Inspirados pelo relevo natural da cidade de Vitória, sugerimos a transformação do atual plano do aterro do parque Tancredo Neves em uma nova topografia.
Esta nova topografia, construída a partir de muros de arrimo, contenções e movimentos de terra (operações da construção da paisagem) se desenvolve em dois níveis:
O layer ondulado da grama, orgânico, é o “plano” do espaço público por excelência, livre, aberto e disponível para o desenvolvimento das mais diversas atividades;
Sob ele encaixa-se o layer dos planos “construídos”, pavimentados e de acesso controlado, suporte das práticas esportivas, as quadras, o centro de convivência, o ginásio e seus anexos.
A criação desta nova topografia tem como intenção:
1. Estabelecer as possibilidades de controle de acesso exclusivamente por meio do relevo, ou seja, das diferenças de nível, prescindindo da utilização de grades ou obstáculos verticais. O projeto garante, desta forma, que o público desfrute visualmente de todas as atividades desenvolvidas no parque. Isto permite que, mesmo estando organizado em três grupos distintos de programas, o parque funcione com fluidez;
2. Explorar a diversificação e a fluidez do percurso;
3. Integrar / fundir o construído e o natural numa composição onde esta diferenciação perde a importância em favor de uma nova forma da paisagem como arquitetura e da arquitetura como paisagem.
Os acessos
O Parque Público está aberto à cidade.
A topografia proposta garante acessos em nível com a Avenida Dario Lourenço de Souza tanto para o Centro Esportivo quanto para o Complexo de Lazer.
Pelos taludes, suavemente sobe-se 3m e tem-se uma visão panorâmica da quadras – acesso visual.
Os percursos
Além dos muitos possíveis e aleatórios, três percursos estão organizados na forma de caminhos. Como alamedas, são circundados por árvores que garantem o passeio à sombra. Estendem-se pelo parque subindo e descendo os taludes revelando ao pedestre novos pontos de vista da paisagem dos arredores. Estes caminhos têm tratamentos diferenciados de pavimentação para bicicletas, para corridas e caminhadas, para patins e skates, etc.
A relação do parque com a cidade – faixas limite
A orla marinha e a calçada da avenida
Junto à orla criamos um deck de largura variável que deve se estender continuamente para além dos limites do parque, oferecendo uma perspectiva de contemplação da baía e de suas atividades náuticas, bem como uma nova opção de conexão urbana (principalmente do parque com o sambódromo e a rodoviária). Com isto, valoriza-se um novo eixo de circulação na cidade, para além da lógica automobilística.
Ao longo da Avenida Dario Lourenço de Souza o parque apresenta-se como uma superfície verde, sinuosa e ondulada. Este movimento do solo gera uma nova dinâmica entre o parque e o transeunte que passa pela a avenida. Em alguns pontos a abertura entre taludes descortina a paisagem da Baía de Vitória gerando uma perspectiva que convidativa e generosa (propõe o diálogo entre o Parque Tancredo Neves e a Vila Rubim).
O programa
O Termo de Referência deixa clara a intenção do poder público, em conformidade com os anseios da população local, de revitalizar o parque Tancredo Neves. Para tanto sugere, sabiamente, a inserção do programa do Centro Esportivo e do Complexo de Lazer em seus domínios. Propomos que estes “pólos” de atração e de convergência de atletas e associados sejam estrategicamente distribuídos no Parque Público de forma a atrair demais usuários e alargar o número de freqüentadores.
As piscinas estão instaladas sobre estruturas flutuantes na própria baía, junto à orla. Suas águas não se misturam e, no entanto, compõe visualmente um elemento único, fato que reforça a nossa idéia de dissolução dos conceitos de “natural” e de construído. O deck da piscina estende-se como píer, e, seu desenho encerra uma praça que é metade água metade terra.
A vegetação
O partido adotado para o estudo preliminar de paisagismo é o da criação de um teto verde. Ele será conformado por árvores de copas altas, de tal forma que a visão panorâmica de cima dos platôs e taludes não seja obstruída. O Partido garante uma alta porcentagem de solo permeável, bastante favorável à drenagem natural das águas pluviais.
O projeto procurará privilegiar, dentro de tal partido, algumas espécies nativas: Ipê Branco, Ipê Rosa, Ipê Amarelo, Oiti, Cássia Imperialis, Cássia Mutijuga, Pau Ferro, Pau Brasil.
ficha técnica
Autores
Keila Costa, Lua Nitsche e Thiago Natal Duarte
Colaboradores
Mobiliário urbano- Flávia Pagotti Silva
Paisagismo
Rika Vianna