Este artigo (1) insere-se no grande tema das intervenções de restauro e ampliação, reforma ou reconstrução de obras reconhecidas como pertencentes ao patrimônio histórico. Este não é constituído apenas pelas obras do período colonial ou mesmo dos séculos 17 e 18, mas também do Movimento Moderno, isto é, construídas durante o século 20. Estas intervenções nas obras de valor arquitetônico reconhecido são em geral controversas e polêmicas, seja pelos programas propostos, pelos materiais empregados, pelas técnicas construtivas ou pelo valor afetivo intangível que a obra retem. As publicações profissionais tem dedicado pouca atenção a essas obras, mas seu número crescente e a importância para a cidade, justificam o debate que elas ensejam.
1. A Cepal
A Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe foi criada pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas através de sua resolução 106 (VI) em 25 de fevereiro de 1948 e começou a funcionar nesse mesmo ano.
A Cepal é uma das cinco comissões regionais das Nações Unidas e sua sede está situada em Santiago do Chile. Tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento econômico da América Latina, coordenar as ações visando sua promoção e reforçar as relações econômicas dos países entre si e com o resto do mundo. Posteriormente seu objetivo foi ampliado incorporando a promoção do desenvolvimento social. A Cepal tem duas sedes sub-regionais: uma para a América Central situada na cidade do México, de 1951, e outra para o Caribe com sede e Puerto España, de 1966.
Sua importância para a formação de uma cultura econômica regional é inegável, bastando lembrar os trabalhos sobre a teoria da dependência, como os de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto (2).
2. O edifício da Cepal
O edifício sede da Cepal é uma obra emblemática da cultura arquitetônica brutalista na América Latina. O projeto é do arquiteto Emilio Duhart e equipe integrada por Christian de Groote e Roberto Goycolea, que venceu o concurso realizado em 1960. O projeto foi desenvolvido entre 1961 e 1965 durante o qual o programa inicial com cerca de 9.600 m² foi muito ampliado chegando a 17.000 m². Além dos escritórios administrativos e técnicos da Cepal, o edifício hoje abriga os escritórios regionais da FAO (Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação), da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), do JAT (Junta de Assistência Técnica) e do Instituto para o Desenvolvimento da América Latina. As obras foram iniciadas em 1963 e terminadas em 1966. Esse processo de crescimento continuou nos anos posteriores e, sem consultas ao arquiteto, foram sendo preenchidos vazios no térreo e no primeiro pavimento, feitas subdivisões e construídas novas coberturas.
No memorial de apresentação do anteprojeto o arquiteto escreveu: “O edifício está concebido como uma unidade autônoma e simples: um quadrado de 95,66 metros, com um único pavimento principal sobre o piso do térreo; um grande pátio interior de 66,38 x 66,38 metros dentro do qual estão localizados os elementos comuns aos diversos organismos agrupados no edifício. Estes elementos formam um complexo funcional e plástico completamente unitário, com relações internas fluídas e diretas. Por sua periferia e por seus terraços – que arrematam o conjunto com o valor de uma quinta fachada, muito visível desde os cerros vizinhos – o edifício participa plenamente do espaço geográfico circundante e do céu de Santiago” (3). Em uma entrevista para a revista AUCA em 1966 o arquiteto reafirmou a importância da horizontalidade e dos terraços: “A totalidade do terreno e as vistas do vale de Santiago são observadas nas coberturas em terraços, especialmente na sua parte culminante, situada sobre a Sala de Conferências” (4).
Nestas observações do arquiteto nota-se sua sensibilidade para o sentido da escala do edifício na paisagem, no lugar e no urbano, bem como, dos materiais e da tectônica, sensibilidade que já se manifesta desde sua formação.
Emilio Duhart termina seus estudos em 1941 na Universidade Católica de Santiago, quando nesta Escola ainda prevalecia o ensino acadêmico e eclético. O contato com o Movimento Moderno virá através de uma bolsa em 1942 para estudar com Gropius em Harvard. Nos anos seguintes trabalha como assistente de Walter Gropius e Konrad Waschmann no projeto para a “General Pannel Corporation Prefabricated Housing” e no programa de guerra em São Francisco, no escritório de Ernest J. Kump.
Com o fim da guerra retorna ao Chile e em sociedade com Sergio Larrain realiza um extenso volume de obras. Foi Professor Titular da PUC-Santiago no Departamento de Projeto por muitos anos e depois no de Planejamento Urbano. Em 1952 com uma bolsa do governo Francês, vai para Paris, onde trabalha com Le Corbusier nos projetos para Chandigarh. São desse período passado no atelier da Rue de Sèvres as influências mais visíveis no concurso para o prédio da Cepal. Por um lado a tectônica, que se manifesta na invenção estrutural e no uso do concreto aparente e por outro no uso do módulo de 1,22m, na planta livre, no pilotis de grandes proporções, e no terraço visitável como nas Unités d'Habitation de Marselha e Nantes-Rezé, que já estavam concluídas naquela ocasião (5).
O edifício está formado por quatro elementos de morfologias fortemente definidas: O “Anel” quadrado, que abriga os escritórios é formado por vigas mestras apoiadas sobre 4 grandes pilares tronco-piramidais em cada fachada, com vãos de 21,96 metros, entre si e balanços que se prolongam 14,64m para formar as quatro esquinas do edifício. Entre elas apóiam-se as vigas pré-fabricadas e protendidas, que formam a cobertura ou terraço visitável. Da estrutura principal pendem tirantes a cada 2 módulos, que suportam as vigas do piso dos escritórios, formando uma superfície contínua e totalmente flexível. Para Duhart esta laje pendurada iria assegurar um comportamento adequado aos esforços sísmicos, como ocorreu em diversas ocasiões, como no terremoto de março de 1965. O “Caracol” ou Sala de Conferências, de grande presença no interior do pátio é um cone helicoidal, circundado por uma rampa, que abriga duas grandes salas de conferências sobrepostas, com capacidade para 350 pessoas no salão superior e 300 pessoas no salão inferior de acesso público.
O auditório superior tem 15m de altura e abriga os delegados de todos os países Latino-Americanos. Sua construção em concreto aparente moldado in loco, permitiu que uma série de baixos relevos representando cidades e edifícios da América Latina fossem deixados nas formas, como o Plano de Brasília de Lucio Costa e a catedral de Oscar Niemeyer. O “Núcleo” central, pequeno edifício de cinco pisos, sendo 2 em subsolo e 3 sobre o nível do pátio, que funciona como apoio para as salas de reunião, com acessos, sanitários, copas e escritórios de coordenação. Dele partem pontes ou passarelas cobertas que o conectam ao anel exterior. Na cobertura do núcleo central o arquiteto quis reforçar a presença da paisagem e da cordilheira próxima, permitindo que a escada circular e os elevadores chegassem até esse nível e projetando um pequeno auditório ao ar-livre formado por uma laje em degraus, ligeiramente inclinada e levantada do piso como em Nantes-Réze (6).
E finalmente o “Diamante”, destinado a salas de reunião e cujo nome deriva de sua configuração poliédrica formada por lajes de concreto aparente facetadas. Trata-se de um volume relativamente pequeno, apoiado sobre dois pilares de concreto com balanços nos lados. Apesar de projetado e calculado não foi construído na ocasião por razões orçamentárias. Exteriormente o conjunto foi circundado por uma série de muros de contenção de concreto ciclópico, usando grandes seixos rolados do vale do Rio Mapocho, que corre no vale central muito próximo e por rampas de penetração, que conectam as entradas ao nível inferior dos pátios. O acesso principal está marcado por uma marquise monumental, a “telha”, côncava, de dupla curvatura apoiada em vigas em balanço de grande efeito plástico.
A obra foi objeto de grande interesse internacional (7), mas também de algumas polêmicas pela ousadia da estrutura, expressão formal e impossibilidade de crescimento.
Em relação a este último ponto a crítica poderia ser resumida da seguinte forma: o projeto apresenta excelente centralização das funções administrativas e serviços gerais a partir do núcleo, mas o anel periférico bloqueia a possibilidade de crescimento e expansão orgânica. O arquiteto argumentou que o projeto vencedor do concurso cumpriu, perfeitamente, suas necessidades de expansão, pois foi ampliado em quase 100% durante seu desenvolvimento, sem que perdesse a unidade da concepção inicial. A flexibilidade do projeto foi posta a prova pelas numerosas mudanças do programa, especialmente pela inclusão no edifício principal do novo Instituto Latino-Americano de Planejamento Econômico e Social. Reconheceu porém, que “neste tipo de programa existe uma tensão entre as necessidades da expressão e de caráter e as possibilidades de crescimento ilimitado; o arquiteto acredita que neste caso o edifício é como um organismo que cresce até preencher seu equilíbrio próprio e que as novas expansões devem ocorrer sob a forma de novos elementos celulares associados ao elemento primogênito, mas que não lhe façam perder seu papel diretor” (8).
Foram previstos edifícios satélites para receber as expansões e os novos programas, mas quando também estes foram preenchidos, a busca por espaço levou a construção nos vazios, no térreo e de mais um nível sobre o núcleo central, utilizando a arquibancada do ar-livre como base para um novo auditório, com todos os problemas de acessibilidade, sanitários e ar-condicionado, daí decorrentes. É interessante observar que o “diamante” nunca foi construído, bem como, a passarela sobre o lago e a escultura “Árvore das Nações”, que completariam o conjunto tal como originalmente concebido. O edifício da Cepal é pois um edifício incompleto.
No que se refere a expressão formal a questão proposta pela crítica era a da baixa altura do edifício no contexto da paisagem andina e a forma fechada, pouco acolhedora para o visitante, que precisa cruzar o anel periférico para descobrir a riqueza interior do espaço. A essas questões o arquiteto argumentou que a relativa hermeticidade do edifício, “que não entregava imediata e totalmente seu conteúdo era consoante com o temperamento profundo da América Latina, com sua reserva e austeridade, que não são sinônimos de pobreza, mas, talvez da consciência de que existem enormes forças contidas ainda não liberadas, mas que existem como potencialidade e promessa”, e mais adiante comentando a horizontalidade do partido adotado e a modesta altura do edifício o arquiteto informa que assim procedeu porque o “Governo do Chile e a Municipalidade de Las Condes, exigiram que nas bases do concurso, fosse especificado que, sem prejuízo do caráter monumental da obra, este não deveria ter uma altura superior às construções existentes no setor residencial de Vitacura, (altura máxima de 4 pisos). Ademais, dessa forma, preserva-se para os habitantes de Santiago a partir do sul a extraordinária vista para a cordilheira dos Andes, bem como, do rio Mapocho e do futuro Parque das Américas” (9).
No que se refere a ousadia da estrutura “audaciosa, vanguardista e virtuosística” a crítica mencionou o risco de ter sido concebida apenas pelo desejo arquitetônico, sem fundamento na necessidade funcional. O arquiteto respondeu a essas questões lembrando que a solução proposta permitiu a extrema flexibilidade no arranjo dos pisos térreo e superior, bem como, das passarelas de pedestres e acrescentou: “é correto afirmar que esta estrutura representa um importante esforço de concepção, de análise, de cálculo e de execução na obra, mas também tinha um propósito claro, o da superação das soluções construtivas correntemente adotadas neste país e que para todas elas haviam realizações experimentais anteriores realizadas no Chile” (10).
3. O terremoto e a convocatória
No dia 27 de fevereiro de 2010 ocorreu um forte terremoto no Chile, que danificou os edifícios da Cepal. Dentre eles ocorreu o colapso da estrutura, que havia sido construída sobre o terceiro pavimento do núcleo central. A Cepal tomou a decisão de reconstruir a área destruída por várias razões: a Cepal tem a custódia do patrimônio econômico representado pelas contribuições dos países membros para a construção; os seguros envolvidos; e as necessidades de espaço que o edifício hoje apresenta.
A Cepal, há mais de uma década vem tomando iniciativas que visam valorizar e recuperar o edifício sede, restabelecendo suas qualidades arquitetônicas e revertendo certas intervenções realizadas no passado, como a recuperação dos espaços livres no primeiro pavimento, a eliminação de algumas intervenções posteriores, bem como, a redistribuição das funções no espaço disponível. Por outro lado a Cepal tem necessidades de espaço para pode desenvolver suas atividades, seja como resposta a solicitações de programas mais complexos seja para adequar o edifício aos novos padrões internacionais de segurança, climatização e sustentabilidade, que lhe correspondem como instituição de âmbito internacional.
Nesse contexto a Cepal decidiu, acatando uma recomendação do Docomomo Chile (11), receber idéias e estudos sobre as modificações a serem realizadas no futuro imediato. Para tanto organizou um Seminário para “debater e examinar diferentes idéias de projeto e identificar estratégias que permitissem intervir no edifício existente de maneira inteligente em relação as suas qualidades patrimoniais. O Seminário permitiria reunir uma seleção de propostas, que poderiam ser convidadas pela Cepal para seu posterior desenvolvimento e implementação” (12).
No edital de convocação constavam uma série de diretrizes a serem seguidas pelos participantes, a saber:
a) A intervenção por estar localizada no teto do núcleo existente deveria considerar os elementos estruturais pré-existentes, (pilares e laje inclinada), bem como, a circulação vertical (escada circular e elevadores), e levar em consideração a altura dos elementos contíguos, como o caracol e o anel periférico;
b) A proposta deveria levar em conta a reversibilidade da intervenção, isto é, a possibilidade de desmontá-la e restituir o local ao seu estado original;
c) A intervenção deveria levar em conta que o edifício da Cepal é considerado patrimônio histórico e portanto seria desejável ter uma postura consistente e clara, seja por mimesis ou contraste, com a edificação existente;
d) A proposta deveria reconhecer os sistemas de circulação vertical existentes, tais como a escada e os elevadores e manter a fluidez e conectividade do edifício;
e) Seria importante que a intervenção reconhecesse e valorizasse, a flexibilidade dos espaços interiores e sua relação com o exterior;
f) As propostas deverão respeitar as normas e legislações apropriadas.
O programa arquitetônico era muito simples e consistia de:
auditório principal para 150 pessoas (140 a 150m²)
Sala de usos múltiplos (95 a 100m²)sala de reuniões (70 a 80m²)áreas comuns de apoio: sanitários, copa, ar-condicionado, etc (130 a 140m²)
A base sobre a qual apoiar este programa, isto é o 3º pavimento do núcleo central tem 450m².
4. A proposta da equipe brasileira
A proposta apresentada pela equipe brasileira (13) partiu da premissa que o edifício da Cepal constituía uma unidade formal completa, escultórica e coerente, monumental e unitária, não admitindo acréscimos nos seus terraços; caso isto ocorresse sua autenticidade estaria comprometida irremediavelmente. Por esta razão, singela e óbvia, a equipe recusou o caminho proposto para a intervenção solicitada. Mais forte que o edital está a integridade da obra.
A equipe reconhece no entretanto que as necessidades da Cepal devem ser atendidas. O programa tem dimensões modestas, mas é de grande valor simbólico: um auditório e duas salas para múltiplos usos, que já estavam previstas no projeto original. O “diamante”, que as obrigaria não foi construído na ocasião. Como escreveu Ruth Verde Zein no memorial apresentado: “Le falta a la Cepal la joya de la corona: el diamante”.
Assim, como alternativa à demanda do edital, a proposta é construir o diamante na posição originalmente prevista. Seria possível executar o projeto seguindo exatamente os desenhos de Emilio Duhart em placas de concreto facetadas e protendidas. No entretanto após cinqüenta anos não se pode simplesmente “acabar” a obra, como se fosse uma tarefa interrompida ontem, como se fosse uma complementação mecânica. Além disso em cinqüenta anos mudaram as tecnologias construtivas, os programas tornaram-se mais sofisticados, as utilidades necessárias foram ampliadas, e acrescidas novas expectativas de sustentabilidade e manutenção, e não menos importante, transformou-se a percepção da obra no seu tempo e lugar. Mais prosaicamente, executar uma obra em concreto moldado in loco, no meio do pátio, com o anel periférico em pleno funcionamento parecia temerário e irrealizável.
Desta maneira a proposta é construir o diamante exatamente no lugar originalmente previsto, mas concebido como um novo projeto respeitoso com o original, porém contemporâneo. O novo diamante será uma estrutura metálica leve e pré-fabricada, facilmente reversível, e de fácil montagem a seco. O perímetro em planta não excede o contorno previsto para o diamante original. Seu volume em secção foi ligeiramente ampliado para acomodar em dois níveis o programa solicitado: no piso superior o auditório para 150 pessoas e no piso inferior as salas de reunião e uso múltiplo. Como previsto originalmente cada nível se comunicará com o núcleo de apoio central, que assim mantem sua função: conectar os dois pisos do novo diamante utilizando a escada, os elevadores e sanitários existentes.
O novo diamante em estrutura metálica e painéis de fechamento metálicos em cobre ou madeira será muito mais leve que o diamante original em concreto protendido; será, como exigido, desmontável e removível a qualquer momento. Após a construção dos dois apoios de concreto, por onde passarão todas as utilidades, uma grua externa poderá montar as partes pré-fabricadas sem grandes transtornos. Pequenos ajustes na cota do pátio permitirão vê-lo em balanço, como um objeto ingrávido. O cobre e a madeira externos ganharão, em pouco tempo uma pátina, que dará ao novo diamante uma aparência de pertinência e atemporalidade.
Sua construção será rápida e de custo relativamente baixo, pois a escada, elevadores e sanitários são existentes no núcleo central. A vida do edifício Cepal será muito pouco molestada por barulho ou poeira durante a obra. Apesar de discreto o novo diamante deverá marcar sua presença. Por isso, sugere-se que as arestas sejam marcadas por efeitos de luz, sobretudo numa visão noturna ou em vôo de pássaro a partir dos terraços, que deverão permanecer livres de interferências desnecessárias e indevidas (14).
5. O seminário
O seminário foi realizado como previsto, mas sem ter chegado a uma conclusão ou recomendação. Foram apresentadas onze propostas. Destas, oito propunham, como solicitado, intervenções mais ou menos bem resolvidas na cobertura do núcleo central, com alturas variando de cinco a seis metros acima do nível atual. Duas propostas entendiam que a construção de um anexo na cobertura do núcleo central era desaconselhável e resolviam o problema enterrando o auditório e as salas de reunião no pátio. Essas propostas tinham o mérito de utilizar melhor o núcleo central que tem dois níveis em subsolo. Acarretam, porém grandes transtornos para a vida do edifício durante a fase de construção. Além dos transtornos o custo dessas obras é, necessariamente, muito maior pela complexidade das condições em que é preciso trabalhar.
Assim, surpreendentemente, a equipe brasileira foi a única a propor a retomada do diamante, não mais em concreto protendido, mas leve, reversível e contemporâneo.
notas
1
As boas idéias do projeto são da equipe que o estudou: arquitetos Ruth Verde Zein, Pedro Collet Bruna e Renata Fragoso Coradin. O texto é de responsabilidade do autor, bem como a apresentação no Seminário em Santiago do Chile.
2
CARDOSO, Fernando Henrique, FALETTO, Enzo “Dependency and Development in Latin America”, translated by Marjory M. Urquidi, University of California Press, Berkeley, 1979. (Esta é uma versão expandida e comentada do trabalho original: “Dependencia y Desarrollo en America Latina” Siglo Veintiuno Editores, 1971). Vejam-se também trabalhos como o organizador por Heraldo Muñoz, da Universidade do Chile: “From Dependency to Development – Strategies to Overcome Underdevelopment and Inequality”, Westview Press, Boulder, Colorado, 1981.
3
MONTEALEGRE KLENNER, Alberto. Emilio Duhart Arquitecto. Santiago de Chile, Ediciones ARQ / Pontificia Universidad Catolica de Chile, 1994, p. 88.
4
Edifício de las Naciones Unidas en Vitacura. AUCA – Arquitectura, Urbanismo, Construcción, Arte, Santiago de Chile, n. 3, 1966, p. 27-48.
5
Le Corbusier 1910-60, Edition Girsberger: Zurich, 1960. Ver as imagens da cobertura, das “Unités” nas pgs. 158, 159 e 167. Quando E. Duhart ganhou o concurso para o edifício da Cepal, enviou a Le Corbusier as plantas e fotografias da maquete com a seguinte dedicatória: “Estimado Le Corbusier: Este projeto lhe está dedicado. Seu exemplo tem sido nosso guia que, dentro da maior liberdade, assegurou nossa busca. Bien a vous.” Le Corbusier lhe respondeu em 05/06/1961, enviando uma foto autografada (cf. revista AUCA).
6
Sobre La Construcción en la Terraza del Edificio de la Cepal, de Emilio Duhart. Cometários de prensa de Santiago. Santiago de Chile, Arq, maio 1993, n. 23, p. 48.
7
Ver entre outras publicações:
BULLRICH, Francisco, “Arquitectura Latinoamericana, 1930/1970”, Editorial Sudamericana, Buenos Aires, 1969, p. 155-162.
Santiago’s Caracol. In Progressive Architecture, Nova York, v. 47, dez. 1966, p. 158- 159.
United Nations Building, Santiago, Chile. In Architectural Design, Londres, n. 1, jan. 1967, p. 33-37.
Edifice des Nations Unies pour l’Amérique Latine. In L’Architecture D’Aujourd’hui, n. 135 (Batiments Publics) , Paris, dez. 1967 / jan. 1968, p. 54-57.
Edificio de las Naciones Unidas. In Summa, Buenos Aires, n. 8.
8
Edificio de las Naciones Unidas en Vitacura (op. cit.), p. 36.
9
Idem, ibidem, p. 41.
10
Idem, ibidem, p. 45. Ver também: Edifício de Las Naciones Unidas. Revista de La Construcción, Santiago de Chile, Año III, n. 28, set. 1964.
11
O Docomomo Internacional é uma organização sem fins lucrativos criada em 1988 na Holanda, e dedicada à Documentação e Conservação de edifícios, sítios e conjuntos do Movimento Moderno. Por meio de numerosas atividades, dentre as quais sobressaem 11 congressos internacionais, o Docomomo tem fomentado projetos e pesquisas sobre a arquitetura moderna, promovido sua valorização e registro do patrimônio construído no século XX. Além disso, tem buscado técnicas e métodos apropriados para a conservação das obras e feito oposição à sua destruição ou desfiguração. Hoje o Docomomo Internacional tem 56 capítulos nacionais e mais de 2.300 membros por todo o mundo. O capítulo Chileno do Docomomo foi fundado e reconhecido como membro em 2004. Dentre seus objetivos específicos constam “... promover programas e projetos específicos para a conservação e restauração de casos em risco ou perigo e assessorar as autoridades públicas e o setor privado nos aspectos de conservação do patrimônio moderno no Chile”.
12
Seminário Estrategias para la Intervención del Patrimonio Moderno. Naciones Unidas – Cepal; Comissión Economica para America Latina y el Caribe, UN ECLAC; Docomomo Chile. – “Convocatoria a ideas de proyeto.” O seminário ocorreu nos dias 25 e 26 de janeiro de 2011 na sede da Cepal, e tinha como objetivo discutir propostas concretas para a intervenção na área do sinistro. No edital estava claro que a Cepal reservava-se o direito de não selecionar nenhuma proposta e ou realizar as obras propostas no seminário.
13
A equipe brasileira foi constituída pelos arquitetos Ruth Verde Zein, Pedro Collet Bruna, Renata Fragoso Coradin e Paulo Bruna; o cálculo estrutural foi realizado pelo engenheiro Jorge Zaven Kurkdjian.
14
A área da proposta é menor que a prevista; apenas 333,50 m² e o custo estimado da obra é de US$ 820 795.00 ou US$ 2461.15/m²sobre o autor
Paulo Julio Valentino Bruna é arquiteto e doutor (FAU USP, 1963 e 1973), com pós-doutorado pela Massachusetts Institute Of Technology (1985). É professor titular MS-6 da Universidade de São Paulo, diretor do Paulo Bruna Arquitetos Associados S C Ltda.
ficha técnicaO projeto foi elaborado face à convocatória do “Seminario Estrategias para la Intervención del Patrimonio Moderno Naciones Unidas – Cepal – Comisión Económica para América Latina y el Caribe. UN ECLAC”, organizado pelo Docomomo Chile.
Equipe
autores
Arquitetos Paulo Bruna, Ruth Verde Zein, Pedro Bruna e Renata Coradin
colaboradores
Engº. Jorge Zaven Kurkdjian y Paulo Bruna Arquitetos Associados: James Smaul, Rik Den Heijer, Jimmy Efrèn, Paulo Santos, Luis Rodrigues, Alessandra Bedolini, Carolina Sumares, Carlos Eduardo Miller, Katia Vieira, Gabriela Sendyk e Bruno Lucchese (perspectiva eletrônica)