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PORTAL VITRUVIUS. Concurso de Estudantes do VIII Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura do Brasil. Projetos, São Paulo, ano 07, n. 076.01, Vitruvius, abr. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/07.076/2781>.


Nas últimas décadas tem-se assistido a um intenso debate ligado à emergência de graves problemas ambientais decorrentes da tomada de consciência, por vários setores da sociedade, de incidências e impactos sobre o meio-ambiente, resultantes da concretização de modelos de desenvolvimento baseados predominantemente no crescimento econômico. Sendo assim, coloquei-me no direito de abordar um tema tão complexo e atual que faz parte da rotina da grande maioria dos paulistanos, e é começando através do estudo acadêmico que acredito na participação do arquiteto urbanista no pensar à cidade, mostrando que é indispensável construir idéias que originem objetivos comuns e na prática da arquitetura é necessário manter um compromisso com um elemento essencial da cidade, ou seja, com suas populações. Sermos conscientes de que uma grande maioria das pessoas habita zonas degradadas e que merecem a mesma qualidade de vida que qualquer um de nós é indispensável para a formação de qualquer arquiteto.

O tema, Drenagem Urbana, tem como intuito vincular as funções do arquiteto às problemáticas atuais no âmbito ambiental, dentro da cidade brasileira mais populosa, tendo sido aqui estruturado esse interesse em “compreender” as cidades, talvez porque seja São Paulo uma das cidades mais diversificadas e instigantes que já tenhamos vivido e aprendido a conviver.

A junção da consciência profissional aos problemas atuais evidentes foram o ponto de partida dessa escolha. Apontar um trecho histórico e de formação da cidade de São Paulo como zona potencialmente dinâmica e acentuar seus condicionantes foram as pautas apontadas na elaboração do projeto, surgindo através do envolvimento com as questões ambientais o elemento estruturador desse tema, a água.

O trabalho pontua-se na estruturação de propostas que tem o intuito de viabilizar um processo de conscientização. Não correspondendo a uma resposta definitiva aos problemas decorrentes das enchentes, mas sim, como um sistema integrado da relação entre o meio ambiente e o cidadão, tornando possível um uso diferenciado desse espaço.

O crescimento da cidade de São Paulo, sempre ligada aos surtos de desenvolvimento econômico que atravessamos deu-se sempre de forma desorganizada e não planejada, por aglutinação e desdobramento, isto é, crescimento horizontal da cidade e proliferação de pequenos núcleos fora da cidade propriamente dita (mas dependentes).

O desenho topográfico ajuda a compreender essa espacialização das várzeas do rio Tietê, que apresenta alto índice de sinuosidade e acentua sua característica em relação a sua baixa velocidade de escoamento, o que, aumenta sua criticidade em relação as inundações.

O objetivo principal é trazer a condição de linearidade dessas três áreas de intervenção para um diálogo com esse sistema existente. Procurando tornar o rio Tietê em um elemento organizador do desenvolvimento da cidade, buscando na sua ocupação longilínea possíveis desenhos urbanos claros e bem definidos.

A escolha do lugar e a temática são fatores que foram estudados concomitantemente, porque o projeto dependia de um entendimento urbano na escala metropolitana, e para isso os lugares pontuados para intervenção surgiram da compreensão espacial que fundamenta a temática estudada.

O projeto consiste na escolha de três áreas que se encontram ao longo da Marginal Tietê, onde será proposto um programa específico à cada área.

A escolha das 3 áreas foi pela sobreposição de três elementos estruturadores: principais pontos de inundações, vazios urbanos e áreas, do plano estratégico, com o direito de preempção.

Os condicionantes nas áreas pontuadas mostram a relação da ocupação do solo, às altas temperaturas e aos pontos mais baixos do vale do rio Tiete. Estas áreas encontram-se no trecho retificado com maiores problemas decorrentes da canalização o que reafirma a necessidade dessas áreas serem urbanizadas com peculiaridades que as mesmas exigem.

O programa foi executado de forma a dialogar cada área, sem esquecer de suas características específicas, com a necessidade mais evidente na cidade de São Paulo, a habitação de interesse social. Mesmo sendo um projeto que foca questões ambientais, fiz questão de repensar as questões habitacionais também para a área de intervenção, já que a discussão da ocupação da população de baixa renda, na maior parte das vezes, está atrelada a sua localização em áreas de risco, ambientalmente frágeis, o que propicia a formação de áreas subutilizadas.

Foi a compreensão do processo de crescimento da cidade de São Paulo em função do desenho adotado às margens do Tietê que geraram a discussão abordada no trabalho, e também foi esse desenho resultante que gerou muitas das respostas adotada no seu desenvolvimento. E, talvez, a mais importante delas, a escolha de três pontos de intervenção.

E por que três pontos e não cinco, ou, dez?

A escolha dessas três áreas surgiu do desenho original abordado no mapa ao lado, em 1930. São, exatamente, os pontos onde a sinuosidade do rio faz-se mais evidente, resultando nos pontos de maior alagamento, que acabam sendo os vazios não ocupados pela população.

O objetivo é propor a recuperação ambiental ao longo das margens do rio Tietê, minimizando o impacto da ocupação em relação ao uso da água, trazendo o olhar da cidade para seu principal recurso natural estruturador do seu desenvolvimento urbano.

O intuito é conscientizar a população da necessidade de áreas verdes integradas ao espaço urbano, tornando real a revitalização de áreas degradadas. Revertendo pontos de inundação e grandes vazios, em áreas de captação, através da permeabilidade do solo e das áreas de “espera”, buscando a vitalidade de seus lençóis subterrâneos e a capacidade de seus reservatórios naturais, as lagoas de retenção.

Área 1

Os dados estudados para a área 1 mostraram a necessidade da habitação de interesse social, considerando as características da zona de influência da Subprefeitura de Pirituba.

Neste sentido proponho o adensamento habitacional nesta área, resultando em um desenho que prevê a flexibilidade de implantação e de configuração das edificações estabelecendo-se limites bem claros de coeficientes de aproveitamento, taxas de ocupação e principalmente gabaritos, criando novas regras para os recuos e o seu aproveitamento, permitindo assim, a permanência de uma extensa área não edificada e permeável.

Área 2

Não há como desconsiderar o significativo acréscimo da área permeável dentro do limite urbanizado da várzea, se não considerar a área superficial que a mesma abrange. É na área 2 onde a proposta atua numa extensa superfície, gerando assim, um maior aproveitamento relativo da drenagem urbana em relação a sua abrangência em metros quadrados.

No platô mais elevado, foram instalados os equipamentos esportivo e cultural, mantendo a linguagem dos outros parques. Sendo que, é neste espaço, que alguns de seus equipamentos foram instalados no platô mais baixo, em que a cota 720m encontra-se no nível do rio e das lagoas de retenção.

Área 3

Área de principal intervenção sob a ótica da drenagem urbana, em que caracteriza o ponto mais crítico de inundações ao longo do Tietê. Sua proposta delimita a locação de um reservatório subterrâneo, e, como equipamento complementar a proposta direciona a elaboração de um Centro de Pesquisa, sempre vinculado à água, um espaço administrativo com acesso público, somado à Sede do Comitê da Bacia do Alto Tietê.

A elaboração estrutural dessa área organiza o espaço urbano que a mesma compreende, devendo auxiliar-se por medidas mitigadoras que complementam a preservação e permanência do sistema que tem como intuito a conscientização da população.

O sistema resultante do desenho das três áreas tem como objetivo principal o tratamento paisagístico das marginais do rio Tietê, suas margens propriamente ditas, visando a complementação do sistema de drenagem urbana ao longo da várzea, preservando e enriquecendo o ecossistema e dando unidade as áreas que as compõem estabelecendo uma linguagem única, em que o usuário tenha dentro de qualquer um dos três parques o que de fato foi a intenção projetual. Para isso, pontuei os principais fatores dessas escolhas e como cada um interferiu para um desenho mais homogêneo no aspecto ambiental que desenvolve o tema.

As áreas verdes

A importante discussão da relação do meio edificado e não edificado estabelece profundas adequações do que, de fato, é área verde ou não. O projeto pontua uma seqüência de áreas verdes, entretanto sempre pontuando o uso adequado àquele espaço. Nem sempre os espaços com vegetação dentro do âmbito urbano concilia a necessidade de sua existência com o uso adequado de seu potencial atrativo.

É com esse intuito que dentro de todas as propostas projetuais, as áreas pontuam equipamentos de lazer que complementam as áreas verdes, tanto em espaços para serem observados, como espaços para se observar. Essa vegetação proporcionará beleza visual e conforto ambiental, através da diminuição da poluição sonora, poluição do ar e amenização climática, entre outros fatores.

A adequada relação entre áreas abertas, áreas verdes e áreas edificadas propicia o equilíbrio urbano, organizando a cidade e gerando harmonia entre a combinação do ambiente natural e do ambiente construído.

A diferenciação de níveis

A viabilidade do projeto foi proporcionada pela diferença de nível entre a ferrovia e o rio, não que esse seja um elemento básico para a concepção do projeto, mas foi esse o elemento que estruturou a composição do desenho tanto na escala local, do equipamento, quanto na escala maior, já que gera a linearidade na composição dos três parques, tanto linearmente quanto ao gabarito construtivo das edificações.

São as cotas 720m, a cota do rio, e 725m, a cota dos espaços edificados, que tornam possíveis a diferenciação de espaços inundáveis, aqueles onde estão locados as lagoas de retenção, e os espaços recreativos inundáveis, com os espaços edificados, mesmo sendo os equipamentos projetados sob pilotis, o discurso entre esses espaços faz-se tanto pela vegetação como pela água, através das lagoas propostas.

As lagoas de retenção

Não somente com a função de reter parte do escoamento que chega direto ao rio, já que toda a bacia hidrográfica tem como linha estrutural e de contenção o rio Tietê. Mas também, as lagoas de retenção geram a possibilidade de criar espaços de lazer de extrema beleza, juntamente à vegetação proposta, as lagoas formam pequenos micro-climas em meio à centralidade urbana da margem de terras criada pela ferrovia e o rio.

Claro, que, o uso recreativo da água só será possível quando surgirem os primeiros efeitos do tratamento para a despoluição da Bacia do Tietê. É um processo lento, a exigir grande esforço governamental e cooperação da população, contudo o projeto independe da condição sanitária das águas do rio, já que considera espaços diferenciados para o uso recreativo ou não.

Existindo não só a relação local de intervenção mas, principalmente, no âmbito maior da região metropolitana, em que se evidencia a política pública que envolve a discussão da importante credibilidade do rio para a cidade.

A proposta costura algumas fraturas sociais entre cidadania e projetos urbanos, através do desenho de seus espaços públicos direcionados pela fonte estruturadora do projeto, o Rio Tietê, na busca em que o urbanismo propicia a possibilidade de integrações sociais, gerando a todos a possibilidade de desfrutar de um melhor nível de vida e aproximando o usuário da possibilidade real do convívio social.

Na cidade de São Paulo, não é suficiente tentar resolver a cidade legal, deve-se entender a cidade “real”, aquela que existe de fato, que é ocupada pela pressão das características socioeconômicas. Neste caso, a participação da população deve ser impulsionada como elemento inerente dos processos de controle, no hábito de deixar mais áreas permeáveis, executar obras de retenção dentro dos lotes, exigindo soluções localizadas em habitações multifamilares, não utilizando os rios como canais de esgoto e depósito de lixo.

São atitudes e mecanismos de ocupação com respeito ao meio ambiente, que se minimizam os efeitos dos acidentes naturais e melhoram sensivelmente a qualidade de vida nas áreas urbanas densamente ocupadas.

“Para que o controle das cheias seja eficiente, este deve ser um processo contínuo e dinâmico. Não é suficiente a promulgação de leis; de decretos e outros instrumentos legais. As ações mais eficientes são as que atacam os diversos fatores que desencadeiam o problema em seu todo, são as que agem lenta e continuadamente na prevenção quanto a ocupação do solo ao longo de toda sua bacia hidrográfica. Dificilmente pode-se resolver o problema depois que todas as ações antrópicas maximizaram os efeitos das cheias”.(PISANI, 1998)

ficha técnica

Autora
Isabel Fleury Azevedo Costa

Orientadores
Profa. Dra. Angélica T. Benatti Alvim
Prof. Dr. Valter Caldana

Colaboradores
Priscila de Castro Neves Sperandio
Miguel Felipe Muralha

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Equipe premiada
São Paulo SP Brasil

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