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Conheça o projeto de recuperação e restauro da Biblioteca Mário de Andrade, edifício público tombado localizado no centro da cidade de São Paulo, de autoria do arquiteto francês Jacques Pilon

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PORTAL VITRUVIUS. Modernização da Biblioteca Mario de Andrade. Projetos, São Paulo, ano 10, n. 110.04, Vitruvius, fev. 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/10.110/3583>.


Projeto de modernização da Biblioteca Mário de Andrade

O Projeto de modernização (atualização) da BMA parte de um plano da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e da direção atual da BMA no sentido de forjar a identidade contemporânea deste equipamento. O enfoque parte de uma leitura integrada entre o prédio (concretização física da biblioteca) e a função desenvolvida. Este projeto é, portanto, uma ação integrada de todos os enfoques pertinentes para viabilizar o funcionamento da BMA nas próximas décadas.

Paralelamente às intervenções administrativas que partiram de uma leitura da vocação da Biblioteca, o Projeto de Arquitetura se coloca, nesta oportunidade, como eixo orientador de intervenções que contempla os usos identificados e propostos que viabilizam o funcionamento eficiente da Biblioteca para os cidadãos. A história da BMA, a importância do seu acervo e o papel que desempenhou e desempenha nos intelectuais e cidadãos da nossa cidade afirmam a identidade do equipamento junto à sociedade e se consolidará nas intervenções prediais propostas.

O acervo da Biblioteca é muito importante e raro, tanto pela história de sua formação como pela unicidade de itens aí encontrados. Este acervo é constituído basicamente por: coleção geral, coleção de periódicos e obras especiais – de arte e raras. Desde sua origem em 1926, a biblioteca só enriqueceu este acervo pela aquisição ou recebimento de doações de peças e coleções. Em 1975, a inclusão de novas peças e seu processamento se viu limitada pelas condições físicas do edifício.

Em 1991 a BMA foi reformada para manutenção do conjunto e adequação às novas atividades incorporadas. Em 2005, a intervenção que se engendra é sistêmica, isto é, enfrenta concretamente a necessidade de intervenções prediais e considera para isto um projeto de funcionamento sustentável. Que perdure e não caracterize a intervenção como apenas uma manutenção predial, mas sim como a consolidação de equipamento público coerente com a história paulistana.

A primeira observação no diagnóstico elaborado em 2005 é que o espaço para o acervo é finito. A torre do acervo limita em aproximadamente 300.0000 itens a coleção em 22 andares, que totalizam 4.500m². O embasamento atendia, ainda que precariamente, às necessidades administrativas e técnicas da Biblioteca. Além de limitado o espaço, ao longo das décadas de existência, a biblioteca foi gradualmente se congestionando. A falta de infra-estrutura gerou soluções provisórias que acabaram por se tornar definitivas.

Desde o início do projeto, a direção da Biblioteca, bem como a Secretaria Municipal de Cultura, observaram que, tanto para a viabilização da intervenção, como para sua qualificação na classificação do acervo, a geração um espaço suplementar era condição. Assim encaminhado, é premissa do presente Plano Integrado a inclusão de um prédio, originariamente do IPESP, na Rua Bráulio Gomes, como anexo da biblioteca. A área acrescida é de 7.000m² e comportará o crescimento de 100% da área atualmente ocupada pela coleção de periódicos da BMA, considerando a unificação deste acervo com aquele localizado na Biblioteca Presidente Kennedy em Santo Amaro. Desta forma viabiliza-se, operacionalmente, o “pulmão” para organização e classificação do acervo da coleção geral e obras raras. No espaço remanescente da coleção de periódicos, o acervo higienizado, classificado está disponibilizado em uma nova condição, mais segura e ágil.

O escopo de projeto desenvolvido parte do levantamento da situação atual, tanto sob o ponto de vista predial como funcional. Sob o ponto de vista predial, o levantamento foi orientado por subsistemas e no viés funcional, o registro de situações de campo somadas às perspectivas da direção consolidaram o diagnóstico detalhado.

O bem tombado

Conforme Resolução nº 3 do CONPRESP (Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico da Cidade de São Paulo), publicada em 9 de Dezembro de 1992 e conforme Ofício n² 2258, do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), de 14 de Setembro de 2005, o prédio da Biblioteca Mario de Andrade é bem público tombado. Não é objeto deste memorial a descrição detalhada do edifício que já foi foco de diversos estudos e levantamentos. A bibliografia anexada relaciona artigos referentes bem como localiza documentos gráficos das diversas intervenções propostas e realizadas ao longo do tempo. Ainda assim, apresentamos a seguir da situação em que se encontra o edifício bem como uma descrição da postura adotada para recuperação e restauro..

Sobre o edifício, é sabido que a responsabilidade de autor, até a etapa de ante-projeto, é de Jacques Pilon, arquiteto francês, nascido em 1905 e radicado no Brasil em 1933. Jacques Pilon foi um dos principais responsáveis pelo surto de verticalização da década de 1940 na cidade de São Paulo. Com intervenções feitas no processo de obra pelo então prefeito Prestes Maia, o edifício da BMA é um ícone da história da construção civil em São Paulo. Por sua morfologia, edifício inclui técnicas modernas de construção (estrutura de concreto armado para edifícios altos, prumadas para distribuição de instalações) e ao mesmo tempo se mantém fiel ao manual de composições “art-deco” e de construção com detalhes de ornamentação e, acabamentos. O edifício segue os preceitos da “boa construção” e boa solução de detalhes quase que buscando a lógica da composição a volumetria e principalmente na sua inserção urbana. O prédio está localizado na quadra entre as Ruas da Consolação, Av. São Luiz, Rua Bráulio Gomes, na Praça D.Jose Gaspar.

A análise da cronologia da obra de Jacques Pilon, sua inserção na arquitetura paulistana pode, ressalvando a imprecisão da afirmação, incluir este edifício no que é chamado na dissertação de mestrado de Vitor José Baptista Campos – O art-deco na arquitetura paulistana – uma outra face do moderno de proto-racionalismo. Todas as suas características, desde a volumetria, os detalhes de platibanda, aberturas, revestimentos situa este edifício em posição de experimentação para futuras obras como o edifício Paulicéia de 1956 que é notoriamente moderno. O Edifício da Biblioteca não recebeu citações ou classificações academicamente notáveis. Este fato deve-se ao processo de construção pública um tanto “conturbado” desde a sua concepção até a sua execução.

Da idealização do prefeito Fabio Prado de um equipamento público como a biblioteca Municipal, ao projeto original em duas torres de acervo, o processo de projeto e construção e suas alterações “sugeridas“ por Prestes Maia somadas a décadas de sucesso, uso e improvisações caracterizam a situação da Biblioteca hoje. É significativo o caráter integro do projeto original no que diz respeito ao atendimento a um programa arquitetônico determinado. Desde o edifício como o seu mobiliário foi pensado para o atendimento de uma demanda projetada cuidadosamente pela administração. A torre do acervo, suas estantes, a sala de leitura, o transporte vertical do acervo, os periódicos, guarda e sala de leitura especial, as salas para pesquisadores e o mobiliário geral especialmente desenhado e fabricado pela Casa Anglo Brasileira e pela empresa José Mahlmeister & Filho são alguns dos exemplos a serem citados.

A inserção urbana do edifício, conforme projeto original e posterior uso, demonstra a confirmação de determinadas soluções e obsolescência de outras. O edifício está localizado na extremidade sudeste da Praça Dom José Gaspar, junto às Ruas Xavier de Toledo, Bráulio Gomes e Avenida São Luis.

Esta localização é determinante na configuração do edifício. A entrada da Av. São Luis (originariamente a Biblioteca Circulante) e a grande entrada na rua da Consolação determinam eixos estruturadores da volumetria e desenvolvimento da ocupação de todo o prédio. A relação com a Praça Dom José Gaspar e de desfrute de um “estar” público. O abside junto ao grande hall e originalmente dedicado à leitura de periódicos reforça esta relação que a praça tem, hoje com vegetação exuberante e já crescida.

A estrutura de acessos do edifício e seu rebatimento interno determinam o entendimento de usos como áreas públicas e áreas sob controle de acesso. A afirmação da entrada pela Avenida São Luis e o reforço do acesso da Grande Entrada na Rua da Consolação recuperam a identidade de edifício público e aberto à população.

O entendimento de que a viabilização do uso contemporâneo é condicionante para a preservação do importante patrimônio arquitetônico em questão é um dos motes do projeto. O aprofundamento em relação a cada condição de uso determinada pela análise cuidadosa do funcionamento de um equipamento deste tipo na atualidade define diretrizes para o projeto.

As intervenções

Com a direção de viabilização do uso contemporâneo três níveis de intervenção são definidos.

1. Circulação pública paralela à Rua da Consolação

No andar térreo do edifício, com objetivo de articulação das duas entradas de público originais - São Luis e Consolação – é proposta do projeto uma circulação paralela à Rua da Consolação e anexada ao embasamento do edifício. Esta circulação, com objetivo de valorização da fachada original é construída em vidro transparente com o mínimo de esquadrias presentes conforme projeto apresentado. A circulação atende outras demandas de viabilização da biblioteca circulante no andar térreo onde hoje fica localizada a sala de leitura. Outra das propostas estruturais do Plano Integrado. Aí localizada, a Biblioteca Circulante, área de público, com consulta ao acervo próprio e leitura, demanda uma condição de conformo térmico e acústico. Com o acréscimo da circulação, o nível de ruído bem como a carga térmica incidente ficam reduzidos pelo colchão de ar justaposto. Com objetivo de neutralizar o nível de reflexo nesta fachada, com inclinação de 8º, retira do campo visual dos transeuntes a fonte luminosa da abóboda celeste reduzindo assim os níveis de reflexão e valorizando a fachada interna que inclusive, recebe iluminação especial para destaque na paisagem noturna da cidade. Os critérios para definição desta intervenção foram os de viabilização do uso - estanqueidade da biblioteca circulante, manutenção dos acessos públicos existentes no edifício - e ao mesmo tempo a qualificação dos ambientes criados. Desta forma, o “terraço” original na escada de acesso nunca utilizada passa a ser um espaço interno e articulador do público no térreo da biblioteca. Esta intervenção atinge também a área externa à Biblioteca, amplia e qualifica o passeio público como esplanada – com 15 metros de largura - ao longo da Rua da Consolação com as esculturas existentes.

2. Plataforma na praça Dom José Gaspar

Uma questão que este projeto enfrentou foi a relação do edifício com a cidade, a segurança e a acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades especiais. Esta questão encontraram resposta em uma solução proposta que reafirma os “eixos estruturadores” bem como a relação espaços com acesso público sem controle e aqueles estanques. O grande hall com acesso pela Rua da Consolação ganha com a solução proposta um acesso à praça D. José Gaspar. A preocupação é reafirmar a condição original dos ambientes e suas especificidades: a grande entrada da Consolação, o hall central (acesso a elevadores, pesquisadores e auditório) e o abside para leitura de periódicos como um espaço de fruição da praça, inclusive com mobiliário próprio – um conjunto de mesas especialmente projetadas pelo arq. Jacques Pilon, ainda na década de 1930, para a leitura de jornais.

Somada a esta compreensão, a necessidade de viabilização de acesso a pessoas portadoras de necessidades especiais completa a intenção de democratização do equipamento biblioteca junto à população. Para completar, a segurança deve ser contemplada de maneira a configurar um edifício público com toda a carga generosa que deve expressar e, ao mesmo tempo, resguardar de forma segura o acervo e patrimônio aí existente. A proposta então é a da criação de plataforma integrada ao jardim da praça D.José Gaspar que simultaneamente cria as rampas de acesso com condições exemplares e normatizadas que viabiliza o uso do eixo principal do projeto original e protege os acessos diretos à biblioteca. Esta plataforma está na cota de nível interna do grande hall, portanto a aproximadamente 1.30m do nível da praça D. Jose Gaspar, o que empresta a esta um caráter de item paisagístico, como que “pedras” no jardim, não tomando caráter de construção anexa. Sua abertura para o interno da Biblioteca bem como uma pequena acomodação de nível, permite o uso do espaço sob as plataformas como área de apoio e serviço à Biblioteca. Sobre a plataforma, espaços de “estar” integrados à praça passam a ser equipamentos da cidade. O desnível da plataforma com relação à praça, bem como a sua geometria, possibilita um esquema de fechamento da Biblioteca sem as costumeiras grades que tanto prejudicam os espaços públicos da nossa cidade.

Restauro e modernização geral

Com base no levantamento das patologias e danos do edifício, foi instruído o restauro das condições de argamassa, dos diversos materiais de revestimentos – pedras e madeiras - e esquadrias metálicas. O edifício recebeu novas redes de infra-estrutura para funcionamento e segurança – instalações elétricas, hidráulicas, de prevenção e combate a incêndio, circuito fechado de TV, de telecomunicações, de proteção à descargas atmosféricas e de climatização específica para cada um das condições de preservação do acervo. Do ponto de vista estrutural, a recuperação alia-se às diretrizes de restauro e de impermeabilização.

Para os usos pretendidos, no térreo o projeto devolveu à Biblioteca Mário de Andrade a Biblioteca Circulante, equipada por estantes especiais que suportam um piso (mezanino) para a acomodação de 60.000 volumes. Neste ambiente, o mobiliário para os leitores foi selecionado e restaurado e a iluminação foi projetada especialmente para a leitura.

No 2º pavimento, as salas de pesquisadores foram redesenhadas e adequadas às atuais condições contemporâneas, servidas por instalações confortáveis para o leitor e seguras para o acervo. Nestes ambientes, itens do mobiliário original foram restaurados para conviver com os novos espaços criados.

ficha técnica

Cliente: Secretaria Municipal de Cultura/ Prefeitura do Município de São Paulo

Área projetada: 12.000 m² na sede e 7.000m² no anexo

Endereço: Rua da Consolação, 94 –sede e R. Dr. Bráulio Gomes 125/ 139 – anexo, São Paulo – SP

Projeto: Plano integrado de recuperação e modernização do edifício da Biblioteca Mário de Andrade – sede e anexo

Data: 2005 a 2010

Autoria: Piratinga Arquitetos Associados / Arquitetos José Armênio de Brito Cruz e Renata Semin

Coordenação de produção: Cinthia C. Duclerc Verçosa

Colaboradores: Gustavo M. Panza, Juliana Gomes Trickett, Marco Artigas Forti, Renata Pazero e Amarílis Piza

Estagiários: André Álvares Cruz Procópio, Davi Lemos de Moura Lacerda, Marina Ataguile Malagonili e Liz Arakaki

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110.04 Institucional
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original: português

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Piratininga Arquitetos Associados
São Paulo SP Brasil

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