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projects ISSN 2595-4245


abstracts

português
A Galeria de Arte, projeto de Sven Mouton, do CRU! Architects, propõe uma ligação entre arte e natureza e das diferentes características arquitetônicas do entorno através de seus aspectos estéticos.

english
The Art Gallery, project by Sven Mouton, from CRU! Architects, proposes a link between art and nature and the different architectural features of the surroundings through its aesthetic aspects.

español
La Galería de Arte, diseño Sven Mouton, de CRU! Architects, propone un vínculo entre el arte y la naturaleza y las diferentes características arquitectónicas del entorno a través de sus aspectos estéticos.

how to quote

PORTAL VITRUVIUS. Galeria de Arte. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 216.01, Vitruvius, dez. 2018 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.216/7184>.


Galeria de arte

A ideia do cliente sobre uma galeria de arte é que arte e natureza estão interligadas e a arte deve ser apresentada em um ambiente natural. Em toda a propriedade do hotel encontram-se várias instalações de arte. Por estar na natureza, o visitante fica mais receptivo a ver e sentir a arte, segundo o proprietário do hotel. A Galeria de Arte muda as exposições com frequência, oferecendo aos clientes uma variedade de obras de arte. A edificação foi construída por uma cooperativa de eco-construção da comunidade de Camburi, com assistência técnica do escritório CRU! Arquitetos. Este projeto de edifício social tinha como ideia oferecer a uma comunidade carente formação e suporte para o desenvolvimento de trabalho. Após a construção do Centro Comunitário, as comissões estabeleceram contatos fora da vila de Camburi visando o retorno econômico para a cooperativa, sendo esta Galeria de Arte um exemplo. Toda a estrutura de bambu foi executada pela cooperativa local, enquanto a parede de tijolos (reutilizados), escavações e fundações foram feitas pelos funcionários da fazenda onde se localiza o hotel.

Galeria de Arte Catucaba, perspectiva isométrica, São Luiz do Paraitinga SP Brasil, 2017. Arquiteto Sven Mouton / escritório CRU! Architects
Foto/Photo Nelson Kon

Contexto do projeto, o site e o projeto arquitetônico

A Galeria de Arte está localizada entre a casa da fazenda principal (estilo colonial português) e a Occa, um espaço comunitário construído por uma tribo indígena da Amazônia, onde originalmente várias famílias poderiam viver juntas. Caberia à Galeria de Arte unir estes dois estilos diferentes, surgindo entre a casa da fazenda colonial e o espaço comunal indígena. Por conta disso, o design do exterior faz referência ao estilo colonial português, com suas paredes brancas e portas azuis, e o interior mostra um coração/núcleo indígena (sendo a estrutura de bambu). A passagem estreita, os arcos e o pátio no meio referem-se aos antigos mosteiros e por este meio tenta invocar uma sensação divina. Uma pequena fonte situa-se no centro do pátio de onde a água corre de volta ao rio, dando oxigênio ao rio abaixo. Através de suas treze portas, pode-se entrar na galeria de todos os lados, aumentando sua transparência, porém mantendo uma certa curiosidade do que está dentro. O nível do chão se estende a partir do edifício e flutua parcialmente sobre o rio, permitindo ao visitante observar a Galeria de Arte à distância.

A galeria é totalmente baseada na proporção áurea – a largura e a altura das diferentes partes correspondem às regras definidas pelos arquitetos gregos e romanos, como por exemplo Vitruvius. Ela pretende ser uma construção humilde, que se mimetiza ao estilo colonial do entorno, mas que também se refere à Occa situada nas proximidades. Um rosto português com um coração indígena. Como a arte pode ser considerada sagrada, a linguagem espiritual do mosteiro de arcos foi usada para abrigar as exposições. No seu sentido original, uma galeria era um passeio ou passagem coberta, estreita e parcialmente aberta ao longo de uma parede. Ela deriva da palavra galerie, do francês antigo, significando um longo pórtico (c. séc.14). O termo galeria como edifício de arte foi usado pela primeira vez na década de 1590.

Galeria de Arte Catucaba, São Luiz do Paraitinga SP Brasil, 2017. Arquiteto Sven Mouton / escritório CRU! Architects
Foto/Photo Nelson Kon

Um telhado plano de 2,9 m de altura foi previsto para manter uma volumetria baixa, evitando elevar a estrutura desnecessariamente e mantendo o protagonismo da fazenda e da Occa. Três palmeiras preexistentes de 30 metros de altura estão integradas ao projeto e uma destas árvores chega até a perfurar o teto. A Galeria de Arte tem planta retangular próxima do quadrado (11m x 15m), com uma passagem de 2,10 m de largura; esta última é subdividida em quinze quadrados de 2,10m x 2,10m e cada quadrado, exceto os dois últimos, tem uma porta centralizada. As colunas são colocadas fora desses quadrados, em uma base de aço cortén e pedra azul. As paredes são feitas de tijolos reutilizados, com argamassa de cal no exterior. No interior, os tijolos foram mantidos aparentes. Para a estrutura, foram utilizados colmos de bambu – Phyllostachys Aurea – de 50mm de diâmetro. Para os arcos foi usada uma espécie encontrada no local (Bambusa Tuldoides Munro) de 40mm. Estas foram cortadas no terreno, untadas com óleo e aquecidas para serem então curvadas.

A cooperativa local de eco-construção aperfeiçoou suas técnicas ao longo dos anos e agora, além de construções comunitárias e habitação locais, é capaz de fazer edifícios de alta qualidade, que podem servir a uma clientela de classe média e até mesmo de classe alta. Tais tipos de clientes possibilitam uma renda interessante, parcialmente utilizada em salários, sendo a outra parte investida em infraestrutura comunitária. Assim, são poucos os investimentos externos que precisam ser conquistados para melhorar a própria infraestrutura. Em algumas ocasiões, o proprietário da Galeria de Arte libera o espaço para os artesãos locais, permitindo que exponham e vendam suas obras de arte ao lado de artistas mais conhecidos.

Galeria de Arte Catucaba, São Luiz do Paraitinga SP Brasil, 2017. Arquiteto Sven Mouton / escritório CRU! Architects
Foto/Photo Nelson Kon

Escolhas e soluções técnicas

Os arcos são articulados a uma peça conectora no topo e no centro da coluna (cerca de 1m acima do solo). Ao conectar os arcos em um ponto único, descobriu-se que uma forma rígida foi obtida, enquanto que separadamente eles ainda queriam retornar à sua forma natural. Um pequeno conector de madeira foi usado no topo dos três arcos para subsequentemente articulá-los a um outro conector na forma de “violino”. São dois os tipos de conexões utilizados na passagem. Primeiro, um princípio de conexão foi usado onde quatro colunas estão interligadas a uma armação colocada lateralmente apoiada por suportes de vento aderidos contrariamente. É vantajoso que tais juntas dispersem os colmos de ligação previsíveis ao longo de vários bambus, evitando que cheguem demasiadas ligações a um bambu, enfraquecendo-o deste modo. Além disso, é uma conexão firme que é capaz de suportar as forças do vento já depois de duas colunas. A segunda articulação não conecta a coluna a uma armação, mas meramente os arcos no meio. Projetar uma estrutura de bambu também significa projetar peças conectadas desenhando linhas a partir das direções das colunas, treliças e arcos para esculpir o ponto em que elas se conectam umas às outras. Neste caso, uma peça de conector de madeira dura em forma de violino foi projetada onde todos os fios-máquina dos pontos finais dos colos de bambu se juntam, fazendo uma passagem segura de todas as forças de transferência. A força desta junta é essencial, nenhuma madeira leve deve ser usada, mas apenas madeira de lei com a primeira classe de durabilidade. Peças de conector nas juntas são de grande importância para reduzir forças de tensão e compressão nos membros de bambu e geralmente são feitas de aço, metal, bambu ou mesmo borracha, mas muito poucas vezes com madeira, embora os fatores ambientais e de custo favoreçam a madeira acima do aço ou metal.

Galeria de Arte Catucaba, perspectiva isométrica, São Luiz do Paraitinga SP Brasil, 2017. Arquiteto Sven Mouton / escritório CRU! Architects
Foto/Photo Nelson Kon

ficha técnica

projeto
Galeria de Arte

localização
São Luiz do Paraitinga SP Brasil

ano
2017

arquitetura
CRU! Architects
Sven Mouton

cliente
Hotel Catuçaba – Emanuel Rengade

contratante
Community cooperative of Camburi – Bamburi

materiais
bambu
tijolos reutilizados
madeira (piso)

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216.01 edifício cultural
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