Centro de Pesquisa e Ensino de Cinema do Rio Grande do Sul – CPEC-RS
A temática escolhida para o desenvolvimento deste exercício trata do projeto arquitetônico de um centro de ensino e pesquisa de cinema vinculado a Universidade Estadual do RS, constituindo uma unidade universitária com estrutura administrativa própria. Sua implantação foi prevista para a área das docas 3 e 4, que envolvem o berço 203 do Cais Mauá, onde localizam-seo prédio do antigo Entreposto Frigorífico e a Praça Edgar Shneider. Optou-se por adequar esta edificação e criar um anexo para contemplar o programa definido.
Observando a edificação pré-existente é fácil identificar uma caixa, até mesmo por ter sido um frigorífico e não apresentar fenestrações. A partir dessa identificação passei a trabalhar com volumes inseridosuns nos outros e com uma estrutura independente. Esses estudos resultaram na conservação da caixa inicial, de alvenaria, com a inserção de uma segunda caixa de vidro interna projetando-se em sua face superior, e sendo perfurada pela estrutura independente da edificação original.
Essa medida proporcionou uma liberdade na abertura de fenestrações na alvenaria do antigo frigorífico sem interferir no desenho de suas fachadas, o qual considerei interessante preservar. Ao mesmo tempo em que trago excelentes iluminação e ventilação às dependências internas da edificação, crio espaços interiores interessantes que nos remetem a idéia de cenários, fazendo uma alusão ao tema do projeto, além do prédio original funcionar como uma proteção solar envolvendo a pele de vidro. O prédio anexo foi tratado como um esqueleto envolvendo os volumes, fazendo uma inversão do primeiro, sem esquecer a "brincadeira" das perfurações.
O eixo de acesso subterrâneo criado em frente ao complexo sob a Av.Mauá faz uma conexão direta com a escola a partir da emersão na Praça Edgar Shneider. Ele leva diretamente ao foyer dos auditórios e à circulação vertical de acesso aos pavimentos. A partir do terceiro pavimento forma-se um eixo secundário, perpendiculara esse, que faz uma conexão direta das salas de aula com as funções de apoio dispostas no prédio anexo. Neste prédio, a circulação é lateral apresentando nas extremidades escadas e um elevador.
Os materiais pré-moldados modulares permitem a formação de um sistema de conexões bastante claro e de fácil montagem. No prédio principal, as esquadrias formam uma pele de vidro acoplada numa estrutura independente, a qual é fixada às vigas e pilares de concreto preexistentes. Os painéis metálicos que fazem a vedação acústica das salas de cinema e lembram grandes containers, dando alusão às atividades portuárias de armazenamento, são fixados por uma estrutura interna, conforme especificações do fabricante; os painéis do prédio anexo, fazem uma conexão com os próprios pilares que o estruturam, sendo a eles fixados sem perder a autonomia visual, dando a impressão de ser uma estrutura completamente independente, interna a estrutura de sustentação.
Neste caso esta medida me pareceu mais coerente que a recomendação do fabricante, uma vez que isso tornaria a estrutura principal obsoleta neste espaço. A fixação do pano de vidro é dada através da ligação de sua estrutura com as lajes de concreto e estas por sua vez são fixadas na estrutura metálica. Essa fixação trás a vantagem da estabilidade, colaborando com o contraventamento horizontal. A estrutura principal deste prédio é formada por pórticos deslocáveis hiperestáticos, o que, devido suas conexões rígidas, dispensa a necessidade de cabos ou barras de aço para contraventamento vertical.
As passarelas do prédio principal são constituídas por estruturas metálicas plugadas na estrutura original desta edificação. A escada de proteção contra incêndios é constituída de blocos de concreto aparente. Esse material, ao mesmo tempo em que cumpre suas funções de vedação e proteção, deixa evidente sua inserção. As paredes das salas de aula formam painéis, também constituídos de blocos de concreto, emoldurados por faixas de vidro na parte superior fazendo uma composição com as portas de acesso. A utilização desse material neste caso justifica-se pela necessidade de uma estruturação da parede em função de sua desconexão com a laje superior.