Partido
Nesta cidade, feita de sucessivas adições, de fragmentos, o projeto sobrepõe outros, criando com sua implantação uma determinada ordem e uma variedade de espaços públicos, um grande complexo gerador de atividades promovendo o encontro da população.
O projeto para o novo campus da Universidade Federal do ABC – UFABC, procurou ser implantado com o mínimo de interferência no terreno natural.
Partimos da ideia de que o espaço de uma faculdade, lugar onde as pessoas devem estar em permanente contato, deveria procurar uma relação mais íntima com a cidade, com espaços de convívio.
A partir de um eixo principal articulador dos diversos blocos correspondentes a cada uma das demandas, e seguindo os platôs gerados pelas cotas existentes na rua abolição, no prédio do matadouro e na avenida dos Estados, foram criadas três praças alternando espaços abertos e cobertos com áreas verdes e pavimentadas.
Acessos e fluxos
Acesso 1: o novo eixo
Trata-se do acesso das pessoas que chegam do metrô de superfície, do terminal rodoviário, do terminal do trólebus e de carro ou ônibus pela avenida dos Estados.
Este eixo interliga o prédio principal, o residencial e o esportivo, todos em diferentes níveis, dando unidade ao conjunto e articulando o projeto.
Acesso 2: a praça da memória
Esta nova entrada de pedestres, acessa diretamente o nível do prédio principal a través de uma descida pelo terreno no meio das árvores que abraçam o antigo matadouro.
Acesso 3: a praça do sol
Chegando no campus, o pedestre se depara com um amplo espaço público, onde está o centro cultural, mais perto da cidade e em contato direto com a população.
Acesso 4: o parque do relógio
O intuito deste acesso, e interligar a través de uma passarela elevada sobre a avenida dos Estados e a linha do trem, a parte da cidade que hoje se encontra isolada por causa destas barreiras. Esta transposição uniria o Parque do relógio com o Parque Celso Daniel, criando uma continuidade paisagística e configurando ao mesmo tempo outro trecho do parque linear.
Junto a rua abolição, configura-se uma praça de entrada, com dois andares de estacionamento aproveitando o desnível do terreno. Sobre essa grande laje, emerge o bloco cultural num extremo e um espelho de água no outro. É uma caixa fechada com o teatro, os cinemas, os anfiteatros e algumas pequenas lojas.
Através de um grande vazio, numa área de vegetação existente, se realiza o acesso a praça da memória. Nela se encontra o prédio principal, corpo único, com um grande embasamento que abriga a parte administrativa e os núcleos no térreo e as salas de aula e anfiteatros com pé direito maior nos outros dois pavimentos. Desta grande base, saem os três blocos correspondentes ao centro de engenharia, modelagem e ciências sociais aplicadas num extremo, o centro de ciências naturais e humanas no outro, e o centro de matemática, cognição e computação no meio. As salas do corpo docente, foram colocadas no pavimento superior de cada um dos blocos, visando aproveitar as melhores vistas.
O prédio residencial, destaca se deste conjunto, invertendo o seu posicionamento, para a melhor insolação das suas unidades. No último pavimento, o terraço coberto vira uma grande sala de encontro.
Nesta praça, cujo nome remete a memória do antigo prédio do matadouro, encontra se também a área destinada a restaurantes. Aproveitando o prédio existente, o projeto pretende recuperar a estrutura, liberando-a e conservando as qualidades arquitetônicas essenciais do antigo prédio. O espaço interno vai ser usado como refeitório colocando as cozinhas na parte posterior, ligadas ao estacionamento.
Um metro abaixo da praça da memória, encontra-se o centro esportivo. Sobre a laje de entrada estão dispostas as quadras poli esportivas e a piscina semiolímpica e de recreação, com um grande vazio no meio, de onde emerge uma árvore existente de grande porte e as aberturas corridas para o ginásio coberto que se encontra no piso inferior, perto da avenida em contato com o parque linear e com o parque do relógio.
Materiais
A estrutura de concreto com malha de 10m x 10m será pré-moldada para o estacionamento e a base do prédio docente e convencional nos blocos em altura, pela dificuldade de construção. As fachadas cegas foram pensadas como grandes empenas em placas de concreto pré-fabricadas, com revestimento em zinco na sua base e concreto aparente nos blocos.
Foram escolhidos materiais naturais, como vidro, zinco, concreto e madeira.
O zinco e um material nobre, duradouro e elegante além de transmitir modernidade ao conjunto.
A caixilharia será de alumínio para melhor proteção contra o ruído da avenida dos Estados, sendo colocados brises de madeira nas fachadas orientadas a norte, leste e oeste, deixando um espaço para circulação de ar.
Conforto ambiental
As edificações foram projetadas conforme as condições de latitude e de topografia, visando a uma arquitetura bioclimática que controle iluminação, ventilação, insolação térmica, minimizando o uso de ar condicionado.
O conjunto tem cuidado com o impacto ambiental, respeitando a vegetação existente, mantendo áreas permeáveis, integrando-se física e socialmente com a cidade.
O prédio principal, possui um sistema de circulação de ar nas salas de aula e anfiteatros situados no embasamento dispensando o uso de ar condicionado.
Todos os blocos possuem ventilação natural, o ar aquecido sai naturalmente pelo efeito chaminé.
As coberturas, de telhas metálicas, estão colocadas sobre as lajes protegendo as de infiltrações. Como a cobertura fica solta do prédio, impede a entrada de calor.
A energia para aquecer a água dos chuveiros é fornecida por painéis foto voltaicos posicionados na face norte da cobertura do prédio residencial e da quadra esportiva. Será previsto um circuito paralelo a gás que funcionara somente na falta de sol.
Serão captadas as águas pluviais para seu uso nas bacias. As águas de esgoto serão encaminhadas para uma estação de tratamento, situada embaixo da laje das piscinas, e dali bombeadas para seu reuso em bacias e na irrigação das áreas verdes. A água não utilizada, previamente tratada, será vertida diretamente no rio.
Cada prédio terá uma sala de instalações, com gerador, transformador e uma área para a central de telecomunicações. Foram previstos shafts para elétrica e hidráulica.
Esta prevista também a utilização de novas tecnologias de iluminação, para redução de manutenção e de consumo.
Os prédios possuem duas caixas d' água. O volume d' água restante encontra-se, juntamente com a reserva para incêndio, na torre do relógio.
ficha técnica
prêmio
Prêmio APCA 2018 – Modalidade Arquitetura e Urbanismo – Categoria “Melhor obra”
local
Santo André SP Brasil
ano
2006
áreas
Terreno: 76.951,86 m2
Construída: 111.983,61 m2
arquitetura
Arquitetos Claudio Libeskind, Sandra Llovet, David Ruscalleda e Mario Lotfi (autores), Alexandre Nobre, André Procópio, Claudia Filardo, Carolina Padua, Cristiane Rodrigues, Gabriel Bicudo, Laura Pardo e Natalia Leardini (colaboradores) / Libeskindllovet Arquitetos
estrutura
Edatec
instalações
MVF Engenharia de Projetos
conforto térmico e ambiental
K2 arquitetura
paisagismo
Soma Arquitetos
fundações
Portella Alarcon Engenheiros Associados
ar condicionado
WS Ar Condicionado
planilhas orçamentárias
Pluritec
comunicação visual
3D Sign
cenotecnia
Telem
projeto de piso
Monobeton
topografia
Bea Bustos
construção
Augusto Velloso
maquete
Triviño Maquetes / Libeskindllovet
foto
Arquitetura: Nelson Kon
Maquete: Ucha Aratangy