A memória do território como construção da cidadania.
O núcleo histórico: a memória histórica revalorizada.
As bordas: o parque envoltório e a memória ambiental.
O núcleo histórico tombado: a memória edificada
Trabalha-se, no centro histórico, com o conceito da memória edificada revalorizada, através dos seguintes parâmetros de intervenção:
1. Recuperação do patrimônio arquitetônico tombado: desenvolveu-se um conjunto de diretrizes urbanísticas de ocupação do território privado, um “zoneamento incentivado”, aliado a instrumentos legais para a sua implementação [leis de incentivo cultural]. Objetiva-se manter a ambiência tombada e recuperar o patrimônio, mas também incentivar novos usos.
2. Redesenho dos espaços públicos e qualificação do mesmo enquanto ponto de encontro da população, através de novo desenho geométrico, pisos, vegetação e equipamentos urbanos. Trata-se de criar, na área envoltória da Igreja Matriz, uma sala de estar urbana.
3. Complementando o item anterior, propõe-se uma reorganização dos fluxos viários e peatonal. A área central, junto à Igreja Matriz, tem seu fluxo viário restringido ao horário noturno – o acesso é controlado por barreiras móveis - e os percursos didático-históricos recebem tratamento de piso preferencial ao pedestre.
4. A reciclagem arquitetônica é incentivada, no sentido de preservar o patrimônio e dotá-lo de usos contemporâneos. Como possibilidade indicativa desta postura, desenvolve-se um anexo à Casa Anhanguera: o Museu da Cidade, tirando partido da topografia acentuada, encaixa-se sob a Praça 14 de Novembro e tem acesso em nível a partir do existente Museu Anhanguera.
5. Para a normatização de desenho urbano, desenvolve-se um sistema padrão que não concorre com o ambiente tombado: uma família de equipamentos/mobiliário urbanos e de comunicação visual privada/comercial e urbana/pública. Propõe-se, como diretriz, o enterramento da fiação elétrica em toda a área tombada e a substituição do piso asfáltico viário por paralelepípedos com juntas de grama e lajões de pedra.
6. Os vazios como expressão da ausência: os miolos de quadra, restritos e em declive acentuado, permanecem não construídos. Respeita-se o patrimônio existente, inclusive como testemunha do que se perdeu ao longo do tempo. Como diretriz para reformulação de quadra, respeitosa ao patrimônio, propõe-se apenas o aumento da densidade arbórea, pequenas aberturas para maior fruição urbana e a instalação de pequenos equipamentos anexos às edificações comerciais.
As bordas: um parque envoltório, a memória ambiental
A memória ambiental que complementa e integra o patrimônio tombado, desenvolve-se através do parque envoltório, conforme:
1. O parque envoltório configura-se como ampliação do percurso histórico e configura um cinturão de vegetação de proteção ambiental.
2. O parque junto à várzea do rio Tietê tem com ocupação restrita e respeitosa à várzea inundável. Na cota baixa propõem-se apenas percursos para pedestres e ciclistas, campo de futebol e quadra poliesportiva, anfiteatro e arena [encenações religiosas]: trata-se de ocupação que determinadas épocas do ano é sobreposta pelas águas do rio. As “passarelas-deck”, elevadas [um metro acima do nível máximo de inundação do rio], se interligam ao centro histórico e, nas épocas de cheia, transformam-se num “passeio sobre as águas”. Trata-se da valorização do ambiente natural e ocupação sob o “princípio do impacto zero”.
3. O parque alto configura uma integração com o núcleo histórico e com o parque baixo. Possui ocupação esportiva na faixa ganha com o enterramento de trecho de cem metros da linha de alta tensão existente [solução técnica possível, com relação custo-benefício vantajoso, existente em São Paulo e atualmente em negociação entre o condomínio de Alphaville e a Eletropaulo].
4. Os novos eventos ocorrem ao longo do parque envoltório, através de percursos didático-ambientais, passarelas de integração ao núcleo histórico, elevador com restaurante-mirante, áreas de lazer descobertas e áreas de apoio sob marquises, o percurso museológico [Museu Edgar de Souza, antiga barragem, arena para encenação da Paixão de Cristo] e o “modelo-Tietê”: representação lúdico-recreativa do percurso do rio Tietê ao longo do Estado de São Paulo para uso também como balneário.
5. Para os morros propõem-se diretrizes para a sua ocupação controlada sob o “princípio do impacto zero” [águas e mata], procurando deter a ocupação indesejável e constituir novo modo de ocupação, com maior índice de proteção ambiental [50%]. As diretrizes urbanísticas apontam também para a participação comunitária na necessária educação e conscientização ambiental.