Conceito
O conceito do nosso projeto surge da idéia de reflexão.
A reflexão dos efeitos do tempo no espaço materializada nas edificações tombadas existentes; a reflexão como fenômeno físico traduzida no desenho dos elementos paisagísticos como caminhos, espelhos d’água, bancos e presente nos instrumentos de observação que compõem as diversas áreas do campus e por último a reflexão do homem sobre os desafios enfrentados através da qual resultaram as inovações tecnológicas, as criações em sua eterna busca por respostas.
Objetivo
Nosso projeto visa criar uma unidade de linguagem para todo o Campus On - Mast, para isso:
- reflete no desenho dos elementos paisagísticos e escolha de materiais a identidade visual inspirada na astronomia, nas ciências e nas inovações tecnológicas;
- desenvolve espaços adequados para acomodar os programas educacionais e de pesquisa, incluindo local para projeções e exposições temporárias;
- reconhece o uso atual e potencializa as atividades como a Observação do Céu, o Planetário Inflável, a Ciência em foco entre outras através da criação de praças e elementos como bancos, iluminação e locação adequada da vegetação;
- utiliza as espécies vegetais existentes e introduz novas, buscando a total regeneração e preservação da vasta área verde, tão importante para este setor da cidade;
- conecta de forma efetiva, as diversas áreas do campus, minimizando impactos de usos distintos, criando hierarquias e estabelecendo funções através do zoneamento de atividades, da estruturação de caminhos e do posicionamento da vegetação;
- respeita as diretrizes do Plano Diretor, no que tange ao uso e ao tratamento do conjunto edificado, paisagístico e arquitetônico;
- constrói, recria, recupera e reconstrói valores presentes;
- inspira os usuários no percurso de seus espaços livres e construídos;
- trata os seus fechamentos e sua fachada urbana e
- destaca a contribuição da valorização do campus para o entorno que esta inserido, área esta de valor histórico e cultural, como o bairro de São Cristóvão e a área Portuária.
Programa
O projeto inspira-se na tecnologia e na dinâmica do Universo na composição de seus espaços e respectivas temáticas
Praça Orbital
Localiza-se no Setor de Visitação e abriga as principais edificações tombadas, os observatórios, as lunetas, telescópios e as praças educacionais. Tem como elemento principal um espelho d’água elíptico, revestido de granito preto polido, coberto por fina lâmina de água – reflete o céu e é iluminado por centenas de pontos de luz LED embutidas no piso formando o “chão de estrelas”.
Os caminhos periféricos, denominados “percurso orbital longo” e ‘percurso orbital curto” são acessíveis e conectam as edificações existentes dando unicidade ao conjunto. São complementados por caminhos secundários originados na elipse central. A Praça Orbital está no platô do ponto mais alto do terreno e é a praça de observação. A vegetação é rasteira, composta de gramíneas e não cria obstruções as miras.
Os bancos locados ao longo do perímetro são de concreto pré-moldado e modular. Foram projetados bancos especiais principalmente para atividade de observação onde as pessoas podem se acomodar e contemplar o céu: as “crateras” – escavações côncavas revestidas de concreto e as “calotas” – elevações convexas que também servem de apoio às contemplações, podendo ser revestidas de concreto ou recobertas por grama. Ambos são objetos lúdicos e de caráter funcional e educacional.
Detalhe - Bancos meia-lua
Imagem dos autores do projeto
Praça do Museu
Situada atrás do Museu Astronômico e estruturada por bancos de concreto em meia lua de 30 cm de altura, podem também servir de mesas, forrações e piso de pedras. Seu projeto prevê um espaço de uso múltiplo, como abrigo para exposições ao ar livre, aulas de arte, apresentações de maior público com o acréscimo de cadeiras. É a praça de eventos e o anfiteatro do conjunto.
Deck do Centro de Visitantes
Local destinado a apresentar o campus aos visitantes. Possui a maquete de localização do conjunto e o centro de visitantes.
Detalhe - Bancos calote e cratera
Praça do Pomar
Localiza-se na área residencial e destina-se ao lazer contemplativo e ao descanso de funcionários, residentes e pesquisadores do centro. As árvores frutíferas como a Morus Nigra, os Citrus, Psidium e Myrciarias compõem o espaço junto à horta comunitária.
Praça dos Coqueiros
O plantio de novos coqueiros complementa a estrutura do espaço formado pelos coqueiros existentes em frente ao Museu. O ritmo é reforçado pelas Roytoneas que ladeiam os acessos principais de pedestres – funcionários e visitantes, no percurso até os elevadores.
Detalhe - Placas indicativas
Imagem dos autores do projeto
Estacionamentos
As áreas destinadas aos estacionamentos possuem o número de vagas estabelecido pelo Plano Diretor. São sombreadas e revestidas de piso permeável, blocos de concreto modulares com juntas de pedrisco. As águas de chuva captadas deverão ser tratadas e reutilizadas para a irrigação.
Taludes
Os taludes do terreno são tratados com vegetação herbácea e arbustiva. As espécies escolhidas auxiliam no controle de eventuais processos erosivos e compõem os maciços verdes junto às árvores nativas produzindo a regeneração das áreas plantadas.
A escolha das espécies também considera textura, portes e cores para se atingir um conjunto paisagístico harmônico e agradável. A alteração da estética da paisagem conforme as estações do ano é uma metáfora do processo dinâmico da rotação da Terra em torno do Sol e cria grande interesse para educação.
Planta geral 
Imagem dos autores do projeto
Tratamento Paisagístico
O projeto paisagístico tem como objetivo potencializar as áreas verdes existentes. Serão removidas somente as árvores que apresentem condições fitossanitárias que possam prejudicar as demais.
Busca-se no novo plantio adensar as áreas verdes, com objetivo de ampliar a diversidade de espécies nativas, bem como, recuperar forrações existentes.
O projeto dos elementos construídos, como o dos pisos e dos drenos de captação de águas pluviais, tem a preocupação de mostrar os processos naturais e dinâmicos que incidem sobre o terreno.
Praça Orbital
Imagem dos autores do projeto
Iluminação
O conceito da iluminação é baseado na distribuição da luz no Universo – objeto de estudo da On-Mast – havendo uma variação de pontos, uns de alta intensidade, outros mais fracos. Alguns pontos são até invisíveis a grandes distâncias. Além dos pontos, existem os cinturões iluminados.
No projeto, estão previstos diversos graus de luminância para melhor adequação a observação do céu.
Os edifícios tombados são intensamente iluminados para destacá-los como principais focos de luz do complexo. Os holofotes voltados para a arquitetura formam um circuito separado que pode ser desativado durante as observações científicas.
Os passeios orbitais são iluminados por balizadores de baixa altura (75cm), focando apenas no piso.
A Praça Orbital possui centenas de LEDs embutidos no piso de concreto, compondo assim um cobertor de pontos de luz de baixa intensidade e baixo consumo de energia. No espelho d´água, os mesmos LEDs são instalados.
Praça do Pomar
Imagem dos autores do projeto
Sinalização
A sinalização proposta faz parte do plano de iluminação, formando uma série de pontos iluminados espalhados pelo campus. A chapa de inox ancorada no chão traz uma solução elegante e durável. O nome do lugar “Você está aqui”, “Praça Orbital” são serigrafados assim como as setas direcionais. O logo da On-Mast é estampado na chapa.
Arquitetura
As edificações propostas pelo projeto foram as determinadas pelo Plano Diretor do campus do Observatório Nacional e Museu de Astronomia e Ciências Afins, tanto na implantação como no uso.
Os edifícios projetados têm tipologia diferenciada da arquitetura existente, destacando os bens tombados e realçando as novas construções.
O projeto prevê uma estrutura metálica, com modulação geométrica de 6 em 6 metros, com planta livre para que esta se adapte ao uso proposto de cada edificação.
Praça dos Coqueiros
Imagem dos autores do projeto
A cobertura metálica forma um desenho de shaft provocando a ventilação natural.O uso eficiente dos recursos naturais com o melhor aproveitamento da energia solar e o planejamento das aberturas permitindo uma ventilação natural e economia de energia foram premissas fundamentais para a definição da tipologia.
A luz natural é captada de forma difusa, através do brises projetados, bloqueando o calor gerado pela luz solar direta diminuindo a carga necessária de refrigeração.
A escolha de uma estrutura modular industrializada é resultado da racionalidade construtiva, agilidade e limpeza no canteiro de obras, facilidade no transporte, assim como a preocupação com o destino dos resíduos da construção civil.
A Arquitetura deve permitir a acessibilidade a todos os ocupantes de forma segura e autônoma.
Praça do Museu de Astronomia
Imagem dos autores do projeto
Os edifícios
1. Administração do On-Mast
Localizado na Rua General Bruce o edifício tem três pavimentos (térreo + dois), com terraço voltado para área de encosta. Foi projetado com estrutura modular e planta livre. O pavimento térreo é recuado em relação ao superior o que permite um acesso coberto para os carros e pedestres.
2. Restaurante e Pesquisa de Pós-graduação do On-Mast
Localizado nas proximidades da Rua General José Cristino, o edifício tem três pavimentos(térreo + dois) tem acesso de veículos e um estacionamento sob área de pilotis. Em um dos blocos estão o restaurante, e no outro bloco a área de salas e oficinas para a Pesquisa e Pós-graduação, interligados pela área de circulação e sanitários. Nesta área algumas árvores serão preservadas para integrar o paisagismo à edificação.
3. Biblioteca
Localizada na área interna do campus, em área adjacente ao estacionamento, tem dois pavimentos além do subsolo, onde se localiza a área de leitura sob pilotis projetada no desnível do terreno, integrando-se com o paisagismo proposto.
Deck - Centro de Visitação
Imagem dos autores do projeto
4. Centro de Visitantes
Este edifício está voltado para o atendimento ao usuário, onde poderá obter informações do campus, acessar os sanitários e uma área de café.No mezanino localiza-se a área de apoio, restrita aos funcionários. O Centro de Visitantes (térreo + mezanino) está implantado sobre pilotis, sem interferência no perfil natural do terreno;o acesso é pelo platô do Museu, hoje sede do On-Mast ,através do deck projetado que integra os dois edifícios. O pavimento térreo tem vista para um grande pomar proposto, resultado da área livre criada com a demolição das edificações existentes.
5. Museu
Localizado na edificação da sede do campus o projeto prevê sua valorização pela adequação ao uso, a integração com os espaços externos e os novos propostos em projeto de arquitetura e paisagismo.
6. Túnel
Localizado entre o platô do Museu e a Praça Orbital, visa criar um elemento lúdico de passagem com finalidade educativa e de lazer.
7. Os muros do limite do terreno
S serão trabalhados de forma a promover uma relação com a vizinhança. Nas áreas residenciais a proposta prevê um muro verde. Na Rua General Bruce o muro é recuado, destacando a calçada e construído de alvenaria com vazios, do tipo vigia, para que a grande massa de vegetação do talude possa fazer parte da cidade. Através destas vigias o pedestre reconhecerá uma área de interesse e de conhecimento.
ficha técnica
Arquiteta paisagista responsável pela equipe
Patrícia Akinaga
Autores do projeto
Arq.Patrícia Akinaga, arq.Andréa Junqueira Campos e arq. Merten Nefs
Arquiteta colaboradora
Ângela Nagao
Estagiários
Gléuson Pinheiro Silva, Marcelo Kubo
Crédito das imagens
Equipe
