1. Contexto urbano
A cidade de Bauru, situada no centro-oeste do estado de São Paulo e com uma população aproximada de 300 mil habitantes, tem nos fundos de vale sua paisagem característica, sendo que muitos destes ainda encontram-se desocupados. Atento a essa questão, o plano diretor de 1996 já previa as áreas de fundo de vale como setores especiais de conservação (SECs). Essa preocupação permanece presente no atual plano diretor, aprovado recentemente pela municipalidade, partindo do estudo das micro-bacias para a elaboração de novas diretrizes urbanas.
Nesse contexto, dentre as 12 micro-bacias abrangidas pelo plano diretor, foi escolhida para o projeto a região do Córrego Água do Sobrado, zona oeste de Bauru, que congrega uma área de 29 bairros adjacentes, cerca de 34 mil habitantes e fica próxima à uma Área de Proteção Ambiental (APA). A escolha dessa micro-bacia em específico, justifica-se pelo fato da região ser deficiente de equipamentos urbanos, de lazer e serviços, buscando assim reverter a tendência de investimentos públicos na região sul da cidade.
Essa área também apresenta como problemática, uma evidente fragmentação do tecido urbano, onde o fundo de vale atua como um elemento segregador do espaço físico, reforçado pelas poucas vias de transposições existentes.
Além disso, esse local apresenta a maior área de erosão da cidade, com dimensões de aproximadamente 20m de largura, 8m de profundidade e 250m de comprimento, sendo esse um aspecto que necessita de providências imediatas, pois vem apresentando uma degradação contínua da paisagem.
A posição adotada pelo poder público para conter o processo erosivo foi a autorização desse local para a deposição de entulho, com o intuito de sanar dois grandes problemas urbanos atuais (erosão e saturação dos bolsões de entulho) . Contudo, sendo esta uma área de proteção ambiental, essa postura é inviável, uma vez que os entulhos depositados estão freqüentemente misturados com outros tipos de resíduos urbanos, acarretando na contaminação dos mananciais.
2. O projeto
A proposta do parque como elemento de conexão urbana, se fundamenta por meio de três pontos: conexão do tecido pelo sistema viário, fornecimento de infra-estrutura e requalificação da paisagem.
Plano de Vegetação
O projeto objetiva a preservação da mata nativa e a recomposição vegetal ao longo de todo o fundo de vale, principalmente em torno das duas nascentes existentes, de modo a proporcionar uma continuidade entre essa área e a APA adjacente.
Drenagem Urbana
As conexões viárias propostas ao longo do parque, possuem dupla função: interligação da malha urbana existente e contenção das águas pluviais através de barragens. Desse modo, todo o parque atua como dissipador de energia das águas pluviais, por meio do traçado topográfico utilizado para os caminhos, de forma escalonada ou morrotes.
Resíduos Urbanos
Na questão levantada sobre a disposição inadequada dos resíduos urbanos, o projeto prevê uma implantação de uma usina de reciclagem de entulho, bem como a criação de uma cooperativa de reciclagem, procurando amenizar os impactos ambientais, sociais e problemas de limpeza pública.
Contenção da Erosão
A erosão caracteriza-se como elemento marcante da área de estudo e diante de suas dimensões consideráveis, optou-se por incorporá-la ao projeto como elemento paisagístico. Portanto, as medidas adotadas quanto a problemátca da erosão foram o retaludamento da margem direita, implantação de gabião nos pontos mais críticos da margem esquerda e revegetação das nascentes.
Conexões
As transposições existentes no fundo de vale apresentam-se insuficientes para a demanda da população local. Atualmente, existem apenas três vias de acesso para veículos, sendo uma não pavimentada. Em função disso, propõe-se novas vias de transposição inseridas no parque, tanto para veículos como para pedestres, permitindo assim uma conexão entre esses bairros e desses com o centro. As transposições encontram-se distribuídas de 500 em 500m, sendo que as dos pedestres se caracterizam como passagens suspensas sobre as erosões.
O trajeto sugerido para a ciclovia, além de permear todo o parque, o interliga com os equipamentos públicos mais próximos, como escolas, campo de futebol. Nas ciclovias do parque, o lazer e a prática esportiva apresentam-se como função principal, diferente das vias externas ao parque, que possuem a função de interligar esses equipamentos com o parque.
Infra-estrutura
Para propor os equipamentos abrangidos pelo parque, foi realizado um diagnóstico do local, através do mapeamento de uso do solo, aplicação de questionários na população e participação em discussões para a elaboração do plano diretor. Desse modo, foram identificadas diversas necessidades que foram organizadas em blocos de interesses sociais, de serviços, lazer e de infra-estrutura urbano.
ficha técnica
Autores
Ana Paula Costa Borbosa, Ligia Arriga Perassolli, Maria Fernanda
Nóbrega dos Santos, Paula Navarro Peres de Freitas, Tarsila Miyazato
Orientadora
Profª. Drª. Marta Enokibara - UNESP- Bauru