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my city ISSN 1982-9922

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O projeto ZL Vórtice, liderado por Nelson Brissac, promoveu, em conjunto com a Associação dos Moradores do Jardim Pantanal – Amojap, um encontro de avaliação das propostas de pavimentação de calçadas em desenvolvimento para a área.

how to quote

BRISSAC, Nelson. Jardim Pantanal. Desenho, fabricação, pavimentação. Minha Cidade, São Paulo, ano 23, n. 273.04, Vitruvius, abr. 2023 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/23.273/8771>.



O projeto ZL Vórtice promoveu, em conjunto com a Associação dos Moradores do Jardim Pantanal – Amojap, em 14 de abril de 2023, um encontro de avaliação das propostas em desenvolvimento para a área.

Foram apresentados os procedimentos de desenho e modelagem de calçadas, elaborados por Regina Silveira. A artista realizou diversas oficinas com os moradores, desenvolvendo com eles figuras e padrões cromáticos específicos para a comunidade. O projeto é baseado no princípio de composição: cada lajota é dividida em quatro seções ortogonais, que podem ser pigmentadas separadamente. A montagem do mosaico deve seguir um guia, em que cada elemento é numerado, para o encaixe das peças. Com isso pode-se criar imagens e inscrições, conforme são posicionados os pisos, de acordo com o desenho proposto.

Apresentação de Regina Silveira da proposta de calçadas coloridas
Foto divulgação

A serem instaladas em pontos estratégicos do Jardim Pantanal, como as margens dos córregos, as calçadas coloridas buscam configurar espaços públicos, que fortaleçam o pertencimento ao lugar. O encontro serviu para escolher o design dos protótipos que serão proximamente produzidos e para discutir o processo de montagem dos mosaicos, a partir do guia que indica a posição das peças. A adoção, pelos moradores, da técnica de modelagem com numeração das peças instrumenta a comunidade para a implantação de calçadas com desenhos coloridos complexos, em diferentes trechos do bairro.

O engenheiro Rafael Pileggi, do Laboratório de Microestruturas e Ecoeficiência da Poli-USP, apresentou a tecnologia de moldagem e pigmentação dos pisos, trabalhada em oficinas de capacitação com os moradores. O LME desenvolve materiais que reduzam os impactos ambientais. A dosagem do concreto é um aspecto importante da tecnologia: ela garante o desempenho previsto do material e evita o uso excessivo de cimento. O acompanhamento dos insumos, a calibragem da mistura feita pelos moradores, visa manter o desempenho do composto utilizado, assegurando os teores adequados. A técnica da pigmentação do concreto, por outro lado, deve garantir a constância cromática do piso.

Apresentação de Rafael Pileggi da proposta de pavimentação com blocos de concreto intertravados
Foto divulgação

A proposta consiste em fabricar no local os blocos de concreto que vão compor o pavimento. As fôrmas são moldadas e fabricadas com polímeros plásticos flexíveis, de modo a permitir a desmoldagem manual pelos moradores. Cada peça é preenchida por camadas de concreto e pigmento, de acordo com o desenho da calçada. O procedimento, desenvolvido nas oficinas, requer a habilitação dos moradores no preparo do concreto, no preenchimento das formas e na sobreposição de camada de pigmentos, conforme o desenho de cada peça. Além da desmoldagem posterior dos blocos coloridos.

O encontro serviu para sumarizar o sistema produtivo testado com os moradores e definir o encaminhamento da construção dos protótipos. A fabricação dos pisos em escala demanda a instalação de uma unidade de produção, dotada dos equipamentos básicos necessários, e a organização do processo de trabalho. A viabilização da produção do pavimento do Jardim Pantanal pelos próprios moradores requer a participação ativa da comunidade em todas as etapas de fabricação da infraestrutura.

Verificando os desenhos propostos para as calçadas
Foto divulgação

O pavimento é concebido para contribuir para mitigar os efeitos de enchentes e deve ser integrado a dispositivo de drenagem. Ele é feito com peças de concreto intertravadas, divididas por canaletas que servem para escoar a água de chuva, que deve se infiltrar no espaço entre elas até a base em que estão assentadas. Essa base então retém a água, reduzindo o volume e o pico da vazão do escoamento superficial, e escoando lentamente para um corpo d’água próximo.

Alex Gonçalves, de ZL Vórtice, apresentou o resultado de oficinas de levantamento urbano realizadas em ruas do bairro. A proposta consiste no registro em mapas, pelos moradores, dos elementos que incidam sobre um projeto de pavimentação e drenagem da área. Os mapas (desenho da pavimentação proposta, problemas de drenagem, declividades e empoçamento) foram elaborados combinando bases cartográficas públicas, levantamento topográfico realizado pela Sabesp, modelo digital de terreno do Lidar e imagens de satélite. O conjunto constituiu um caderno de campo, utilizado nos percursos pelos moradores.

Apresentação de Alex Gonçalves do levantamento urbano realizado com os moradores
Foto divulgação

Foram anotadas as possíveis interferências no desenho do pavimento, como árvores, postes e rampas de garagem, que devem ser incorporadas no projeto. Também os problemas de drenagem nas ruas, como desníveis entre a rua e as moradias, e outros fatores que contribuem para o escoamento ou empoçamento. As declividades irregulares: as variações de direção da drenagem, indicando áreas de empoçamento. Em pauta o desafio de implantar pavimentação em área sujeita a enchentes, em que o acúmulo de água pode provocar colmatação, afetando a estabilidade da infraestrutura urbana.

Moradora conversa com Regina Silveira e Nelson Brissac
Foto divulgação

Por fim, foram também registradas as possibilidades de desenho do pavimento, as áreas disponíveis para calçadas e vias de trânsito, considerando as variações na largura das ruas. O resultado posto para avaliação são mapas com indicações geolocalizadas, acompanhadas por fotografias, dos diferentes elementos e interferências detectados. O desenvolvimento de um instrumental cognitivo e operacional, a partir de temas de interesse dos moradores e de uso acessível a todos é condição para assegurar a participação da comunidade na urbanização do Jardim Pantanal.

Estiveram presentes representantes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras – Siurb e da Comissão de Acessibilidade da Prefeitura – CPA.

Avaliação com os moradores dos blocos para pavimentação
Foto divulgação

sobre o autor

Nelson Brissac é filósofo, trabalhando com questões relativas à arte e ao urbanismo. Organizou Arte/Cidade, um projeto de intervenções urbanas em São Paulo. É autor dos livros Paisagens críticas – Robert Smithson: arte, ciência e indústria (Editora Senac, 2010) e Arte/Cidade Zona Leste (Editora Dardo, Espanha, 2011). Atualmente desenvolve o projeto ZL Vórtice, no Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo.

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