Os autores Francisco Salvador Verrisimo, mestre em moradia social, e William Seba Mallmann Bittar, graduado em arquitetura e urbanismo, especializado em docência superior e livre docência, tomaram a iniciativa de retomar, aprofundar e publicar essa pesquisa feita há anos atrás por um grupo de profissionais de arquitetura sobre a evolução das plantas da casa no Brasil e publicar a obra com uma leitura acessível a todos.
Este trabalho começou em 1985 no Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com o objetivo de estudar a evolução das plantas das casas no Brasil, pesquisa financiada pela CNPq. Trabalho em equipe que resultou em um inventário de diversas plantas, com cópia arquivada no MAM-RJ, mas sem ser publicada.
Quatorze anos depois de feito as pesquisas, os autores, que faziam parte da equipe que iniciou os trabalhos, buscaram retomar a antiga pesquisa usando-a como base principal para a produção desta obra, que apesar de possuir origem acadêmica, utiliza uma linguagem simples para que qualquer pessoa possa ler, entender e se interessar pelo assunto, e quem sabe dar continuidade a pesquisa, que segundo os autores não para por aqui.
A obra começa com uma breve introdução seguida de um capitulo que resume bem a historia da chegada dos portugueses, da colonização e suas influencias, ou seja, dos antecedentes na historia do Brasil e da casa no Brasil, em seguida um capitulo sobre a família brasileira e sua evolução no tempo e no espaço, evolução tal que interfere diretamente nas mudanças e hábitos da casa no Brasil.
O capitulo três compreende o primeiro capitulo dos cômodos da casa e sua evolução. Este capítulo fala sobre a varanda, o uso que servia não somente para controlar a temperatura da casa, mas como elemento que filtra do exterior o que pode entrar na intimidade da família. O quarto capítulo aborda a garagem, numa época onde o carro se torna símbolo de status e todos querem uma garagem para guardar seu carro, possuir um automóvel mostrava o nível social da família, o local da garagem se altera de acordo com a evolução dos acontecimentos, mas geralmente irá se localizar a frente da casa, para mostrar a quem estiver passando o status da família.
O setor social começa a ser abordado no quinto capítulo, e o setor da casa onde são recebidas as visitas e se reúne a família tem como principal representante a sala, que desde a antiguidade possui essa mesma função de receber. O setor íntimo é abordado no sexto capítulo, lugar das atividades íntimas da família e onde não se entram pessoas estranhas, a menos que sejam convidadas. Seus principais representantes são o quarto e o banheiro, que possuem diversas evoluções no decorrer do tempo.
O capítulo sete fala sobre o setor de serviços, de grande importância para a casa brasileira, e o local onde acontece a manutenção da casa, a produção de alimentos e abastecimentos no geral da casa. Através desses setores e possível conhecer mais da intimidade e costumes da família que a habita do que pelos setores íntimos da casa, que possuem uma máscara muitas vezes. Seus representantes são: a cozinha, local de preparo dos alimentos; a copa, onde a família por muitas vezes se reúne para fazer as refeições e, às vezes, discutir algum problema familiar; as áreas de serviço, de onde sai todo material para a manutenção da limpeza e conservação da casa e onde se lava roupas e utensílios; e o alojamento dos empregados, que se localiza perto desses setores para facilitar o acesso dos empregados as áreas de trabalho.
Importante ressaltar que este livro não pretende iniciar e encerrar o tema, mas incentivar e motivar todos os leitores a continuarem pesquisando e se interessando pelo mesmo. A obra possui uma linguagem simples e fácil, não sendo necessário conhecimento prévio para seu entendimento.
A idéia era estudar os espaços da casa brasileira, com suas transformações e interpretações, situando-a no tempo correspondente, com a distribuição espacial dos setores funcionais da casa, de maneira que possa ser compreendida a evolução da sociedade brasileira os autores prosseguem a discussão crítica da casa no Brasil.
O método usado foi delimitar os diversos setores da casa, estudá-los, interpretá-los e situá-los no tempo e no espaço, relacionando-os com suas interdependências com a sociedade brasileira, separadamente. Este livro levará o leitor a compreender os espaços da moradia brasileira e suas influencias no comportamento dos grupos sociais.
Os autores não fazem conclusões, mas abrem um leque para que se continuem os estudos e as pesquisas sobre a evolução da história da casa no Brasil. Este livro é uma obra científica, em que o autor apóia a continuação dos estudos a respeito do tema, respeitando e descrevendo os aspectos culturais, sociais, econômicos e históricos, no decorrer do livro de acordo com a época pertencente. Desta forma, a obra possui uma grande contribuição para o melhor entendimento e conhecimento da historia da casa no Brasil, possui informações verdadeiras e originais, e trás para o leitor conhecimentos novos e uma abordagem diferente que proporciona a melhor compreensão do conteúdo.
É um texto conciso, objetivo e simples, leitura clara e coerente com os acontecimentos, possui uma forma original e um equilíbrio na disposição das partes. Com uma linguagem de fácil entendimento, dirige-se ao grande publico, não se limitando a estudantes e especialistas.
[esta resenha faz parte de atividade desenvolvida com alunos em metodologia de pesquisa aplicada à arquitetura, como estímulo à produção científica dos futuros arquitetos.]
sobre os autoresRaphaela Venturini Paviotti é aluna do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Vila Velha – ES.
Priscilla Silva Loureiro é formada em arquitetura e urbanismo e mestre em engenharia ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo. Professora do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Vila Velha, leciona as disciplinas de História da arquitetura, urbanismo e paisagismo e Metodologia de pesquisa aplicada à arquitetura