Bauru, cidade de clima tropical temperado, e com uma população de aproximadamente 345 mil habitantes, possui um padrão de urbanização e desenvolvimento vinculado ao traçado do entroncamento das ferrovias e o centro comercial. As linhas estéticas e geográficas, quase imperceptíveis, denotam as desigualdades sociais advindas do processo de evolução urbana.
Uma das principais avenidas da cidade, a Avenida Nações Unidas, foi criada ao longo do fundo de vale do Córrego das Flores a partir da década de 70, quando ocorreu a canalização do mesmo. Essa canalização subterrânea, aliada à impermeabilização de grande parte da área urbana, acarreta enchentes periódicas, causando gastos constantes para o poder público. Uma das soluções mais rápidas sugerida pela prefeitura seria a de transformar o parque Vitória Régia, cartão postal de Bauru, em um grande piscinão para a época das chuvas.
A partir do plano diretor de 1996, a preocupação com setores especiais de conservação fez com que a expansão da Avenida Nações Unidas preservasse seu fundo de vale, respeitando áreas de APA (área de preservação ambiental).
Dando continuidade a este conjunto de ações, o Plano Diretor de 2006, ao analisar a cidade por microbacias, propõe em vários fundos de vale a criação de um conjunto de parques articulados a um sistema viário que respeite as áreas de APA. Uma destas áreas que recebeu a indicação para a constituição de um parque foi a microbacia do “Córrego do Castelo”, na continuidade da Avenida Nações Unidas.
A região caracteriza-se como um grande vazio urbano no setor noroeste da cidade e um dos grandes vetores com potencial de expansão da cidade. Ao escolher esta área como objeto de projeto, o grupo vai de encontro às preocupações da Prefeitura Municipal e procura avançar com propostas espacialmente elaboradas. O Parque do Córrego do Castelo foi entendido como um elemento que propicia a estruturação urbana e ao mesmo tempo a requalificação da paisagem de fundo de vale. Ao longo de sua extensão de intervenção, foi proposta a recuperação da mata ciliar do Córrego do Castelo e ao mesmo tempo um programa diversificado nas bordas articulados com o sistema viário, a expansão das áreas verdes ao longo de seus afluentes e o parcelamento fundiário proposto. A ciclovia e os caminhos para pedestres servem como eixos de transposição ao longo do parque, interligando tanto os seus equipamentos quantos os do entorno.
O partido do projeto Parque do Castelo, estruturação urbana, define um traçado e ocupação para áreas ao longo do leito do córrego que, hoje, são vazios urbanos. Sua área central de implantação, córregos e afluentes, priorizam o tratamento dos fundos de vale e implantação de faixas verdes que se disseminam na malha urbana.
Prevendo a ocupação dessa futura área de expansão da cidade, o projeto propõe a estruturação da mesma, através de Instrumentos Legais e parcelamento do solo propostos, mas já previstos pelo Estatuto da Cidade.
A proposta de projeto do parque do castelo vem ressaltar a idéia de re-qualificação da paisagem natural, entretanto, com uma preocupação diferenciada. A área de proteção permanente (APP) será preservada para a recuperação do rio, e evitar assim erosões e assoreamento do mesmo.
O projeto apresentado faz do parque um instrumento de ordenação urbana, através da implantação de novos traçados e tipos de ocupação (seguindo a topografia), bem como a implantação de equipamentos públicos e de serviços ao longo do parque, procurando com isso diminuir o impacto que esse tipo de ocupação trará para o trecho já consolidado (Avenida Nações Unidas Sul).
O Parque, através de seus equipamentos propostos, conecta estruturas e o tecido pré-existente no entorno mais próximo, até então disperso, dá uso ao espaço e propõe a estruturação do crescimento através da qualificação da paisagem de fundo de vale.
ficha técnica
Autores
Ana Beatriz Silva Lima, Érick Alexandro Tonin, Luciana Luri Higashi, Marina Martin Barbosa, Rulian Nociti de Mendonça
Orientadora
Profª. Drª. Marta Enokibara - UNESP- Bauru