A proposta apresentada busca a articulação dos diversos volumes e edifícios, entre si e em relação ao entorno-cidade. Essa conexão não deveria ser apenas uma solução formal que compusesse a volumetria existente. Como conexão entende-se agora uma outra esfera de ação: entre indivíduos, entre atividades, entre possibilidades. Ou seja, o próprio sentido da cidade.Elemento-chave: uma marquise-pergolado. Ela proporciona a conexão entre os edifícios e volumes separados, orienta a ação dos usuários, cria ela mesma um espaço próprio – sombreado, abrigado, coletivo. Cenário de ação, ao mesmo tempo suporte de antigas e novas possibilidades de uso (luminárias, informação, arte urbana).O projeto foi planejado de modo a viabilizar sua construção conforme as fases indicadas no edital – sem o prejuízo das atividades envolvidas.O nível do reservatório objeto principal do concurso (711,60 m) foi desdobrado para reforçar seu caráter cultural proposto. Sua escadaria de acesso é também anfiteatro-praça, anunciando as características culturais e múltiplas do novo espaço. O antigo reservatório tem sua arcada original revelada em arquitetura com novas funções (área de exposição, salas de leitura, videoteca, café). Os novos elementos arquitetônicos que permitem essas atividades contrastam e valorizam – sem interferir – as características existentes.
Uma conexão subterrânea amplia o Centro Cultural com atividades de apoio (sanitários, ateliês, administração, depósitos). Dá acesso também ao auditório e ao térreo sob a marquise – com seus cafés, lanchonetes, serviços – área de convergência do conjunto.
A partir do subsolo de apoio ao Centro Cultural há o acesso vertical ao auditório sobre-elevado. Com capacidade de 250 pessoas, possui o suporte necessário para apresentações diversificadas (música, teatro, cinema).
Esse auditório pode ser também acessado diretamente pelo térreo, o que permite uma utilização independente em relação ao Centro Cultural. O acesso de serviços do auditório, lanchonete e apoio ao conjunto é feito diretamente pela Avenida da Saudade.
O edifício para Micromedição delimita a principal “praça” do conjunto, pólo de irradiação e convergência de todas as atividades existentes. É local de convivência e interação entre as novas atividades e as tradicionais, ligadas aos profissionais da água. Com intenção ainda de valorizar o tema, foi proposto um espelho d’água sobre os reservatórios em funcionamento, caso uma análise técnica mais precisa o viabilize.
O estacionamento foi dividido em dois níveis para diminuir seu impacto no conjunto (de uso e permeabilidade). O nível do subsolo dá acesso direto ao anfiteatro-praça, entrada do Centro Cultural.
Na área lindeira à rua da Abolição localiza-se extensa área arborizada e permeável, que qualifica tanto o conjunto quanto o entorno. A sombra das árvores (irregulares, dinâmicas, naturais, permeáveis) distingue-se da sombra da marquise-pérgula (regular, impermeável, modular, artificial). Essa diferença permite diversidade de usos e cria ambientes adequados ao clima de Campinas.
ficha técnica
Equipe: Arquiteta Christine Van Sluys; estagiários Julia Spinelli, Mario Nader, Paulo Tavares e Simone Campagnucci; arquiteto Rodrigo Carbone (maquete eletrônica)