Uma clareira construída no meio da mata será, por um determinado espaço de tempo, o centro de encontro de um grupo de jovens músicos em formação.
As novas instalações de apoio ao Auditório Cláudio Santoro deverão ocupar os dois patamares em desnível do lote vizinho ao auditório, respeitando a condição de área de preservação permanente, e definindo uma implantação que traga para junto de si a vegetação a ser recuperada.
Nossa proposta visa tirar máximo proveito desta condição especial, estabelecendo uma intervenção respeitosa às condições existentes, reservando a superfície do terreno às atividades de vivência e didáticas, oferecendo, a todo momento, o confronto com a paisagem de Campos de Jordão.
Alojamento em Campos do Jordão, acesso, Campos do Jordão. MMBB Arquitetos, 2009
Modelo eletrônico Marcelo Yukio Nagai, Vito Macchione e Yuri Vital
As ações
1. reconformar a topografia através do menor impacto
2. recompor a mata obtendo o maior efeito
3. definir uma clareira para as atividades
4. confrontar os espaços edificados com a mata
A divisão do terreno em dois patamares definiu a organização dos usos: as áreas de uso coletivo e as áreas de uso privativo. As primeiras, ligadas ao terreno e aos seus dois patamares; as segundas, destacadas da topografia, debruçadas para a paisagem e para a mirada da Pedra do Baú.
O projeto
O pavilhão que marca a entrada do conjunto congrega a recepção, o refeitório – uma das áreas de convívio - e todas as atividades administrativas e de serviço, como informática e secretaria, cozinha e refeitório, lavanderia, área técnica, almoxarifado e limpeza.
Possui dois pavimentos com acessos em distintos níveis, um voltado para a praça de serviço, junto à frente do lote, e outro voltado para a praça de chegada.
As salas de aula e ensaio
Sua forma é determinada pela configuração da clareira. A ausência de paralelismo favorece as condições acústicas.
A transparência e continuidade com o pátio e o talude reconfigurado incentiva a realização de apresentações e atividades no espaço central do conjunto.
A aproximação com a mata promove o encontro da música com a paisagem.
Alojamento em Campos do Jordão, maquete da disposição das salas de aula, Campos do Jordão. MMBB Arquitetos, 2009
Foto divulgação
Os quartos
O volume dos quartos eleva-se no terreno. Define áreas de sombra que reforçam os limites do pátio de encontros. Debruça-se sobre a paisagem da Mata Atlântica.
Destacado da topografia, mantém a permeabilidade do solo e permite o desenvolvimento de uma sub-mata que faz a transição para a vegetação existente.
Alojamento em Campos do Jordão, maquete da disposição dos quartos, Campos do Jordão. MMBB Arquitetos, 2009
Foto divulgação
Quartos
Toda manutenção de instalações prediais é feita pela circulação. Com fechamento em vidro em todo o perímetro interno, ela anima o pátio e, ao mesmo tempo, funciona como um captador de radiação solar.
Sistema de climatização
Dispositivos de climatização passiva (natural)
Inverno
Dia: Calor (radiação calor) [1] entra aquecendo os elementos de grande massa da construção como lajes maciças de concreto-armado [3]. Com a limitação da ventilação [2], estes não são resfriados, dando origem ao chamado "efeito estufa".
Noite: O calor acumulado nos elementos de grande massa [5], dada a sua inércia térmica, esquenta o edifício, cujos quartos são isolados termicamente do exterior pelas paredes e portas da circulação e nas janelas por painéis de madeira com boa capacidade de isolamento térmico [4].
Alojamento em Campos do Jordão, diagrama sistema de climatização no inverno, Campos do Jordão. MMBB Arquitetos, 2009
Desenho escritório
Verão
Dia e noite: O calor será atenuado por ventilação natural cruzada, regulável, obtida através do posicionamento de aberturas em fachadas opostas, as quais sempre apresentam temperaturas diferentes, seja em função da insolação, seja por calor acumulado.
Alojamento em Campos do Jordão, diagrama sistema de climatização no verão, Campos do Jordão. MMBB Arquitetos, 2009
Desenho escritório
A convivência
As áreas de convívio ocupam os vazios definidos pelos espaços contínuos entre cada bloco programático.
Organizam-se na relação introspectiva com o pátio descoberto central. Orientam-se à contemplação do infinito da paisagem.
O auditório confronta a Pedra do Baú e o pôr do sol.
Dados dos projeto
O projeto foi inicialmente chamado de Alojamento Campos do Jordão. É um complexo que sediará as atividades dos bolsistas do Festival Internacional de Campos do Jordão (www.festivalcamposdojordao.org.br) – ao redor de 160 estudantes de idades variadas entre 15 e 30 anos – e que deverão ser realizadas com a colaboração de em torno de 30 professores e uns 40 profissionais na produção técnica e pedagógica.
Programa
- 90 apartamentos para duas pessoas (180 camas);
- em torno de 45 salas de aula e ensaio de tamanhos variados para instrumentos diversos e coletivos diferentes, do estudo individual ao “ensamble” ou camerata com em torno de 15 músicos;
- sala de recitais;
- áreas de convívio e lazer;
- restaurante.
E apoios como recepção, administração, cozinhas, lavanderia, etc.
O proprietário é o Governo do Estado de São Paulo (Secretaria de Estado da Cultura) e o parceiro responsável pela operação deverá ser a organização social (OS, tipo uma ONG) Associação de Cultura, Educação e Assistência Social Santa Marcelina (Santa Marcelina Cultura).
ficha técnica
Projeto: Alojamento de Campos do Jordão
Localização: Área do Auditório Claudio Santoro / www.apaacultural.org.br
Área construída: 6.000,00 m2
Autoria: MMBB arquitetos / Arquitetos Fernando de Mello Franco, Marta Moreira e Milton Braga
Colaboração: Giovanni Meirelles de Faria e Vito Macchione
Equipe: Eduardo Pompeo, Enrico Piras, Guilherme Pianca, João Yamamoto e Thiago Mendes
Modelo eletrônico: Marcelo Yukio Nagai, Vito Macchione e Yuri Vital
Modelo físico: Beatriz Marques, Bruno Taiar, Eduardo Pompeo, Enrico Piras, Nilton Suenaga e Thiago Mendes