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RODRÍGUEZ LLERA, Ramon. História do jardim moderno. Resenhas Online, São Paulo, ano 07, n. 081.03, Vitruvius, set. 2008 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/07.081/3060>.


tradução ivana barossi garcia

Por que não existia até o presente texto uma visão geral e “desapaixonada” da arquitetura do século XX contemplada a partir da importância do desenho do jardim como parte da mesma, ignorada sistematicamente nas histórias “oficiais” sobre a matéria?

Não só isso, por que nas mais reconhecidas visões “de autor”, sobre a arquitetura do passado século XX, a recontagem e análise da arquitetura evitavam sistematicamente o papel determinante do jardim, negando seu protagonismo nos projetos e realizações originais, muitos deles intrinsecamente unidos a sua “ambientação” paisagística e “gardenesque”?

E por último, será a comunidade intelectual internacional interessada no tema capaz de reconhecer o mérito de um estudo e texto que não procede do âmbito historiográfico anglo-saxão e suas áreas de influência, e sim da “desconhecida” vida universitária e editorial espanhola?

A historiografia da arquitetura do século XX nos legou uma série de textos “clássicos”, sobre a matéria, que têm sobrevivido merecidamente uma vez que o século percorreu o seu ciclo completo. Vistos desde a perspectiva do reconhecimento do jardim como parte da arquitetura moderna, em nenhum deles se lhe outorgava o justo papel. Tal incompreensão chama mais a atenção dado o prestígio dos escritórios e autores. O primeiro “resenhável” foi o de H. R. Hitchcock (Architecture: Nineteenth and Twentieth Centuries, pertencente à célebre série dirigida por Nikolaus Pevsner “The Pelican History of Art”), publicado em sua primeira edição em 1958, e que conheceu desde então múltiplas revisões e ampliações, dado seu caráter generalista e a amplitude da visão do célebre historiador e crítico estadunidense. Para formar uma tríade que parece indiscutível, segundo sua ordem cronológica de aparição, somaríamos os de L. Benevolo (Storia dell´architettura moderna, primeira edição de 1960), e o de W. J. Curtis (Modern Architecture since 1900, primeira edição de 1981), também sucessivamente ampliados e reeditados, em particular o último citado, que acaba de abarcar na terceira edição a realização total da arquitetura do século XX.

Teve que esperar ao breve e seletivo texto de um maduro e sábio A. Colquhoun (Modern Architecture, 2002) para começar a satisfazer muito parcialmente a dívida da arquitetura com o jardim e a paisagem na cultura do século XX. De maneira mais intencionada que no texto de W. Curtis, Colquhoun re-introduz em seu discurso avaliações concretas sobre as relações da arquitetura e da paisagem, destacado neste sentido por uma intencionada seleção de imagens.

Esta costuma ser a máxima concessão com o problema do jardim e da arquitetura: colocar em destaque a consonância da arquitetura com a paisagem, com o lugar, com as tradições e materiais vernaculares, mas sem ir mais além de tal constatação, postergando a análise e, portanto, hipotecando o reconhecimento do óbvio: a arquitetura do século XX em grande parte é devedora de mais explicações que as estritamente edilícias e, portanto seu estudo há de ser contextualizado em termos que contemplem seus vínculos compositivos, espaciais e formais com o jardim.

Fazia-se necessária essa história geral da arquitetura do século XX contemplada desde o outro lado do ponto de vista, que por um momento metodológico a voltasse do revés e lhe devolvesse seu caráter genuíno.

Para levar a cabo com êxito tão complexa tarefa intelectual se requer não só o conhecimento dos documentos e dados habituais da narração da história da arquitetura, mas uma ampliação de conhecimentos específicos que, para atrás no tempo, implica na história dos modelos e composições do jardim como “gênero”, e nas vinculações contemporâneas, a sensibilidade para articular um discurso no qual se vá recorrendo, segundo as necessidades, a outros “gêneros” concomitantes na análise do jardim e da arquitetura: escultura, pintura e qualquer outra expressão artística quando sua apelação seja pertinente.

O livro de Darío Alvarez, arquiteto e professor de “Composição do Jardim e da Paisagem” na Universidade de Valladolid (Espanha), surpreende por sua pretensão, pouco habitual na bibliografia escrita em espanhol, de explicar a história do jardim no século XX de uma forma completa no cronológico e na visão internacional de sua proposição. Isso em várias escalas, desde o jardim da habitação, ao parque e à paisagem.

O estudo se faz, no tempo, a partir dos modelos de Arts and Crafts até os últimos exemplos do século, vinculando-os à obra arquitetônica dos autores, pois se trata de um estudo, de uma história, protagonizada por arquitetos (Edwin Lutyens, Peter Behrens, Rob Mallet-Stevens, Gabriel Guévrékian, Le Corbusier, Ludwig Mies van der Rohe, Frank Lloyd Wright, Richard Neutra, Luis Barragán, Carlo Scarpa, Arne Jacobsen, Bernard Tschumi, Rem Koolhaas, Peter Eisenman, Toyo Ito) e obras de arquitetura, junto com o aporte de outros artífices próximos à disciplina: pintores (Theo van Doesburg), escultores (Isamu Noguchi), paisagistas (Christopher Tunnard, Thomas Church, Garret Eckbo, Peter Walter, Yves Brunier, Dieter Kienast, West 8), ou artistas completos e paradigmáticos como o brasileiro Roberto Burle Marx. Abordam-se jardins e arquiteturas desde a perspectiva compositiva, pois em tantas ocasiões uns e outras são partes ampliadas de uma idéia geral, que fazem eco mutuamente, tanto do exterior ao interior de seus respectivos espaços, como ao contrário.

Se procuram e documentam as implicações plásticas, escultóricas e pictóricas principalmente. Se reivindica seu silenciado papel na formulação das distintas linhas das vanguardas (cubismo, racionalismo, abstração), nos projetos das grandes utopias urbanas do século, nas utopias realizadas (Chandigarh, Brasília), nas recuperações de fim de século da disciplina. Se chega até as últimas conseqüências e tendências. Ilustra-se tudo colocando em releve como foi pensado e como foi representado o jardim, em que termos pictóricos ou gráficos, nos planos e documentos originais. Ressalta-se, como dizemos, o óbvio, mas deixado de lado ou no esquecimento nos estudos “oficiais” da historiografia.

Até o momento presente. Por isso a recomendação final é taxativa e axiomática: é necessário acrescentar ao elenco das histórias citadas sobre a arquitetura do século XX o livro de Darío Álvarez El jardín en la arquitectura del siglo XX. Naturaleza artificial en la cultura moderna.sobre o autor Ramón Rodríguez Llera, professor de História da Arquitetura da E.T.S. Arquitetura de Valladolid

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