Proposta conceitual para revitalização do Mercado do Cruzeiro
O Mercado do Cruzeiro constitui-se em um importante patrimônio para a cidade como último exemplar dos mercados distritais implantados em Belo Horizonte nos anos 70 e como lugar público de referência para a população da região centro-sul.
O reconhecimento de deficiências e problemas de sua atual conformação orienta as propostas de intervenção, a saber:
a) a pequena escala do comércio, de que decorre a falta de sustentabilidade do conjunto atual, sugere a ampliação da área bruta locável e revitalização do Mercado propriamente dito, assegurando a preservação de seus principais atributos materiais - a grande estrutura - e imateriais - o comércio diversificado característico dos mercados, em oposição à uniformidade dos shopping-centers. Essa ampliação se dá através da criação de lojas-âncora em subsolo, com a escavação parcial sob o próprio mercado preservando integralmente suas estruturas, e pela ocupação dos mezanino sobre as lojas, a serem ocupados com restaurantes e bares, ampliando a atração de público em horários diversificados aos do comércio de feira existente;
b) o entorno adensado e impactado, em especial pela demanda de estacionamento, permite considerar a utilização de potenciais subsolos sob suas áreas livres para ampliar a oferta de vagas, o que tende, por um lado, a minimizar impactos existentes no entorno e, por outro lado, a ampliar a vitalidade pela atração da presença humana no conjunto. Contribuirá ainda para a viabilidade econômica da intervenção através da exploração comercial dos estacionamentos, que pode ser dada em concessão associada à contrapartida da revitalização;
c) a desproporção entre o potencial construtivo da área e a sua atual utilização apresenta uma subutilização do terreno localizado em região de alto valor. Propõe-se reverter essa situação através da inclusão no complexo de uma torre para exploração comercial, preferencialmente para empreendimento hoteleiro integrado à praça principal do Mercado, com operação independente.
d) a implantação do Mercado em um único platô na encosta, lindeira a vias de alta declividade, compromete a acessibilidade ao local, que é restrita ao automóvel, o que poderia ser equacionado pela implantação de elevadores de uso público, integrando tanto as infraestruturas do próprio complexo - estacionamentos, Mercado, Praça, Hotel - como todo o entorno - a praça e o bairro, abaixo; a Universidade FUMEC, potencial usuária do estacionamento; o Parque Amilcar Vianna Martins e a Avenida Afonso Pena, acima, como continuidades naturais do espaço público do Mercado;
e) o isolamento do Mercado e a falta de áreas públicas para uso de pedestres e da população residente no entorno, decorrente da utilização de seus afastamentos como estacionamentos, poderiam ser revertidos pela conformação de praça e parque, com equipamentos de lazer e esporte, após a transferência e ampliação dos estacionamentos para o subsolo.
Por fim, esta proposta representa uma oportunidade de viabilizar plenamente o potencial de articulação do território, não plenamente realizado, através da criação de infraestruturas que reforcem o uso público de seus espaços, mitiguem impactos e qualifiquem o entorno, ampliando, requalificando e assegurando um novo e virtuoso ciclo de vida para sua principal estrutura ambiental e seu principal patrimônio: o Mercado.
ficha técnica
local
Belo Horizonte MG Brasil
área total
24.710 m2
projeto
2011
construção
2007-2009
Resumo de áreas
Área aprox. do terreno
17.650 m2
C. Aproveitamento
1,4
Potencial construtivo
24.710 m2
Área estacionamento máxima
24.710 m2 (sem a utilização do potencial construtivo)
Número máximo de vagas
aprox. 990 vagas
proposta
âncora 1
2.360 m2 (nível 64,00)
âncora 2
2.000 m2 (nível 64,00)
mercado
6.100 m2 (nível 70,00)
mezaninos
2.100 m2 (nível 75,00)
hotel
12.150 m2
total área
24.710 m2
número de vagas proposto
998 vagas
autores
Arquitetos
Alexandre Brasil
André Luiz Prado
Bruno Santa Cecília
Carlos Alberto Maciel
Paula Zasnicoff
Colaboração
Pedro Lodi
Rafael Gil