Leeser, que foi colaborador próximo de Peter Eisenman e desenvolveu sua concepção arquitetônica imerso na indagação de uma reformulação arquitetônica através do pensamento e das ferramentas digitais, propõe uma reconceitualização do edifício: em suas proposições deixa de ser concebido como máquina mecânica para passar a ser compreendido como um organismo cibernético.

O edifício conterá três níveis e um espaço organizado por escadas de aço e duas grandes colunas de concreto. O museu e suas zonas de serviço se situarão no nível superior. Este se encontrará conectado a um circuito fechado que mostrará parcialmente o trabalho de pesquisa que os cientistas realizarão nos níveis inferiores do edifício, evitando a interferência do público, e conduzirá às galerias subterrâneas, sob o permafrost, onde será exibido, com grandes precauções, o fóssil completo de um mamute lanoso recentemente descoberto na zona.

Dois amplos jardins criarão ambientes interiores com duas finalidades: incrementar a qualidade estética e psicológica do espaço do edifício – especialmente para os pesquisadores, que terão acesso a eles – já que permitem uma relação com os elementos vivos da natureza ao longo do ano neste lugar onde a paisagem dos meses hibernais é desolada. Por outro lado, servirão para usar o musgo e a vegetação autóctone da Sibéria para depurar o ar e contribuir para a regulação da umidade no interior do edifício.

A arquitetura de Leeser é uma referência para examinar as adaptações da arquitetura ao ambiente tecnológico contemporâneo e com este projeto o autor demonstra como o aparato tecnológico permitirá a construção de edifícios em condições altamente complexas. Leeser se distingue das aproximações de muitos de seus pares por compreender que o sentido da tecnologia não é aplicar seu uso na geração de enteléquias maneiristas, mas que a pesquisa com técnicas avançadas e novos materiais permita a possibilidade de gerar entidades arquitetônicas vivas, no sentido de que se adéqüem às condições contextuais, produzindo um novo modo de integração do edifício em seu entorno. Por outro lado, a complexidade espacial derivada de uma concepção morfológica baseada na dobra do entorno e na continuidade da superfície – já estudadas em sua proposta para o Museu Eyebeam – oferecem como resultado uma ductilidade formal e uma continuidade espacial que permitem repensar as formas de relação do usuário com o edifício, assim como sua funcionalidade.

O Museu e Centro de Pesquisa Mundial do Mamute e do Permafrost será um objeto ímpar, um edifício concebido a partir da noção da absoluta fragilidade do solo de gelo onde estará situado.

nota

As imagens selecionadas para ilustrar este artigo mostram a complexidade do edifício, a área de acesso e também uma das zonas interiores do futuro museu

sobre os autores

Fredy Massad e Alicia Guerrero Yeste estabeleceram a ¿btbW/Architecture em 1996, dedicando seu trabalho conjunto à pesquisa crítica sobre a arquitetura contemporânea

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