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PORTAL VITRUVIUS. Shopping Center na Unisinos. Projetos, São Paulo, ano 05, n. 054.01, Vitruvius, jun. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/05.054/2488>.


Conceito

O partido arquitetônico do projeto para concurso Shopping Unisinos – São Leopoldo RS Brasil – foi definido a partir da análise do impacto da implantação de um shopping em um campus universitário já consolidado e, sobretudo, em um prédio existente, com características peculiares fortes.

Promover a integração e estimular a cultura e o lazer são, no nosso entender, os objetivos-chave da nossa proposta que, somados aos condicionantes fundamentais de um shopping center: seu potencial comercial, sua funcionalidade e sua sustentabilidade energética, nortearam as decisões e definições do nosso projeto.

A avaliação dos eixos espaciais ordenadores e a constatação da importância de preservação da vegetação maciça existente e dos desníveis naturais do terreno deram início ao processo de projeto. Estas características apontadas orientaram o zoneamento básico: definição dos acessos, posicionamento de atividades e intervenções mais radicais no prédio existente.

Definimos como eixo principal do projeto uma extensa linha norte-sul que liga a Av. Unisinos aos blocos de sala de aula dos centros C2, C4 e C5, eixo este que atravessa o círculo da edificação existente e é um dos acesso de pedestres. Acessos existentes que coincidem com eixos de ligação já consolidados foram mantidos.

O acesso dos automóveis particulares se dá principalmente pelos estacionamentos E1 e E2 e por um novo acesso criado na diagonal noroeste, através do posicionamento estratégico de uma das âncoras, abrindo uma importante entrada ao shopping pelo pavimento térreo. Foi mantida a ligação à Oeste com a biblioteca e posicionado o supermercado e o acesso de serviço na face sudoeste, junto aos estacionamentos E4 e E5. Estes são de menor porte, mas com boas condições técnicas para manobras e acessibilidade às docas.

De nossa análise também veio a definição de que o prédio existente, com diâmetro de proporções gigantescas, deveria fatalmente ter a sua escala adaptada ao uso como Shopping. A edificação circular existente dificulta a orientação espacial das pessoas, fato que necessita ser reparado. Como a solução ao nosso entender deveria ser física, optamos por dividir a edificação em duas partes: criamos dois semicírculos articulados por uma elipse rotacionada que contém, num dos lados, a Praça Verde e no outro o Átrio Principal. A opção de projeto foi reforçada uma vez que deste modo foram criados os espaços de convívio.

Para marcar o novo eixo orientador norte-sul projetou-se uma grande parede designada de “lâmina” que conduz a um generoso “Boulevard”, ligando um lado ao outro da elipse e ao mesmo tempo percorrendo o vazio que integra o primeiro e segundo pavimentos. Deste modo, a praça de alimentação, localizada no pavimento térreo é valorizada e integrada ao contexto.

Esta “lâmina”, que como já dissemos, tem a função de romper o círculo da edificação existente e tornar-se uma das principais entradas do shopping, conduz as pessoas ao grande jardim internalizado, ajudando a reforçar o conceito da unicidade ao trazer as áreas de convívio do campus para dentro do Shopping.

Pretende-se que este espaço propicie o encontro dos universitários que poderão desenvolver ali atividades de pesquisa, de lazer e de cultura. Pode ser utilizado como ambiente de repouso ou até de extensão do estudo de algumas faculdades.

Neste local encontra-se um Anfiteatro, criado para incentivar a reunião de pessoas onde podem ocorrer debates sobre temas variados da universidade ou até funcionar como um parlatório, um Espelho d´água, com função formal e funcional e muita vegetação de diversos portes.

Zoneamento

A preocupação em garantir uma circulação equilibrada das pessoas em todos os corredores do shopping em consonância com fatores técnicos de abastecimento, definiu a distribuição dos espaços-chave do Shopping: a Âncora, os cinemas, o supermercado e as clínicas.

A distribuição segue a tipologia padrão encontrada em eficientes centros de compras, alternando corredores e largos. O maior destes é o Átrio Principal, que interliga espacialmente, através de escadas rolantes e elevador panorâmico, todos os pavimentos.

A preocupação em preservar a administração da Unisinos da agitação do Shopping, fez com que isolássemos o terceiro pavimento do Átrio principal, mantendo apenas alguns vazios de integração.

A setorização das clínicas na metade leste do shopping, sobre um conjunto de lojas satélites, ajuda a manter o fluxo constante de pessoas neste lado. Para reforçar este fluxo, um conjunto de serviços junto ao acesso externo foi estrategicamente posicionado também neste lado.

Para as lojas satélites foram consideradas metragens médias de 60m2, para que possam ter, além da área de vendas, depósito e administração. Estas duas últimas atividades, geralmente localizadas nos mezaninos dos shopping centers, em nosso projeto estarão preferencialmente ao fundo das lojas, devido ao baixo pé-direito existente.

Iluminação natural x iluminação artificial

Algumas fachadas foram pensadas de modo especial, a fim de que se conseguisse manter o conforto térmico e a eficiência energética do conjunto. A porção oeste da fachada interna do átrio Central, recebeu brises verticais articulados, fixados em dois beirais estruturais para que fosse possível a implantação de uma pele de vidro, viabilizando assim a integração entre os espaços.

O partido arquitetônico permite uma grande entrada de luz natural, e a iluminação artificial de boa parte dos espaços ficará sujeita à quantidade de luz solar externa e ao horário do dia. Para os corredores onde não entra a luz natural, tivemos especial cuidado em garantir a mesma quantidade e sensação de iluminação através dos recursos da “Bio light”.

“Bio Light” é um conceito moderno de iluminação artificial que acompanha a iluminação natural em sua tonalidade. Este sistema busca referência na natureza, como uma forma de respeitar as leis naturais de iluminação. Através do controle da temperatura de cor das lâmpadas, chegamos a similaridade da iluminação natural nos diferentes momentos do dia, pois a luz do amanhecer é diferente em tonalidades, da luz do meio dia ou do entardecer. Utilizando os recursos de um timer e de um conjunto de lâmpadas fluorescentes de temperatura de cor corrigidas, podemos simular a realidade do dia no ambiente fechado do “mall”. A fim de aumentar a sustentabilidade acrescentamos um sistema de luxímetro fotosensível que controlará a iluminação. Os três gráficos a seguir demonstram estas características.

Para cada compartimento há uma necessidade técnica e um nível adequado de iluminação que poderá variar de 150 lux até 750 lux. Este sistema de leitura indicará a necessidade de acionamento da iluminação artificial, que poderá ser dimerizada, a fim de aumentar a eficiência do sistema e evitar desperdício de energia elétrica e luminosa.

Somando-se a Iluminação Natural e a “Bio light” chega-se a uma iluminação sustentável e com conceito humano moderno.

Infra-estrutura

A “lâmina”, parede divisora norte-sul, é também um elemento estratégico em termos de infra-estrutura. Por ela passam todos os dutos de exaustão da praça de alimentação e cozinha do restaurante. Descem por ela também shafts para hidráulica e elétrica, que são facilmente distribuídos para os setores leste e oeste do shopping.

Nesta mesma “lâmina” é recolhida a maior parte da água da chuva dos telhados centrais do shopping que, direcionada para o espelho d’água, serve como reservatório de incêndio para hidrantes. A construção do sistema de captação e de reaproveitamento da água que corre pelos outros telhados vai requerer vias e reservatórios exclusivos. As caixas d´água de reuso estão distribuídas pela edificação e são, preferencialmente, do tipo cisterna subterrânea. Esta foi a solução escolhida pelo fato de que, sem receber luz ou calor, este recipiente retarda a ação das bactérias na água. Sua utilização se restringe às privadas dos sanitários, limpeza das fachadas e irrigação do jardim, mas representará uma economia de, no mínimo, 30% do volume de água consumida na edificação.

Supra-estrutura

Para as estruturas da edificação apresentam-se duas situações. As estruturas a serem executadas serão de concreto armado e/ou protendido, atendendo as Normas Brasileiras NBR 6118/2003 e prevendo carregamento de acordo com a NBR 6120/1980, além de observar as boas técnicas de projeto e execução. Após a concepção estrutural e da avaliação do carregamento, serão calculadas as solicitações e será realizado o dimensionamento.

Para as estruturas existentes, será realizada análise estrutural e verificação da estabilidade da mesma, podendo ser proposto reforços, caso necessário, com materiais compósitos reforçados com fibra de carbono, vidro ou aramida, com base nas últimas tendências tecnológicas.

Resíduos sólidos

A destinação dos resíduos sólidos domésticos do Shopping Center será gerenciada pelo Verde Campus, equipe que já coordena e é responsável pela Gestão Ambiental da Unisinos. Serão distribuídos pelo Shopping os recipientes específicos para lixo orgânico e lixo seco, principalmente na área da Praça de Alimentação. As lojas receberão sacolas coloridas para separar o lixo. O lixo orgânico será levado ao depósito refrigerado no térreo, onde será prensado e o seco será recolhido e depositado em containers junto às docas, e posteriormente enviados à Usina de Lixo de São Leopoldo. Na área das clínicas, o que for considerado como lixo hospitalar terá acondicionamento em recipientes específicos, devendo ser identificado antes de chegar à Usina.

A longo prazo, sugere-se que, por meio de um intenso trabalho de educação ambiental, a coleta seletiva do lixo possa dar origem a um centro de compostagem dentro da própria Universidade, onde os resíduos orgânicos sejam transformados em húmus, através do processo chamado Indore. Este adubo poderá ser usado para manutenção dos jardins do próprio campus, ou ainda, comercializado.

Ar condicionado e energia

Calcula-se para o shopping um consumo de ar condicionado em torno de 1200 a 1500 TRs e a solução adotada é a de central de água gelada. A inovação da proposta reside no fato de que a energia elétrica a ser usada será produzida no próprio campus, através do sistema de co-geração de energia com gás natural, proveniente do gasoduto. O sistema de co-geração proporciona uma significante redução nos custos com energia, além de tornar o shopping auto-suficiente em termos de energia elétrica como um todo: ar condicionado, iluminação, alimentação de equipamentos. O arrefecimento dos motores a gás natural é feito por um sistema de circulação de água, onde há troca de energia térmica para a produção de água quente e de água gelada, destinadas ao uso comum. Este sistema tem um custo de implantação bem mais baixo do que o de energia solar e faz com que o shopping fique livre das altas tarifas da energia nos horários de pico e também de qualquer colapso do sistema das concessionárias de energia. A edificação existente dos transformadores deverá ser remodelada para a implantação do sistema.

Normalmente os shopping centers resolvem a distribuição do ar condicionado no ”mall” através de dutos que passam no forro e vão insuflando os espaços. O entrepiso nestes locais gira em torno de 6m a 6,50m e o pé-direito do “mall” varia de 4m a 4,50m. Uma vez que os entrepisos existentes são de 3,60m e 4,20m, nossa solução teve que ser diferenciada.

Criamos um rebaixo de forro no “mall” apenas para adaptarmos a rede de sprinklers e as luminárias. Os dutos de ar condicionado estarão localizados nos pilares elípticos vazados e insuflarão a pleno, com velocidade controlada, os espaços de uso comum. Dentro das lojas o sistema será o usual: cada loja receberá um ponto de água para alimentar o(s) seu(s) “fan-coil(s)”.

Materiais e revestimentos

Nas fachadas foram escolhidos materiais de revestimento:

  • pedras brancas de grês palito e em blocos, provenientes de regiões próximas, de excelente resultado estético e custo reduzido comparado a outras pedras;
  • materiais de tecnologia de ponta como o Alumínio Composto pela facilidade de instalação, qualidade do produto e exigência de pouca manutenção e painéis de vidro ancorados em elementos pontuais, tipo “Spider Glass”, que dispensam caixilhos;
  • materiais usuais de revestimento como pintura texturizada, de fácil aplicação e boa relação custo-benefício;
  • telas de aço inoxidável que podem filtrar a luz em proporções variáveis e são permeáveis, oferecendo bom desempenho diante da ação dos ventos, assegurando boa estabilidade e proteção eficaz aos choques.

 

Paisagismo

O paisagismo imaginado para o projeto partiu da idéia de sustentabilidade e educação ambiental. Optamos por trabalhar as áreas externas como sendo estas um grande laboratório a céu aberto onde, em cada ambiente, espaço ou recanto, diversas formas de respeito e conservação inteligentes dos recursos ambientais possam ser testadas, mostradas e apreciadas.

Imaginamos o uso de irrigação automática por ela trazer beneficios, uma vez que calculados os ventos, temperaturas e condiçoes do local, podem ser especificados pontos de rega automática evitando o desperdício ocorrido nas regas excessivas ou escassas. Pretendemos que haja o uso concomitante de reservatórios de coleta pluvial que na prática é o nosso espelho d´água, que serve tanto de elemento ornamental da praça aberta como de solução para abastecimento da rede de irrigação automática das áreas verdes. Além destas definições, pretendemos utilizar:

  • madeira proveniente de florestas com selo de certificação de manejo ambiental;
  • madeiras e elementos reciclados;
  • plantas predominantemente nativas do sul do estado e que exijam pouca manutenção, mas tenham grande efeito estético e que floresçam em várias estações do ano.

 

ficha técnica

Autores
Arquitetos Mádia Santos Borges, Cynthia Nadienne Garcia, Cristiano Jacobsen Nickel, Daniela Ali Odes Lomba, Gustavo Jaquet, Kelen Giordani Tomazelli e Rosandra Gaspodini

Escritório
BG Arquitetura

Colaboradores
Arquitetos Daniela Brasil (paisagismo), Eduardo Becker (luminotécnico) e Eloise de Paula (luminotécnico)

Consultores
Engenheiros Erivelto Barcelos-Vila (elétrico/hidrossanitário), Stefânia Tesi Bernardi (estrutural), Ricardo Azevedo (PPCI/incêndio) e George Soeiro de Souza (estrutural).

source
Equipe premiada
Porto Alegre RS Brasil

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054.01 Concurso
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original: português

source
IAB-RS
Porto Alegre RS Brasil

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054

054.02 Concurso

Sede da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

054.03 Institucional

Memorial Getúlio Vargas

054.04 Concurso

Habitação Popular – Concurso Público Nacional de Anteprojetos no Estado do Amazonas

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