Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

reviews online ISSN 2175-6694


abstracts

português
O livro Fundamentos de Morfologia Urbana apresenta noções gerais para os estudos dessa disciplina, com ênfase nas linhas conceituais trabalhadas pelas escolas tradicionais da área, a inglesa e a italiana.

english
The book presents general notions for the studies of Urban Morphology, with emphasis on the conceptual lines worked by the traditional schools, English and Italian.

español
El libro presenta nociones generales para los estudios de Morfologia Urbana, así como los conceptos básicos trabajados en las escuelas tradicionales Inglesa e Italiana.

how to quote

AMIZO, Isadora Banducci. Bases da morfologia urbana. Resenhas Online, São Paulo, ano 20, n. 233.02, Vitruvius, maio 2021 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/20.233/8104>.


Fundamentos de morfologia urbana, publicado em 2015 e reimpresso em 2017, apresenta noções gerais para os estudos de morfologia urbana, tratando-a como uma ciência que estuda a forma física, edificada das cidades, mas também os processos que a transformam. De maneira minuciosa, o livro enfatiza as linhas conceituais trabalhadas pelas Escolas de Morfologia Urbana Inglesa e Italiana. E, além delas, aponta alguns dos principais grupos e linhas de atuação na área. Destinado a estudantes, profissionais e pesquisadores ligados ao assunto, torna-se uma referência importante para situar os interessados nas possibilidades de abordagem e indicar os locais em que elas se concentram.

A autoria é da professora mineira Staël de Alvarenga Pereira Costa e de Maria Manoela Gimmler Nettto, sua orientanda de doutorado. Costa tem se destacado por sua contribuição para os estudos da Morfologia Urbana no Brasil, com atividades de docência e pesquisa. Na década de 1980, cursou o Mestrado do Centro Integrado de Desenho Urbano da Oxford Politécnica, atual Oxford Brookes University, juntamente com outros estudantes latino-americanos, sob orientação do professor britânico Ivor Samuels. No prefácio do livro, Samuels declara que a participação desses estudantes foi de grande valia para ampliação do estudo da forma urbana em Oxford à época. Segundo ele, até então, havia pouco contato entre os mundos acadêmicos dos geógrafos e arquitetos e urbanistas.

Cabe destacar também a participação de Costa no grupo internacional de morfologia urbana, composto por profissionais e pesquisadores de várias disciplinas, interessados no estudo da forma urbana, e que têm organizado encontros e publicações para a discussão e disseminação dos conteúdos relacionados ao tema. O grupo promove seminários anuais, como o ISUF – International Seminar on Urban Form –, inaugurado em 1994, e a publicação do Journal of the International Seminar on Urban Form, revista publicada bianualmente. Embora ainda seja pequena a contribuição brasileira sob a forma de publicação na revista, é considerável a presença dos pesquisadores desse país nas conferências do ISUF.

No contexto internacional, a Morfologia Urbana se estabeleceu como campo de estudo em meados do século 20, a partir da contribuição de pesquisadores europeus envolvidos na busca por uma construção metodológica que desse suporte ao estudo da estrutura física e espacial das cidades. Suas bases foram, então, sendo construídas gradualmente. Desenvolveram-se independente e quase simultaneamente as diferentes escolas de pensamento sobre o tema: a francesa, a italiana e a inglesa. Às duas últimas são destinados os principais capítulos do livro em questão (1).

O volume é estruturado em duas partes centrais, além da introdução e das conclusões. É possível que seja derivado da compilação de textos escritos separadamente, já que se nota uma retomada dos temas a cada nova seção, o que compromete a fluidez da leitura. Inicialmente são apresentadas as definições, os conceitos, referências fundamentais e outras colaborações para o estudo da Morfologia Urbana. As partes 1 e 2 correspondem às seções específicas sobre as escolas, nas quais são explicadas suas abordagens, destacando seus principais representantes, bem como as experiências ao longo de suas carreiras e a continuidade dada pelos adeptos de suas teorias. Os métodos são apresentados de maneira detalhada, contendo, inclusive glossários de termos técnicos. Ressalta-se, ainda, uma sincronicidade entre as duas escolas, o que facilita a correlação das contribuições de ambas para a compreensão do campo.

Expostas as bases conceituais das escolas, ao fim dos respectivos capítulos ambos os métodos são aplicados à cidade histórica de Ouro Preto, em Minas Gerais. Trata-se de uma demonstração da compreensão, por parte das autoras, de que há certa flexibilidade das metodologias e possibilidades de aplicá-las em contextos diferenciados dos locais onde foram investigadas anteriormente. Essa constatação é reforçada pela menção às várias publicações no Journal do ISUF, nas quais a aplicação desses procedimentos é também testada em outros diversos países.

Para a análise de Ouro Preto, Costa e Netto recorrem aos trabalhos e informações já documentadas por outros autores sobre a formação e o desenvolvimento da cidade, que facilitam a transposição dos conceitos e elementos metodológicos (2). Esses são apresentados em tópicos detalhados, acompanhados de esquemas, mapas e croquis ilustrativos.

Ainda que se identifique, por vezes, a carência de um posicionamento crítico, o livro não deixa de destacar a necessidade de adaptação de conceitos e de termos mais adequados à realidade brasileira, lembrando que as referências exploradas tratam de cidades europeias, com dimensões menores e que datam de períodos históricos mais distantes. Nesse sentido, é importante ressaltar ainda que a cidade de Ouro Preto, tida como estudo de caso, embora se encontre em contexto distinto daqueles nos quais os métodos se originam, possui mais de trezentos anos, o que parece suficiente para aplicação das análises que envolvem períodos temporais maiores, assim como a noção de período morfológico (da Escola Inglesa). Cabe aos pesquisadores brasileiros interessados nessas metodologias, considerar os cuidados para aplicá-las em cidades mais novas.

No Brasil, conforme se apreende de artigo publicado também por Costa (3), uma das autoras, os estudos de Morfologia Urbana começaram a se estruturar com mais força nos anos 1980, com a abertura de cursos de pós-graduação em algumas escolas de arquitetura, juntamente com o retorno de pesquisadores que trouxeram influências dos cursos de pós-graduação realizados na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos. Nesse sentido, a influência do curso de Desenho Urbano da Universidade Oxford Brookes, contribuiu para a criação de uma nova geração de morfologistas urbanos no Brasil.

Desde então, a Morfologia Urbana como método investigativo tem despertado interesse dos pesquisadores no Brasil em diferentes linhas de pesquisa, dentre as quais identificam-se estudos de aspectos funcionais das cidades, relacionados aos problemas políticos, econômicos e sociais; análises de tecidos urbanos desenvolvidos espontaneamente; e o estudo das novas formas urbanas.

No entanto, são ainda grandes os desafios para a consolidação dessas linhas no Brasil, considerando-se a dimensão e a complexidade da forma de muitas de suas cidades. Talvez essa seja uma das razões da insuficiência de outros estudos aprofundados sobre as metodologias iniciais, das Escolas Italiana e Inglesa, o que pode ter levado à identificação da necessidade de disseminação desses estudos clássicos, na qual se apoia o livro de Costa e Netto.

Por fim, vale salientar que, por meio dos estudos das escolas apresentados e pelo exemplo aplicado, o livro reafirma a compreensão do campo da Morfologia Urbana, não apenas como o estudo da forma urbana por si só, mas relacionado a processos e ações políticas, sociais e econômicas ao longo do tempo, aspectos importantes para a leitura e compreensão da paisagem contemporânea. Uma noção mais clara e abrangente é oferecida, a despeito das discordâncias e debates que ainda envolvem as definições desse campo. Pode-se dizer que os grandes desafios enfrentados no livro são também suas maiores contribuições, sendo ele um passo fundamental para o aprofundamento do tema.

notas

1
Sobre as escolas da Morfologia Urbana, ver: OLIVEIRA, Vítor. Diferentes abordagens em morfologia urbana. Contributos luso-brasileiros. Urban forms <https://vitoroliveira.fe.up.pt>; ROSANELI, Alessandro Filla; SHACH-PINSLY, Dalit. Anne Vernez Moudon. Entrevista, São Paulo, ano 10, n. 040.01, Vitruvius, out. 2009 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/10.040/3397/pt_BR>.

2
Além dessas contribuições, devem ser considerados também os estudos desenvolvidos por Michael P. Conzen sobre a cidade de Ouro Preto.

3
COSTA, Stael de Alvarenga Pereira. O estudo da forma urbana no Brasil. Arquitextos, São Paulo, ano 08, n. 087.05, Vitruvius, ago. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.087/220>.

sobre a autora

Isadora Banducci Amizo é arquiteta e urbanista (UFMS, 2011), mestre e doutoranda em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU FAU UnB). Atualmente é professora dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Design de Interiores na UNIP – Campus Brasília. Integrante do Laboratório de Estudos da Urbe (Labeurbe-FAU-UnB), e do grupo de pesquisa Paisagem, Projeto e Planejamento (Labeurbe-FAU-UnB).

comments

resenha do livro

Fundamentos de morfologia urbana

Fundamentos de morfologia urbana

Staël de Alvarenga Pereira Costa and Maria Manoela Gimmler Netto

2017

233.02
abstracts
how to quote

languages

original: português

share

233

233.01 livro

Novas interpretações sobre a Renascença italiana na arquitetura do século 19

Historiografia e difusão de representações

Heliana Angotti-Salgueiro

233.03 filme

Cidades do fim estendido

Notas sobre Cidades Fantasmas, de Tyrell Spencer

Rafael Baldam

233.04 série tv

Cenografia e design de interiores

Cruzando referências de O Gambito da Rainha com elementos da história do design

João Paulo Campos Peixoto

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided