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A pesquisa de Guilherme Mazza Dourado se aventura por jardins no Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, projetados e construídos sob a influência francesa da belle époque

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SEGAWA, Hugo. As flores do bem. Resenhas Online, São Paulo, ano 10, n. 118.01, Vitruvius, out. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/10.118/4067>.


Provavelmente quase tudo que Guilherme Mazza Dourado traz nas páginas de seu livro Belle Époque dos Jardins constitua novidade para paisagistas, urbanistas, botânicos, agrônomos e horticultores. E possivelmente muitas das imagens e descrições que o autor recupera parecerão familiares aos freqüentadores de parques, jardins e recantos ajardinados de boa parte das nossas cidades consolidadas na primeira metade do século 20.

Pode parecer estranho que este livro comece na Paris do Segundo Império (1853-1870) sob Napoleão III e o prefeito Georges-Eugène Haussmann e termine num repertório de plantas ornamentais. Ou que o recorte temporal tenha como início a proposta de um francês – Grandjean de Montigny – projetando promenades publiques e boulevards no Rio de Janeiro em 1820 e feche com outro francês – Charles Thays – desenhando parques para Santiago do Chile em 1920. Há uma imbricação nestes e em outros acontecimentos resgatados por Mazza Dourado. Seu desafio foi tornar inteligível essa trama de fatos, ao procurar desvendar raízes, ramificações, simbioses, entrelaçamentos, sombreamentos, enxertos e híbridos na conformação dos espaços públicos abertos na Argentina, no Uruguai, no Chile e no Brasil do século 19 e início do século 20.

Mazza Dourado delineia várias explicações para compreender o vigor com que as grandes cidades ocidentais investiram na criação de recintos ajardinados próximos ou no interior dos tecidos urbanos. Fenômeno de alcance planetário na virada do século 19 para o seguinte, que o faz relacionar esse aprimoramento paisagístico compartilhando-o ao instante em que florescia uma cultura cosmopolita permeada de invenção, de charme, de beleza, do divertimento, do refinamento que a urbanidade proporcionava em tempos de paz e prosperidade. Convencionou-se chamar esse período de Belle Époque – expressão tão inexata como perfeita para caracterizar os climas desta época. Os títulos dos sub-capítulos (“Fazendo a América”, “Franceses no Brasil”, “Relações franco-brasileiras”) evidenciam a francofilia detectada por Mazza Dourado, bem como mobilidades diversas: a circulação de conceitos, valores, ideais, expectativas e indivíduos.

Na narrativa do livro, sanitaristas, urbanistas, paisagistas, arquitetos, engenheiros, botânicos, agrônomos, horticultores, viveiristas, governantes são personagens importantes, e identificados. Alguns tratados com mais deferência, como o gaúcho Frederico Guilherme de Albuquerque, horticultor e paisagista ímpar até agora completamente desconhecido, trazido à superfície nas pesquisas de Mazza Dourado. Foi o exame dos papéis deixados por Albuquerque que permitiu perfilar outros personagens de igual importância: as plantas ornamentais que coloriram os jardins belle époque. Nos anúncios do viveirista e comerciante, e nos escritos do editor da Revista de Horticultura, as muitas personae de Albuquerque revelam os espécimes que constituíam o repertório ornamental em evidência na época. E na sua correspondência aparece o que era sabido, mas poucas vezes  demonstrado: que além de ideias e pessoas, mudas e sementes saíram da França, atravessaram o oceano e aportaram em terras brasileiras. A consideração de Mazza Dourado sobre as plantas se manifesta num pormenor editorial: ao final do livro, o índice de nomes e lugares ocupa seis páginas; o índice de vegetação (com nomes populares e botânicos empregados no século 19 e no início do século 20) toma cinco páginas.

Decerto os despreocupados ou incautos passeadores em jardins públicos não estão minimamente atormentados pelas razões que motivaram o surgimento e a conformação desses recantos verdes, floridos, sombreados e tranqüilos que se oferecem como que paraísos idealizados em meio ao convívio nem sempre pacífico dos ambientes urbanos. Mas saber porque e como se constituíram esses espaços é uma inquietação que Guilherme Mazza Dourado e seu livro ajudam a elucidar. E oferecer motivos para respeitar, amar e preservar esses lugares.

sobre o autor

Hugo Segawa é arquiteto, Professor Titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Foi orientador da tese de doutorado que originou o livro desta resenha.

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Belle Époque dos Jardins

Belle Époque dos Jardins

Guilherme Mazza Dourado

2011

118.01 paisagismo
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