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Conheça os projetos premiados no Concurso Nacional de Idéias para a Reforma Urbana Fenea 2010

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PORTAL VITRUVIUS. IV Concurso Nacional de Idéias para a Reforma Urbana. Fenea 2010. Projetos, São Paulo, ano 10, n. 115.02, Vitruvius, jul. 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/10.115/3677>.


Memorial Descritivo

O presente trabalho resume um estudo mais detalhado e desenvolvido conceitualmente para a disciplina de Projeto de Arquitetura e Urbanismo V, que busca o pensamento crítico envolvido na requalificação técnica urbana e residencial em comunidades subnormais ou ocupações irregulares na cidade de Juiz de Fora / MG.

Fotos do bairro Olavo Costa
Fotos dos autores


O bairro, Vila Olavo Costa foi escolhido pela condição física apresentada, localização na malha urbana, com topografia acidentada aliada à relevantes elementos naturais; a ausência do poder público, tanto em termos de infra-estrutura básica, quanto em equipamentos e serviços urbanos é um fator preponderante na “informalidade urbana”. Aliado a estes fatores, destacamos a possível aplicação da Lei Federal nº 11.888/08, da Assistência Técnica Gratuita pelos profissionais da Arquitetura e Engenharias, que visa assegurar o direito à moradia, otimizando e qualificando o uso racional do espaço edificado e de seu entorno, bem como recursos humanos, técnicos e econômicos, empregados nas construções e projetos. O apoio técnico à que a Lei se refere, pode ocorrer junto às famílias ou cooperativas, associações de moradores ou outros grupos organizados que as representem. O financiamento partirá do poder público nas esferas federal, estadual e municipal, direcionados à habitação de interesse social, por recursos públicos orçamentários ou pela iniciativa privada.

A cidade de Juiz de Fora, município do Estado de Minas Gerais, conta com uma população média de 500 mil habitantes, e está situada na Zona da Mata Mineira, próxima às três grandes capitais da região sudeste, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. Seu clima é caracterizado como Tropical de Altitude.

Estabelecido na região sudeste da cidade, aproximadamente dois quilômetros do centro, o bairro Vila Olavo Costa apresenta uma “conurbação visual” com os dois bairros limítrofes, situação diferente do que acontece com o bairro de classe média alta que faz divisa na parte oeste da área analisada. O bairro possui cerca de 610 famílias de baixa renda, dados fornecidos pela prefeitura e confirmados pela Associação de Moradores local.     

Após diversas visitas, análises e diagnósticos percebe-se que o uso residencial é predominante, caracterizando o ambiente como unifamiliar com fortes relações sociais entre os moradores formando uma identidade do bairro. O conceito da reestruturação é a interatividade do macro-micro (bairro com a cidade), que se dá a partir dos serviços de infra estrutura favorecendo a mobilidade e acessibilidade dos moradores sem que haja perda da identidade local; e micro-micro (bairro com o próprio bairro) partindo da requalificação e criação dos equipamentos urbanos identificados como necessários após estas análises no local.

Assim, partindo das necessidades apontadas pelos diagnósticos, apontamos alguns projetos de equipamentos urbanos necessários para provir a população de uma infra-estrutura básica necessária, são eles: um Centro Multimídia, uma sede para a Sociedade Pró-Melhoramentos, requalificação da Praça Nossa Senhora Aparecida, um Centro Profissionalizante, uma Área Esportiva, a requalificação da Unidade Básica de Saúde, inserção de Cooperativas de Lixo e a requalificação de mina d’água existente. A escolha dos equipamentos supracitados deve-se principalmente ao interesse do desenvolvimento participativo e profissionalizante da comunidade, bem como a melhoria da qualidade de vida local.

O fato de haver certa exclusão nos investimentos municipais para com o bairro, tem como conseqüência a infra-estrutura precária nessa área, e, aliado à topografia, proporciona áreas de risco, apontadas, inclusive pela defesa civil do município.

Paralelamente às propostas aqui descritas, é possível observar a questão do déficit habitacional - crescente em toda a cidade - que no Olavo Costa é explicado pelo fato de que a demanda populacional é ainda maior às habitações existentes, o que se agrava com a identificação das mesmas em áreas de risco, impondo assim a realocação das famílias. O enfoque dado na proposta da construção de novas unidades habitacionais parte da necessidade de realocação de algumas famílias e o conseqüente desenvolvimento de novos usos, mais adequados para essas áreas.

Para a inserção de novas habitações, foram quantificadas as residências em área de risco e a necessidade de viabilizar novas áreas para ocupação. As áreas escolhidas estão no próprio bairro para menor impacto no cotidiano das famílias realocadas. Essas áreas atualmente configuram espaços vazios, cobertos por vegetação local e totalmente inseridos na malha viária do bairro.

A proposta de uma praça em platôs (em função da topografia), em que cada platô é desenvolvido um tipo de atividade, como skate, contemplação para o bairro, playground, área para feiras livre, é realizada em uma das áreas de risco. Essa é estruturada a partir de escadas, muros de contenção e vegetação rasteira, como melhor forma de aproveitamento da área. A proposta para a segunda área de risco é a recuperação do solo, seguindo um plano de revegetação onde não existam condições técnicas para inserção de novas unidades habitacionais ou equipamentos urbanos. 

Para as áreas em que serão inseridas as novas habitações, desenvolveu-se um estudo conceptivo volumétrico, partindo inicialmente da topografia encontrada para cada nova área, posteriormente a orientação solar, uma setorização prévia de como os ambientes internos das habitações se comportaria, surgindo assim a volumetria.

Foto dos dados usados na concepção das Unidades Habitacionais
Fotos dos autores


O estudo volumétrico conta com módulos de 4,00m x 5,00m x 2,90m (com as tipologias variando a metragem quadrada de 34m² a 75 m²), e a partir dos mesmos formam-se quatro tipologias habitacionais, variando entre um e dois pavimentos. A metragem quadrada das tipologias formadas parte de um programa com áreas mínimas, afim de que se possa aproveitar o máximo das novas áreas realocando o maior número de famílias situadas atualmente nas áreas de risco. Para os terrenos em que as novas unidades serão implantadas, pode-se contabilizar um total de 56 unidades familiares. É importante destacarmos que a solução volumétrica alcançada prioriza poucos cortes nos terrenos já bastante acidentados, aproveitando o declive para a inserção das unidades (conformando certa privacidade de cada uma), áreas de uso comum e acessos.

A partir da volumetria e um estudo dos ambientes e layout das unidades, atinge-se a busca de soluções dos materiais a serem inseridos no projeto levando em consideração os princípios da sustentabilidade. Como já foi dito, a orientação solar foi um dos partidos para o desenvolvimento do trabalho, e sua importância é justificada pelo almejo da eficiência energética, evitando o consumo de luz artificial quando desnecessário. Outro ponto levado em consideração é o pé direito. Atualmente a lei permite a utilização de até 2,60m de altura visando a economia de material, porém, o conforto térmico no ambiente seria prejudicado, e esse é um dos fatores defendidos. Quanto aos materiais, para o piso a escolha foi cimento queimado para que haja uma integridade dos ambientes já que em algumas residências os mesmo são integrados além do baixo custo e fácil implementação. Para os elementos de vedação optou-se pela utilização de tijolos de adobe com furos, permitindo a passagem de tubulação hidráulica e elétrica, além de possuir bom isolamento acústico. Quanto à estrutura, a escolha mais plausível foi o concreto pré-moldado, sendo estes em cada habitação pintados de cores diferentes proporcionando a cada residência uma identidade.

A cobertura será feita com telha de fibrocimento com colchão de ar, melhorando a qualidade térmica do ambiente, e para cada telhado há uma proposta de aquecimento solar pelo sistema que utiliza garrafas Pet, barateando o custo da execução e implantação, além de permitir ainda uma redução de 40% no consumo energético da casa. Ressalta-se ainda a preocupação com a captação de águas pluviais e sua utilização em fins não nobres, através do recolhimento pelas calhas e seu direcionamento para reservatório inferior. 

É de suma importância informar que a proposta de implantação bem como a execução do projeto na comunidade, preconiza a utilização do Centro Profissionalizante como equipamento de instrução à comunidade para que seus moradores sejam capacitados a executarem o próprio lar.

Ao final da resolução de cada proposta aqui apontada, haverá um retorno à comunidade apresentando aos “contratantes” o projeto que foi solicitado atendendo cada necessidade explicitada nos primeiros contatos.

ficha técnica

Projeto de Requalificação do bairro Olavo Costa

Local
Juiz de Fora, MG

Arquitetura
André Correa Castanheira, Bruna Hamacek Vianna e Nádia de Oliveira Camacho

Projeto desenvolvido na disciplina de Projeto V pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora

Professores/Orientadores
Mário Márcio e Tatianna Leal

Desenhos
André Correa Castanheira, Bruna Hamacek Vianna e Nádia de Olliveira Camacho

source
Equipe premiada
Juiz de Fora MG Brasil

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115.02 Concurso
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original: português

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Organização do concurso
Brasil

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115

115.01 Profissional

Spanish Pavilion for Shanghai World Expo 2010

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