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PORTAL VITRUVIUS. Prêmio IAB/BA - Salvador e suas Frentes Marítimas. Projetos, São Paulo, ano 06, n. 072.01, Vitruvius, dez. 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/06.072/2736>.


Habitação na Orla de Salvador

Este é um Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Salvador (UNIFACS) o qual tem como objetivo propor um novo conceito de morar utilizando um programa enxuto, mas confortável, que faça o morador se sentir acolhido, não pelo luxo da construção ou do local em que ela está localizada, e sim, pela qualidade da construção e das experiências de vida que esta poderá lhe proporcionar.

Trata-se de um projeto a ser desenvolvido na orla marítima de Salvador, entre as duas pistas da Avenida Otávio Mangabeira, no trecho que vai do posto de abastecimento até a pista de bicicross. Esse trecho tem 1380,00 metros de comprimento com área aproximada de 12 ha.

O projeto possui 6 unidades de blocos de apartamentos que variam em comprimento e estão dispostos ao longo dos 1380,00 metros do terreno. Tendo como ponto de partida o posto e encerrado por uma praça formada pelo pequeno lago já existente e a Escola de Circo Picolino. Os blocos de apartamentos vão de 118,80 metros de comprimento até 177,50 metros. No edifício de 118,80 metros têm-se 22 apartamentos, no de 139,80, possuem 26 unidades, no de 150,80 possuem 28 apartamentos e no de 177,30 possuem 33 unidades. Sendo que o conjunto de 6 blocos possui um edifício de 118,80 e um de 177,30 com dois de 139,80 e 150,80, totalizando 163 apartamentos.

A parte central das duas pistas da Avenida Otávio Mangabeira (orla marítima de Salvador) foi escolhida pela proximidade ao Parque Metropolitano de Pituaçu, por ser um terreno situado num local com a vista totalmente voltada para o mar e jogado ao descaso do governo. Além disso, esse local preenche a maioria dos requisitos projetuais: está dentro de uma unidade de circulação constante, com uso inadequado, proporcionaria uma ótima vista e lazer e tem a possibilidade de crescimento horizontal para dar a idéia de poder ser infinito. Com isso, foi enfrentado o desafio de construir num local de alta salinidade e de gabarito limitado até dois pavimentos por ser área de borda.

Ao considerar a orla e o Parque Metropolitano de Pituaçu como área de lazer, logo de início foi descartada a existência do playground por blocos de apartamentos; e já sendo característica da orla a distribuição de postos de abastecimentos ao longo do seu percurso, manteve-se o posto situado logo no início do terreno. Além disso, um outro fator determinante para a organização espacial do projeto foi a permanência da Escola de Circo Picolino por ser um marco local, e também, uma forma de lazer dos freqüentadores da área, sendo assim relocada para o local da bicicross. Juntamente com o pequeno lago existente, esta se transformou numa grande praça finalizando o terreno.

O edifício foi concebido a partir da idéia do grupo Archigram, de que o importante nas cidades são as circulações e a infra-estrutura básica, elementos fixos, e as moradias, peças alternáveis da cidade compondo um grande quebra-cabeça.

A problemática de organização, segundo o Archigram, faz-se pelo constante fluxo entre partes que possuem diferentes funções e tamanhos. E juntamente com esse problema tem-se o crescimento gradual de cápsulas individuais que se agrupam em blocos que por sua vez se inter-relacionam gerando uma crescente constante de construção.

Foi incorporado esse conceito de valorização da arquitetura não só como estética, mas também, como materialidade e construtividade projetual, enfatizando as articulações e os nós, utilizando o recurso da repetição modular através das cápsulas que se “encaixarão” na estrutura tridimensional que configurará a unidade.

Essas cápsulas representarão em volume a diversidade de apartamentos, o que determinará a plasticidade do projeto, pois serão adotados quatro tipos de moradia, térreo, duplex, triplex e quadriplex, todos portadores de varanda e terraço individuais e as cápsulas se integrarão pelas paredes laterais e não pela laje, fugindo então, do padrão local de habitação coletiva conhecido.

O edifício estará diretamente ligado à via de circulação local através de sua própria rede de circulação e esta, juntamente com a estrutura, configurará o edifício como uma unidade por ser a parte rígida da edificação.

A ligação direta da construção com a via de circulação remete à idéia da casa vista como um container de atividades, soma de instalações, máquina que absorve a energia do entorno, questão de medidas, definição de padrões. Isso porque a pessoa que estiver abrigada nessa edificação vai estar ligada à dinâmica da vida externa através de sua casa, não só pelas vias de circulação, como também, pela observação e contemplação da paisagem que o circunda através das esquadrias, varandas e terraços, os quais permitirão ampla visão para o entorno.

Estando o edifício configurado como bloco, no qual sua estrutura e acessos aparecem preenchidos pelas cápsulas, teremos a visão de uma arquitetura inacabada, que se pode expandir à medida que se fizer necessário. Adotando assim uma postura high tech, pela qual se valoriza o elementar e se dá ênfase ao detalhe técnico, obtém-se uma arquitetura subdividida no global em volumes eficazes e de fácil leitura pelo observador.

Visando incorporar a idéia de que a valorização do espaço não vem da sua amplitude e sim das experiências e vivências que ele possa proporcionar, o projeto priorizará áreas comuns como sala, varandas e terraços, minimizando as circulações verticais, articulando o interno com o externo e o público com o privado. Por esses motivos a escolha do terreno considera a priorização da paisagem e o edifício será elaborado para fazer parte do contexto e não para ser um elemento marcante na paisagem.

Os materiais a serem utilizados deverão abdicar de qualquer tipo de ostentação, luxo, riqueza, ou seja, não devem ser usados os ditos materiais nobres, como exclusivas variedades de pedras naturais ou madeiras nobres. A intenção é empregar materiais de baixo custo, acessíveis no mercado e que tenham uma lógica de uso e não um significado próprio. Estes devem ser trabalhados por suas possibilidades de forma e de aplicação a depender do uso do local onde será aplicado.

Sendo assim, a intenção projetual não é fazer mais um edifício habitacional, e sim propor uma nova forma de morar inserida no contexto da vida cotidiana, trabalhando com o mínimo de espaço e com materiais comuns para garantir ao habitante um morar confortável.

Definidas as diretrizes de projeto, partiu-se para o desenvolvimento do mesmo que tem residência, comércio e serviços com área de 79609,51m², limitado no início pelo posto, com área 3901,83m², e no fim pela praça, com área 14167,03m², tudo inserido no espaço entre as duas pistas da Avenida Otávio Mangabeira no trecho de 12ha de área aproximada com 48% de índice de permeabilidade, 21% de índice de ocupação e 31% de índice de utilização.

Os acessos ao complexo serão feitos pelos nós que possuem comunicação com as pistas da avenida pelas pistas de desaceleração. Margeando as pistas estarão os mini-centros comerciais e logo após as guaritas de acesso aos estacionamentos, que estarão semi-enterrados a 1,60m, abrigando um número de vagas de duas vezes e meia o número de apartamentos componentes de um bloco.

Toda a área circundante aos blocos terá uma pavimentação irregular configurando seu passeio protegido da vizinhança por um gradil bem leve e o restante da área será verde com a permanência do coqueiral existente, que será ampliado com a plantação de novos coqueiros. Por fim, fechando o complexo, estará a praça abrigando o pequeno lago e a Escola de Circo Picolino, também arborizada com coqueiros e ambientada com caminhos em piso cimentado e alguns bancos de praça em concreto.

A primeira tarefa de concretização do projeto foi o desenvolvimento das plantas baixas dos tipos de apartamentos, térreo, duplex, triplex e quadriplex. Procurou-se inovar nos lay-outs das plantas, com um conceito aberto de projeto o que evitaria um modelo de planta tradicional. Além disso, as paredes laterais são geminadas e o apartamento tem mais comprimento que largura, assim as aberturas só estariam localizadas nas paredes da largura, as quais teriam de distribuir luz e vento para todos os cômodos do interior.

Esse fator determinante fez com que os módulos de 5,30m de largura x 15,30m de comprimento fossem fragmentados da seguinte forma: 2,50m ficaram para as varandas, tendo então, uma área de 13,25m², sendo o restante do módulo rasgado por retângulos para criar uma varanda interna, que permite a ventilação e a insolação para os cômodos próximos a estas.

Outro fator determinante em planta foi a localização da escada, que tem de possuir ventilação e iluminação natural e não poderia ficar confinada. Assim, decidiu-se colocá-la no meio do módulo, sempre com um jardim interno, que possuirá uma palmeira. E estes dois volumes, jardim e escada, cortarão todo o apartamento, permitindo então a ventilação e a insolação da escada, além de contribuir para a ambientação e circulação do ar no interior.

Com todos esses recursos para a ventilação e iluminação do interior dos apartamentos, o volume do edifício tornou-se rico em detalhes, dando às cápsulas um ritmo com cheios e vazios, acrescidos em alguns módulos dos recortes verticais curvos. Todos esses elementos variáveis no emprego de apartamento para apartamento foram configurando os modelos de térreos, duplex, triplex e quadriplex.

A elaboração da estrutura, em um primeiro momento foram pensados pórticos contínuos, que se localizariam no início e fim de cada cápsula, incluindo a varanda, e variariam na altura de acordo com cada tipo de apartamento. Mas a idéia da regularidade na distribuição desagradava, e daí então veio a opção de tornar irregular esta distribuição.

Esta opção levou à alternância dos pilares: uma determinada seqüência de um lado não se repetia do outro, com uma distribuição com vãos de 5,00m a 20,00m de um pilar a outro, e as varandas em balanço. Após discussão com estruturalistas, chegou-se a decisão de uma alternância mais regular de pilares onde estes distariam 10 metros de eixo a eixo e todos ultrapassarão as coberturas sendo travados no topo por uma grande treliça.

Toda a estrutura será metálica em perfis I, com o emprego do aço em espessura de sacrifício, isto é, todos os perfis serão calculados com uma espessura adicional de aço que dificultará a ação do salitre. Além desse recobrimento, será usada tinta de base epóxi para garantir maior proteção, pois a área da orla onde o projeto será implantado possui alta salinidade. As dimensões dos pilares serão de (30,00x30,00)cm e as das vigas de travamento serão de (30,00x50,00)cm.

O material construtivo será aparente, tubulação, blocos e lajes. Este é apenas um desdobramento do conceito do projeto, o de deixar aparentes os materiais como eles são, sem dar qualquer ostentação à edificação. Assim, para cada tipo de apartamento será usado um tipo de bloco de vedação, para os térreos serão usados blocos de concreto liso, nos duplexs blocos de concreto tipo “split”, que possuem texturas de pedra; no triplex, tijolinho cerâmico e no quadriplex, tijolo cerâmico de seis furos. Todos serão impermeabilizados com resina de silicone para resistir às intempéries e ao salitre.

As esquadrias serão em perfis de alumínio pintados eletrostaticamente de azul cobalto, que é a mesma cor com que irá se pintar toda a estrutura metálica. E as portas serão semi-ocas revestidas em laminado melaminíco colorido. Cada tipo de cápsula terá uma cor base, por exemplo verde, e esta irá variando de tom a cada exemplo desta cápsula que for sendo empregado. Em alguns casos as portas serão pivotantes, modelo de auditório, para permitir amplitude aos ambientes quando forem recolhidas para um dos cantos.

Os acessos verticais serão feitos por conjuntos de escadas e elevadores que se encontrarão distribuídos ao longo das passarelas de acesso, tendo estas, comunicação com os apartamentos através de pontes de acesso, o que implica em não existir então diferenciação entre acesso principal e acesso de serviço. As passarelas estarão 3,00m afastadas da edificação para resguardar os apartamentos e permitir aberturas. As passarelas terão largura de 1,50m e as escadas, 2,00m.

Toda a pavimentação será feita em granilite, piso de resina composto por cascalho de granito, com alta resistência, possuindo junta de dilatação a cada 5,00m em alumínio cru e diferenciando acesso comum e piso interno somente pela cor. As passarelas, varandas e terraços terão uma tonalidade acinzentada e o piso interno terá uma tonalidade amarela clara, incluindo cozinha e sanitários.

Nas áreas molhadas, cozinha e sanitários, onde os blocos não poderão ficar aparentes por uma questão de higiene, as paredes serão revestidas em vinil, material que possui alta resistência à alta temperatura e água, sendo então apropriado para o emprego nesses locais.

Conforme exposto o projeto garante conforto dentro da simplicidade, permite que o morador escolha o melhor tipo de moradia de acordo com seus hábitos. Além de permitir ao observador uma leitura objetiva do que é cada elemento construtivo da edificação, estrutura, alvenaria, esquadria e instalações. Sendo assim, uma arquitetura que valoriza a função e o sistema para garantir ao seu habitante, praticidade, funcionalidade e qualidade de vida.

ficha técnica

Arquiteta
Camila Simões

Orientador
Márcio Correia Campos

Instituição de ensino
Universidade Salvador (UNIFACS)

Data de apresentação
Dezembro / 2004

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Equipe premiada
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