Ata da comissão julgadora
A Comissão Julgadora foi instalada às 9,00 horas do dia 05 de junho de 2003, na sede do IAB-RS, sendo composta pelos três membros titulares indicados pelo IAB-RS, Arquitetos Cláudio Araújo, Telmo Borba Magadan e Silvio Belmonte de Abreu Filho, pelo membro titular Arq. Eliane Sprandel e pelo suplente, Arq. Roberto Becker, substituindo o segundo titular, ambos indicados pelo Promotor. A seguir, a Comissão reuniu-se com a presença do Coordenador do Concurso, Arq. Alberto Ott, dos membros da Comissão Deliberativa, e da suplente IAB-RS Arq. Flávia Boni Licht, para definir a agenda dos trabalhos e os procedimentos a serem seguidos no julgamento. Inicialmente, foi escolhido unanimemente o Arq. Cláudio Araújo como presidente da Comissão Julgadora, e indicado o Arq. Silvio Belmonte de Abreu Filho como seu relator. Após decisão de iniciar imediatamente o processo de julgamento, foi estabelecido o período da manhã e tarde do dia 05 para avaliação individual dos trabalhos pelos membros da Comissão, com reunião ao final da tarde para avaliação conjunta e cotejamento de opiniões e críticas sobre os mesmos, procurando-se chegar a uma seleção preliminar e, se possível, a uma primeira definição sobre destaques e premiação. Se necessário, o processo de julgamento seria estendido ao dia 06 de junho, prazo entendido como final para a conclusão dos trabalhos da Comissão Julgadora, de acordo com uma primeira avaliação do volume e complexidade dos trabalhos expostos.
A seguir, a Comissão passou à definição dos critérios a serem seguidos para avaliação dos trabalhos, a saber: 1. Atendimento ao edital em termos de formato, elementos mínimos e programa; 2. Estratégia de projeto com relação ao prédio anexo e ao sítio; 3. Concisão e economia de meios na proposta arquitetônica; 4. Caráter e representatividade da solução proposta; 5. Qualidade dos espaços públicos e coletivos; 6. Atendimento à legislação (“aprovabilidade” da solução proposta) e acessibilidade. A seguir a Comissão convidou e recebeu em separado pelo Agente Promotor do Concurso o Deputado Cézar Schirmer, Presidente do PMDB-RS, que enfatizou os critérios considerados fundamentais pelo Promotor, notadamente a necessidade de viabilização do empreendimento, a hierarquia dos espaços públicos e coletivos previstos pelo programa sobre os privados, e o reconhecimento do caráter representativo e simbólico do projeto (em seus próprios termos, a “fachada”). Verificou-se, com satisfação, que todos estavam contemplados entre os critérios de avaliação e julgamento previamente definidos.
A Comissão recebeu ainda manifestação escrita da suplente Arq. Flávia Licht, alertando para a necessidade de atendimento à legislação específica sobre eliminação de barreiras arquitetônicas em edificações e logradouros públicos, com vistas a assegurar igualdade de acessibilidade (Lei Municipal 8317/99 e NBR 9050/94, atualmente em reavaliação na ABNT), que entende oportuna e de comum acordo passa igualmente a constituir critério básico de avaliação.
Com base nesses critérios, procedeu-se a avaliação dos 41 trabalhos expostos, inicialmente de forma individual, ao longo do final da manhã e toda a tarde, e posteriormente conjunta, ao final da tarde, chegando-se à seleção de uma dezena para exame e debate mais rigoroso e aprofundado por parte da Comissão com vistas à escolha e premiação. Destaque-se que os selecionados ilustram o bom nível de qualidade médio dos trabalhos entregues, sendo representativos das diversas respostas ao problema de projeto colocado pelo Concurso, criativamente traduzidas em termos de partidos arquitetônicos. Após sucessivas análises crítico-comparativas, a Comissão chegou às seguintes indicações para os três trabalhos classificados, por ordem de mérito:
1º Lugar: Inscrito nº 026
A Comissão destaca a imagem concisa da fachada em pórtico, preenchendo integralmente o sítio, e as qualidades de organização do partido em dois blocos separados por pátio, permitindo flexibilidade, desejável independência entre o programa da sede os espaços de natureza pública ou coletiva do teatro/auditório e restaurante, e a possibilidade real de execução por etapas. O memorial é exemplar ao explicitar a gênese das decisões de projeto, justificando didaticamente uma solução que soube conciliar as pressões de programa, caráter e lugar numa proposta arquitetônica ao mesmo tempo sintética e evocativa, que revela controle, maturidade e grande potencial para acomodar futuras demandas ou modificações, inclusive aquelas decorrentes de intervenções vizinhas com base nas disposições do PDDUa. Nesse sentido, para a próxima etapa a Comissão recomenda uma revisão dos elementos arquitetônicos do pátio (rampa, passarela e parlatório) e pequenos ajustes no dimensionamento do bloco da sede.
2º Lugar: Inscrito nº 023
A Comissão destaca as qualidades do partido em “pente”, que permite criar um edifício “poroso”, com instigante seqüência de espaços internos (embora com penalização do restaurante), o cuidado na composição e detalhamento arquitetônico das fachadas, lançando mão de poucos e refinados elementos, na definição e representação dos espaços internos, e na elaboração de memorial muito bem articulado e claro na justificativa das decisões de projeto.
3º Lugar: Inscrito nº 033
A Comissão destaca a simplicidade e compacidade do partido vertical em dois blocos articulado por circulações em contato com praça interna, e o cuidado ao interpretar o programa de necessidades definido pelo edital.
Além desses, a Comissão Julgadora entendeu destacar com menções os trabalhos de número 009 e 022. O primeiro se distingue muito claramente por sua contribuição formal, ao adotar linguagem arquitetônica enxuta, concisa e de grande impacto simbólico, logrando este efeito com mínimos elementos, utilizados com precisão e elegância. O segundo é destacado pela originalidade do partido longitudinal adotado, ancorado em forte conteúdo metafórico (o “trem da história”), que funciona como idéia matriz organizadora do projeto, em termos de programa, fluxos e imagem.
Finalizando, a Comissão se congratula com o Promotor, PMDB-RS, por confiar a escolha do projeto para sua Sede ao instituto do Concurso Público de Arquitetura organizado pelo IAB, processo que reúne qualidades de universalidade, transparência e igualdade de oportunidades, atributos democráticos que se identificam com a história e as lutas do Partido. Tanto o número expressivo (77 inscrições, 46 trabalhos entregues, dos quais 41 habilitados) quanto a qualidade média dos trabalhos expostos atestam o acerto dessa decisão, e o sucesso do Concurso, ilustrando exemplarmente as distintas tendências ao interior da arquitetura contemporânea brasileira.
Cláudio Luiz Araújo – Presidente (IAB-RS)
Silvio Belmonte de Abreu Filho – Relator (IAB-RS)
Telmo Borba Magadan (IAB-RS)
Eliane Sprandel (PMDB-RS)
Roberto Becker (PMDB-RS)
