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Conheça as propostas desenvolvidas por arquitetos professores de arquitetura para examinarem criticamente o problema urbano ocasionado pelo arroio Dilúvio em Porto Alegre, através de projeto arquitetônico

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PORTAL VITRUVIUS. Arroio Dilúvio. Projetos, São Paulo, ano 11, n. 123.03, Vitruvius, mar. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.123/3803>.


Av. Ipiranga e Arroio Dilúvio – Via Universitária

A necessidade de saneamento de apreciáveis áreas da Cidade Baixa, como a Ilhota, parte do Menino Deus e Rua da Margem (atual João Alfredo), somado aos cíclicos alagamentos causados pelo Arroio Dilúvio, responsável pela drenagem dos vales da Agronomia e da Glória, ditaram as retificações e contenção do seu geocurso entre diques, até a foz. O projeto ocasionou deslocamento do ponto de deságüe do arroio canalizado, mais ao sul que o original, criando a atual Avenida Ipiranga (construída na década de 1940 durante o governo Loureiro da Silva), com pistas elevadas sobre diques laterais de contenção, que se integram ao sistema de proteção contra as cheias do estuário Guaíba (que envolve 60 km de diques, inclusive o muro da Mauá). A avenida constituiu-se em obra crucial para a cidade, em razão da estruturação urbana e saneamento da região, permitindo também, através da construção das obras de arte, o desaparecimento do obstáculo natural  entre as ligações urbanas na direção sul, recuperação de áreas do antigo leito, reloteamento da Ilhota e, principalmente, a construção de trecho da Avenida Primeira Perimetral e obras resultantes, entre elas, o Largo dos Açorianos, por onde o Arroio Dilúvio passava por baixo da ponte de pedra, hoje monumento aos primeiros colonos portugueses que avançaram no território através de seu leito.

Desde a década de 1930, os Urbanistas Edvaldo Pereira Paiva e Ubatuba de Farias, projetavam a estruturação do aterro da Praia de Belas através de desenho urbano polarizador na criação de novo portal de entrada da cidade, a partir do rio, de caráter cívico, fortemente influenciado pelo projeto de Agache para o Rio de Janeiro, conjugando com o pórtico da Av. Sepúlveda, na Av. Mauá, ligado ao porto, o papel de espaço convergente e centralizador do coeur de Porto Alegre.

Projeto para o aterro da Praia de Belas e retificação do arroio Dilúvio, Engs. Edvaldo Pereira Paiva e Ubatuba de Farias, 1936.


 Ajustado ao traçado radial determinante, avenida Borges de Medeiros e o Arroio Dilúvio retificado convergeriam em traçado sinuoso para este cressent monumental,  indutor da expansão da área central da cidade. Obra não realizada, remanesceram projetos de pontes e mobiliário urbano de desenho moderno influenciado pelo art decó  e expressionismo dos anos 1940.

Imagens da publicação “Um Plano de Urbanização”, Eng. Edvaldo Pereira Paiva, 1943. Durante a intendência de José Loureiro da Silva.

Expressão histórica, monumentalidade formal urbana e paisagística, polifuncionalidade infra-estrutural e intermodal aportam à Av. Ipiranga carga simbólica e funcional de primeira grandeza.

A proposta sumariamente traçada aqui, com a pretensão de esboçar uma hipótese factível e realista, objetiva explorar esta vocação potencializando os equipamentos e infra estruturas existentes, e induzindo o desenvolvimento de outros, através de incremento tecnológico, infra estrutura, mobilidade urbana e qualificação formal dos elementos urbanos correspondentes, dentro de nova identidade – Avenida Ipiranga – Via Universitária:

1 – Conceito
Otimização da Avenida Ipiranga como espaço urbano qualificado para atividades relacionadas ao meio universitário e institucional, a exemplo do BUS – Barrio Universitário de Santiago(1), através da implantação de transporte público eficiente, de baixo impacto ambiental e infra-estrutura apropriada ao potencial cultural e à vitalidade latente em contextos urbanos ligados a universidade e instituições públicas.

Av. Ipiranga e Arroio Dilúvio – Via Universitária, Mapa geral da Proposta, Moacyr Moojen Marques e Sergio Moacir Marques.


1.1 – Metrô aéreo
Sistema de transporte de massas ligando o terminal do Mercado do TRENSURB (por extensão conectando a região metropolitana, além de rodoviária e aeroporto), no centro de Porto Alegre até o Campus do Vale da UFRGS em Viamão, por via aérea, com tecnologia tradicional como a utilizada na ligne 6 de Paris entre as estações Dupleix e Trocadero, a exemplo dos antigos metrôs aéreos de Chicago, ou experimentais como o aéromóvel de Porto Alegre a exemplo de Orlando nos E.U.A. A linha, (conforme Figura acima), ligaria o centro da cidade e o extremo leste, conectando o Cais Mauá do porto, Usina do Gazômetro, CIENTEC, Centro Administrativo (Federal, Estadual, Municipal), Shoping Praia de Belas, Policia Federal, Zero Hora, Zaffari Bourbon, Hospital Ernesto Dorneles, Campus Médico da UFRGS, Campus Olimpico da UFRGS, PUCRS (quarenta mil pessoas ligadas à PUCRS - com possibilidade de conexão ao trem aéreo em estudo para o campus), Colégio Champagnat, Hospital São Lucas, Campus do Vale da UFRGS (ingressando dentro do campus – sessenta mil pessoas ligadas a UFRGS). A linha, sobre via radial, cruzaria com as três perimetrais do sistema viário principal da capital, além de outras importantes transversais, estabelecendo conexão modal com outros sistemas de transporte público. No cruzamento com a segunda e terceira perimetral haveriam ainda viadutos para automóveis. Desta maneira e com um raio de quatrocentos metros de abrangência para cada lado, a via universitária conectaria ainda o Colégio Julio de Castilhos, e indiretamente o Campus do Centro da UFRGS, o Centro Universitário UniRitter e a Universidade Anhanguera em construção na av. Cavalhada.

Av. Ipiranga e Arroio Dilúvio – Via Universitária, Exemplo de estação intermodal e de serviços entre a Via Universitária e avenidas perimetrais e/ou transversais, Moacyr Moojen Marques e Sergio Moacir Marques.

Av. Ipiranga e Arroio Dilúvio – Via Universitária, Exemplo de estação intermodal e de serviços entre a Via Universitária e avenidas perimetrais e/ou transversais, Moacyr Moojen Marques e Sergio Moacir Marques.


1.2 – Serviços e equipamentos
 
Vinculadas as estações do metrô, a exemplo dos sistemas de metrô subterrâneo de Barcelona ou Montreal, serviços e comércio de conveniência destinados principalmente à estudantes e pessoal ligado às universidades e instituições tais como livrarias, copiadoras, cafés além de farmácias, lanchonetes, etc.  Intercalando com as estações, áreas de estar (refúgios), lazer e estudos ao ar livre, equipadas com mobiliário urbano adequado ao público universitário e wireless, ao longo da via, análogo ao conceito do Barrio Universitário de Santiago. Junto as margens do arroio, na cota de nível do dique, ciclovia e passeio para corridas e caminhadas, tratamento paisagístico e mobiliário urbano de bom desenho.

Av. Ipiranga e Arroio Dilúvio – Via Universitária, Exemplo de praças elevadas (refúgios) com áreas de estudo e lazer, Moacyr Moojen Marques e Sergio Moacir Marques.

Av. Ipiranga e Arroio Dilúvio – Via Universitária, Exemplo de praças elevadas (refúgios) com áreas de estudo e lazer, Moacyr Moojen Marques e Sergio Moacir Marques.


1.3 – Habitação e infra estrutura urbana
A avenida Ipiranga com seus setenta metros de largura é uma das vias de porto Alegre que, ao contrário de outras onde o fenômeno equivocadamente está ocorrendo, suporta bem a verticalização. A proposta é estimular edifícios de habitação coletiva, até 70 metros de altura, com unidades adequadas a estudantes e infra estrutura de uso comum como a unité de Marseil de Le Corbusier, porém com térreos interligados por galerias, destinados ao comercio, serviços, cultura e lazer, a exemplo da avenida La Cañada em Córdoba na Argentina.

Av. Ipiranga e Arroio Dilúvio – Via Universitária, Perfis transversais e longitudinais da Via Universitária ilustrando proporção do gabarito da avenida com edifícios de até setenta metros de altura, Moacyr Moojen Marques e Sergio Moacir Marques.


1.4 – Paisagem e Meio Ambiente
Implantação integral das obras de saneamento do PISA – Programa Integrado Sócio Ambiental, em andamento em Porto Alegre, canalizando todo o esgoto cloacal e saneando o Arroio Dilúvio. Implantação de sistema de bombeamento de águas do Guaíba até a cabeceira do Arroio Dilúvio, criando sistema permanente de limpeza da água e controle de nivelamento. Com a construção de barragens, surgiriam algumas laminas d’água apropriadas para o nautimodelismo, pesca, esportes e contemplação, associadas as áreas de estar e lazer, como no Puerto Madero em Buenos Aires e/ou ainda comércio de flores junto as margens, como em Xochimilco na Cidade do México. Eliminação de toda a fiação de alta e baixa tensão para canalização aérea junto a via do metrô além de iluminação pública suspensa.

Av. Ipiranga e Arroio Dilúvio – Via Universitária, Perfis transversais e longitudinais da Via Universitária ilustrando proporção do gabarito da avenida com edifícios de até setenta metros de altura, Moacyr Moojen Marques e Sergio Moacir Marques.

Desta maneira, com urbanismo e arquiteturas, entendemos que, entre os extremos de utopias irrealizáveis ou ações acanhadas, os ideais de qualidade de vida, imaginados pelos urbanistas de Porto Alegre, desde a canalização do Arroio Dilúvio nos anos 1940, encontrariam um caminho, entre outros, de urbanidade e cidadania real, sem demagogias.

notas

1.
Programa de revitalização de tradicional bairro próximo ao centro de Santiago do Chile, com a disseminação de edifícios universitários e equipamentos correspondentes, criado em 2002 pela Corporación Universitária constituída pela Municipalidad de Santiago do Chile e mais cinco entidades institucionais, entre elas a Universidad Diego Portales, cuja Faculdade de Arquitetura é dirigida por Mathias Klotz, o qual coordenou a estratégia e projetou diversos edifícios desta instituição no BUS.

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Autores do projeto
Porto Alegre RS Brasil

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123.03 Idéias
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123

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Villa Empain

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Revitalização da Praça da Liberdade em Ipameri

123.04 crítica

Loja Forma, Paulo Mendes da Rocha, São Paulo, 1987

Edson Mahfuz

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