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my city ISSN 1982-9922

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Requalificação do Distrito Industrial de Montes Claros, buscando o redesenho urbano, priorizando espaços públicos, multifuncionais, proporcionando sistemas de infraestruturas integradas, adensamento com diversificação de usos, compondo a trama do espaço.

how to quote

NETTO, Marco Antonio Souza Borges; ARAÚJO, Hélen. Repensando o espaço urbano. Requalificação do Distrito Industrial de Montes Claros. Minha Cidade, São Paulo, ano 17, n. 197.02, Vitruvius, dez. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/17.197/6312>.



Montes Claros, cidade localizada no norte de Minas Gerais, assim como muitas cidades em desenvolvimento, a indústria e o comércio são atividades com grande força econômica.  O município conta com um Distrito Industrial que como a maioria dos distritos, é situado na “área periférica” do espaço urbano, com uma área de aproximadamente 5,2 milhões de m² e conta com unidades produtivas que são importantes para o cenário econômico nacional e mundial.

Banco moldado in loco
Imagem divulgação

No entanto, é perceptível uma queda no desenvolvimento do Distrito Industrial, segundo o estudo sobre a segregação da cidade de Montes Claros realizado pelo departamento de geoprocessamento da Universidade Estadual de Montes Claros (1), isso tende a ser consequência da falta de projetos de infraestrutura adequados para a região e pelos fins dos incentivos fiscais originários da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene, refletindo em todo o espaço que hoje, apresenta grande quantidade de vazios, lugares ociosos, degradados e subutilizados.

As cidades, consideradas por Richard Rogers como “habitat da humanidade”, constituíram-se no grande agente destruidor do ecossistema e de ameaça à sobrevivência da própria humanidade (2). Rogers constata que, atualmente, as pessoas se lembram das cidades muito mais como cenário de automóveis e de edifícios do que por suas ruas e praças – espaços coletivos –, muito mais pelo isolamento social, poluição, medo da violência, local de consumo e pela busca insaciável de lucro do que pela comunidade, participação, espírito cooperativo, beleza e prazer. E é o que acontece com Montes Claros, notadamente no Distrito industrial.

Espaço convivência
Imagem divulgação

Diante da realidade atual, faz-se necessário um novo olhar para este espaço urbano. A requalificação da área do Distrito Industrial de Montes Claros busca o redesenho urbano priorizando espaços públicos, multifuncionais, promoção da continuidade urbana proporcionando sistemas de infraestruturas integradas, ocupações e adensamento com diversificação e mistura de usos e de usuários compondo a trama do espaço e o seu desenvolvimento de forma ordenada e planejada. Mas, como propor uma requalificação com ocupações de seguimentos distintos e usos diferenciados fazendo com que isso seja um benefício e os mesmos não entrem em conflito, se tornando um problema para a região?

Hoje as cidades sofrem o fenômeno do urbanismo disperso, que segundo Geovany Jessé Alexandre da Silva e Marta Adriana Bustos Romero (3), exige o aumento do uso de veículos para mercadorias e transporte, pois as distancias entre os diferentes usos são cada vez maiores, em consequência são gerados fatores negativos como poluição do ar, pavimentação excessiva do espaço urbano, impermeabilização do solo, proporcionando enchentes e impactando todo o clima. Com proposta contrária a esse modelo é necessário um modo de adensamento e modelo urbano que atenda a atual necessidade de ocupação dos espaços urbanos. A integração promove a redução de caminhos uma vez que, habitação, lazer, serviços e trabalhos se localizam em um mesmo local, o uso misto é uma das principais estratégias para tornar a cidade mais acessível, pois contribui para a aproximação entre a moradia e a oferta de comércio, serviços e equipamentos, promovendo assim espaços urbanos dinâmicos e equilibrados, incentivando o uso da bicicleta e o caminhar, remetendo ao conceito de cidades compactas que é compatível com a multifuncionalidade e com a predominância de transporte coletivo eficiente. As ruas e demais espaços coletivos, serão de domínio da população; “do pedestre e da comunidade”. Sendo uma área periférica acarretará a descentralização urbana, afetando diretamente o entorno, transformando em um espaço menos segregado, aproximando as oportunidades de emprego e moradia.

Trilha
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As cidades têm como característica uma diversidade de usos complexa e densa. Dessa forma, o planejamento deve catalisar e nutrir estas relações funcionais, ou relações de usos (4) e o projeto, produto final de Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, apresentou os principais objetivos:

  • garantir o direito a cidade;
  • garantir função social da propriedade;
  • permitir a permanência de indústrias e a implantação de novas, que desempenham com qualidade a sua função social.

Bicicletário
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Contudo, para garantir o uso controlado da área a proposta de um plano é fundamental para que as ideias sejam consolidadas. Assim, foi feita a elaboração de um novo zoneamento, diferente do existente hoje na cidade, com propostas e diretrizes específicas para ocupação, com base em um diagnóstico que se apresenta abaixo:

  • manter e permitir a ocupação industrial na macro-área técno-econômica de indústrias de pequeno a grande porte, por ser a localização adequada para as atividades industriais, implantação de comércios e prestação de serviços diversificados;
  • recuperação de áreas ociosas, desenvolvimento de áreas desocupadas e promoção de novos usos, em questão, tanto econômica, ambientalmente e socialmente;
  • promoção de desenvolvimento diferente do atual, que se baseia no crescimento desordenado e na configuração de espaços excludentes, desiguais, descontínuos e mal conectados.

Anfiteatro
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As ruas da cidade têm vários fins além do tráfego de veículos. Da mesma forma que as calçadas têm outros papéis além de acolher pedestres. As ruas e calçadas de uma cidade são seus órgãos mais vitais. Se parecem interessantes, a cidade parecerá interessante. Se as ruas são seguras, a cidade estará livre da violência e do medo. A calçada que funciona é uma barreira ao crime. Precisa ser movimentada de noite e de dia por diferentes populações no caminho para o trabalho, casa ou lazer. Enquanto isso, os proprietários e vizinhos mantêm os olhos sobre as ruas (5).

Nesse sentido, foi proposto:

  • calçadas e vias: calçadas com 2,0m livres para pedestres, em boas condições. Vias entre 6,0 e 9,0m de largura;
  • árvores e canteiros: Árvores em canteiros lineares com no mínimo 1,8m de largura; árvores com troncos de ø ≥ 90cm, espaçadas a cada 4,5 a 9m. As árvores oferecem sombreamento. Sem linhas aéreas de serviços públicos;
  • distribuição logística: gerenciar os fluxos de cargas, implantando armazéns de logística em vias estratégicas e de fácil acesso, que atenda indústrias de pequeno a grande porte, transferindo as cargas para veículos adequados à distribuição na área;
  • parques e estacionamentos: estacionamento em ambos os lados da rua, o estacionamento é permitido 24 horas por dia; parques com pisos secos ou gramados a no máximo 300m da maioria das casas;
  • conectividade: a maioria das conexões entre quadras é a cada 90 a 180m; quando as quadras são mais longas, trilhas ou outros passeios mantem a conectividade;
  • acessos de automóveis: Implantação de política de estacionamento em vias públicas levando em conta a fluidez dos veículos em especial o transporte público coletivo e não motorizado, e as características do uso do solo;
  • circuito de ciclovia: rotas de ciclismo  na qual será interligada uma nova ciclovia até a ciclovia existente na Avenida Aminthas Jacques de Morais que será recuperada.

Sistema de mobilidade
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Os Planos de Bairros podem criar sistema de ciclovias e/ou ciclofaixas complementar para alimentar essas ciclovias garantindo sua inserção no cotidiano da cidade como um modo efetivo de transporte:

  • deve ser delimitadas áreas destinadas para bicicletário junto ao parque Linear, locais públicos, praças e em todas as estações de transporte público coletivo, permitindo assim a integração modal.

Também foi proposto um parque linear e ruas verdes. Os parques de bairros são elementos que contribuem para a vitalidade urbana.

Brinquedo estilo casinha e escorrega moldado in loco
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notas

NA – o  presente texto é baseado no Trabalho Final de Graduação elaborado por Hélen Araújo, com orientação de Marco Antonio Souza Borges Netto e coorientação de Renata Herculano, que foi apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Santo Agostinho de Montes Claros em julho de 2016.

1
Esdras, Marcos; Pereira, Ramony; Magno, Carlos. Segregação espontânea na cidade de montes claros/mg: uma análise auxiliada pelo sensoriamento remoto. Montes Claros, Departamento de geoprocessamento da Universidade Estadual de Montes Claros, 2010.

2
ROGERS, Richard. Cidades para um pequeno planeta. Barcelona, Gustavo Gili, 2001.

3
SILVA, Geovany Jessé Alexandre da; ROMERO, Marta Adriana Bustos. O urbanismo sustentável no Brasil. A revisão de conceitos urbanos para o século XXI (Parte 02). Arquitextos, São Paulo, ano 11, n. 129.08, Vitruvius, fev. 2011 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.129/3499>.

4
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo, WMF Martins Fontes, 2009, p. 13.

5
NETO, Ednaldo; PALACIOS, Maria das Graças. Vitalidade urbana em Jane Jacobs. Urbicentros, Salvador, 22-24 out. 2012, p. 4 <www.ppgau.ufba.br/urbicentros/2012/ST238.pdf>

sobre os autores

Marco Antonio Souza Borges Netto é mestre em Ciências Sociais e especialista em Planejamento Ambiental Urbano pela PUC-Minas, e professor dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil da Faculdade Santo Agostinho.

Hélen Araújo é arquiteta e urbanista formada pelo curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Santo Agostinho.

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